Os autores não acreditam que o trabalho
em equipe com grupos grandes, como acontece em muitos projetos, possa funcionar
bem e de forma eficiente. “Pense no Solista como um primeiro violino de
orquestra. Ele toca os solos da orquestra que foram escritos para seu
instrumento, estabelecendo o estilo e o tom para sua seção, e a lidera ao
estabelecer padrões elevados de beleza, exatidão e confiabilidade rítmica. Ou
seja, o Solista se encaixa sem atrito num grupo, tocando com destreza nesse
grupo, ao mesmo tempo em que, muitas vezes, conduz ou acompanha outros
participantes. Ao lado disso, quando é momento de se apresentar sozinho, o
Solista se supera, levando o Conjunto a novos níveis, enquanto demonstra
habilidades e talentos inspiradores”.
Os autores vão ainda mais longe:
“O Solista busca um plano mais elevado. Adaptando-se aos tipos de gente que
todos odiamos, está mais capacitado a lidar com o festival de pepinos da semana
– o boçal vizinho da baia, o cliente insuportável, o chefe enlouquecedor. Os
Solistas reconhecem duas classes de pessoas: as que eles odeiam e as que eles
conseguem aturar, apreciar e amar”.
Sem a menor cerimônia e com
bastante arrogância, os autores definem os seis princípios do Solista, que são
os seguintes:
·
Separação do grupo não é rejeição ao grupo;
·
O sucesso nem sempre traz popularidade;
·
A mudança é fácil; o que dói é a expectativa de
mudança;
·
O gênio não bate relógio de ponto;
·
Eu tenho importância.
Bem, acho que já deu para
perceber onde os senhores Littman e Hershon desejam chegar, criando uma
categoria especial de pessoas superiores. Exagero ou não, os autores acreditam
que os tais Solistas são muito importantes para todos os tipos de organização,
uma vez que são eles que fazem a diferença.
A ideia do Solista trabalhando
com seu Conjunto, encontrando o seu equilíbrio e as pessoas que fazem o
trabalho valer a pena, está em contraposição com a imagem do Solista tendo que
aturar todas as outras pessoas na organização (os não talentosos, improdutivos,
chatos de galocha, e outros adjetivos desqualificadores) que os autores afirmam
que o Solista odeia. E parece que, segundo os senhores Littman e Hershon, as
organizações estão cheias desse "tipo de gente". Esses tais odiados são chamados de
“Os Dez Indesejáveis”, gente que os Solistas precisam aprender a identificar e,
principalmente, neutralizar. Vamos, a seguir, apresentar as características
principais de cada um deles:
O Sinal Fechado – aquele que se mostra contrário a uma ideia
promissora e falha no seu julgamento. A pessoa que sempre diz que não podemos
fazer certa coisa. O fundador da DEC (Digital Equipment Corporation) que
anunciou em 1977 que “não há razão para alguém querer computador em casa”, ou o
professor da Universidade de Yale, que preveniu o fundador da Federal Express
que “o desenvolvimento de um serviço de entrega expressa não parecia viável”,
são exemplos clássicos de pessoas do tipo Sinal Fechado.
O Oportunista – nas palavras dos autores, o Oportunista é aquele
cheio de malandragem, que conta uma história para envolver alguém (de
preferência um Solista) nos planos dele. “Tem um projeto que precisa que alguém
execute; coisa fácil, ele garante; só é preciso ir a algumas reuniões com o
cliente. Como você sabe que está lidando com um Oportunista? Ele quer que você
assuma o compromisso. Que antecipe o prazo de entrega. Que dobre o conjunto de
características. Que ofereça uma extensão dos serviços. E não fornece detalhes.
Por quê? Porque tem muitas características em comum com seu primo criminoso, o
estelionatário – mas a moeda que usa é o tempo e a produtividade dos outros”.
O Trator – são aqueles indivíduos que no ambiente de trabalho
costumam pisotear as pessoas. Muitos se enquadram no grupo considerado como
autores de assédio moral no trabalho. Um Trator é alguém que critica
agressivamente as ideias de outra pessoa.
Nem sempre é possível minimizar as interações com um Trator, especialmente
se ele está em uma posição de chefia. Os Tratores precisam ser enfrentados e,
geralmente, as coisas pioram antes de melhorarem.
O Sorridente – são pessoas muito perigosas, devido ao seu
comportamento mais sutil. Muitas vezes
quando no local de trabalho um indivíduo se aproximar com um sorriso aberto no
rosto, é muito provável que ele traga escondida na manga uma surpresa
desagradável. Como o Sorridente sorri praticamente o tempo todo, ninguém
imagina o que ele está pensando. Num sorriso autêntico as sobrancelhas e a pele
entre a pálpebra e a sobrancelha se abaixam ligeiramente. Se isso não
acontecer, muito cuidado: pode ser um sorriso falso.
