domingo, 28 de outubro de 2012

Horizon Report terá versão brasileira até o final do ano

Um dos principais estudos mundiais sobre o uso de tecnologias na educação, o Horizon Report ganhará uma versão brasileira até o final do ano. Um time de especialistas das mais diversas áreas –como EAD (educação à distância), games, entre outras- vem trabalhando de forma colaborativa desde agosto, com a previsão de lançar a versão nacional do Horizon Report em 21 de novembro. O relatório mapeia o uso de tecnologias na educação na atualidade e em um horizonte de até cinco anos a partir de sua publicação, apresentando um diagnóstico para o período. Em outras palavras, o educador vai encontrar nele tendências que podem ter impacto no ensino nos próximos anos, levantadas coletivamente por especialistas. A primeira versão nacional chega através de uma parceria entre a NMC (The New Medium Consortium, organização que edita o relatório original) e a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro). “Sentimos falta de um estudo brasileiro que demonstrasse a evolução das tecnologias e sua aplicação nas salas de aula e que pudesse ser comparável com resultados mundiais”, afirma Bruno Gomes, assessor de Tecnologias Educacionais do Sistema Firjan e um dos responsáveis pela parceria. Realidade brasileira Uma das colaboradoras do relatório é Cristiana Assumpção, especialista no uso de tecnologias na educação que já participou de seminários e pesquisas do Horizon Report internacional em anos anteriores. “Foi muito positivo para nossa comunidade de pesquisadores trabalhar de forma colaborativa”, afirma. Entre as tecnologias levantadas no estudo, Cristiana chama atenção para a relevância do uso de vídeos em sala de aula no Brasil, pouco mencionada nos relatórios internacionais e muito louvada pelos pesquisadores locais. Além das videoaulas, a questão da telefonia móvel também apareceu. “Na minha opinião, ela vai mudar a educação e está entrando com muita força nas escolas”, defende Cristiana. ”’O Brasil é muito diverso. Em cinco anos, escolas particulares estarão em um nível diferente das públicas” João Mattar João Mattar, outro participante das investigações, aponta que o relatório reuniu pesquisadores de alto nível sobre o tema no Brasil. “As pessoas que participaram são representativas na visão do uso de tecnologias na educação no Brasil”, afirma ele, que ressalta a questão da formação do docente como outro destaque do relatório: “Mais de um pesquisador apontou, em mais de um momento, que para aquela tecnologia em questão funcionar é preciso formar professores. A mensagem geral do relatório é esta: não adianta jogar o computador na mão do professor e esperar que ele se vire”. Na opinião de Cristiana, também chama atenção no relatório o levantamento de iniciativas pioneiras no Brasil e no mundo, na etapa de investigação. “Fizemos um verdadeiro banco de dados de projetos que utilizam as tecnologias em algum nível na educação e as melhores poderão entrar no relatório”, explica. Método de investigação O Horizon Report vem sendo construído em um ambiente wiki onde diversos especialistas e professores possam levantar tecnologias e iniciativas, debatê-las e avaliar a sua efetividade e sua absorção nas salas de aula no presente e em um futuro próximo. Cristiana conta que, a partir destas fases de levantamento, os especialistas votam nas tecnologias que eles consideram mais relevantes. A partir daí, a lista vai ficando menor, até que se estabelece a relação de tecnologias e métodos que vão ganhar destaque no diagnóstico. Bruno Gomes afirma que este processo pode, ainda, contribuir para o desenvolvimento de novos estudiosos sobre o assunto. “Existem poucos profissionais altamente qualificados neste tema no Brasil. Certamente com a publicação do relatório, teremos uma abertura maior para discussão e incentivaremos novos educadores a refletir e aplicar as tecnologias no ambiente educacional”, acredita. João Mattar, no entanto, se colocou mais cético a respeito do processo, que questiona as tecnologias que mais podem mudar a educação no Brasil. Para ele, os problemas de infraestrutura das escolas públicas no país são uma questão à parte que deveria ser considerada na elaboração do relatório. “O Brasil é muito diverso. Em cinco anos, escolas particulares estarão em um nível diferente das públicas”, pontua. Site de Origem: www.institutoclaro.org.br