O Completo Mentiroso – estudos apontam que no ambiente de trabalho
as pessoas mentem em relação a resultados, desempenho, conquistas, valores e
motivos. Uma das razões pelas quais o local de trabalho cria Completos
Mentirosos é a facilidade que oferece à montagem de pequenas mentiras. Alguns
exemplos: “- Eu nunca recebi o e-mail”
(mentira, ele recebeu e está negando agora) ou “- Você não recebeu minha
mensagem no correio de voz? (mentira, ele nunca enviou tal mensagem). O
Completo Mentiroso quer se livrar da responsabilidade. Se as pessoas não se
cuidarem para neutralizar os Completos Mentirosos, eles continuarão fazendo seu
número de hipocrisia até a hora de sair porta afora e desaparecer, sem nunca
ter sido responsabilizados.
O Punhal – é traiçoeiro, e seus movimentos são difíceis de prever.
Você talvez o julgue um amigo, mas acaba descobrindo que alguma coisa o fez
voltar-se contra você. O Punhal pode lhe danificar a imagem, a reputação ou o
ego. A lâmina pode ser introduzida sutilmente, ao longo de semanas ou meses, ou
enfiada abruptamente, movida por uma súbita raiva ou em reação ao que ele
percebeu como uma desfeita. A única certeza é que o ataque é imprevisível. É
necessário identificar o Punhal e o que fazer a respeito antes que ele ataque.
Um sujeito que fala mal dos outros colegas para você e de você para os outros
colegas, na sua ausência, é um Punhal típico.
O Homem-minuto – é aquela pessoa com perguntas intermináveis. Ele é
extremamente perigoso, porque pega você antes que você perceba. É um
especialista em arrancar fatias cada vez maiores de seu tempo. Tudo que deseja
é um minuto de seu tempo. E mais um minuto ... e depois mais um minuto ... e se
você não se cuidar, vai acabar sem ter um minuto de sobra para si mesmo.
O Não-sabe-nada – são pessoas que, geralmente, possuem um monte de
fatos, de números e de conhecimento obscuro, na maior parte totalmente
equivocado. São os fanfarrões do escritório. Sendo mal preparados para
distinguir o certo do errado, para filtrar o bom do ruim, no meio da enorme
quantidade de informação obtida através da Internet, os Não-sabe-nada acabam
recheando suas cabeças de bobagens.
O
Planilha – são os indivíduos fanáticos por regulamentos. Eles corrompem o
mundo inteiro com seu sentido exagerado do regulamento, ao mesmo tempo
removendo toda a graça e energia de qualquer empreendimento. Um exemplo: “- São
aquelas pessoas que controlam cada passo do trabalho até matar você de tédio”.
O Carneiro – o pensamento dos Carneiros é uniforme; eles se movem e
resistem do mesmo jeito. Sentem-se cômodos em sua mentalidade de rebanho. O
Solista pensa diferente, além de ser, com frequência, seu próprio líder. Todavia,
o Solista não pode deixar o Carneiro sumariamente para lá. Se o Solista não se
entender bem com os Carneiros, poderá ser pisoteado por eles, em seu esforço de
manter suas próprias rotinas. O Carneiro pode até ser capaz de pensar por si
mesmo, mas a rotina diária, o trabalho duro do dia-a-dia acabam por derrotá-lo.
O Carneiro prefere manter o curso e caminhar por rotas previamente definidas.
E, obviamente, os Carneiros não gostam de mudanças.
Quando procurar identificar os perfis traçados
nos Dez Indesejáveis na sua empresa, poderá descobrir que entre as piores
ameaças estão os polivalentes – homens e mulheres que combinam dois ou mais
arquétipos. Os autores afirmam que a luta contra os Dez Indesejáveis é um
trabalho para a vida inteira. À medida que o Solista for subindo na hierarquia
da profissão que escolheu, sua habilidade em confrontar os arquétipos o ajudará
a reduzir a contrariedade e aumentar as oportunidades de se tornar uma pessoa
mais independente e criativa – “a essência da filosofia de Ódio às Pessoas”. O
livro sugere e recomenda várias técnicas para lidar com os Dez Indesejáveis e
talvez, essa seja uma boa razão para a sua leitura.
Referência: LITTMAN J. e HERSHON
M. Odeio Gente! Rio de Janeiro: Best Seller, 2012.
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