segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

A Tendência de Maior Proximidade entre Projetos e Estratégia

Com as transformações que enfrentamos em todos os setores de nossa vida, algumas tendências no gerenciamento de projetos estão se consolidando.


Tais tendências são as seguintes: a escolha de abordagens híbridas de gerenciamento de projetos, o impacto da Inteligência Artificial e “Data Analytics”, o gerenciamento de projetos como agente de mudanças, o uso cada vez maior de equipes remotas, maior ênfase nas “soft skills” e maior proximidade entre projetos e estratégia.

Nesse post vamos abordar a tendência de uma maior proximidade entre projetos e estratégia.

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Tradicionalmente, o gerenciamento de projetos é uma ferramenta organizacional usada para trabalhar e atingir metas distintas, que podem incluir o lançamento de um único produto ou serviço ou a busca de um determinado resultado. Nesse sentido, um projeto é um esforço temporário com início e fim finitos, e a função do gerente de projeto é conduzir o projeto até a sua conclusão.

Nos últimos anos, no entanto, a função do gerenciamento de projetos em muitas organizações começou a se expandir. O gerenciamento de projetos é mais do que apenas uma ferramenta para realizar objetivos distintos; a estrutura agora também está sendo aplicada a estratégias e iniciativas mais amplas.

Harold Kerzner, um dos maiores autores na área do gerenciamento de projetos, em seu livro “Project Management: A Systems Approach to Planning, Scheduling, and Controlling” (Gerenciamento de Projetos: Uma Abordagem de Sistemas para Planejamento, Programação e Controle), publicado em 2013, afirma que o gerenciamento de projetos é visto como um elemento vital para as empresas atingirem seus objetivos estratégicos.

Será que conseguimos executar a estratégia da organização dentro dos projetos ou através dos mesmos? A resposta é sim. Essa é a tendência que estamos destacando nesse texto. O foco no gerenciamento de programas e portfólio é um importante mecanismo para executarmos e gerenciarmos a estratégia em uma organização.

Nesse contexto, foi cunhado o termo Strategic Project Management (SPM) ou Gerenciamento de Projetos Estratégico, para definir o processo de pensar sobre os projetos à luz de sua conexão com o plano estratégico. Em outras palavras, o SPM trata da formação de vínculos claros entre os projetos e os objetivos estratégicos de uma organização.

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“O gerenciamento de projetos está sendo cada vez mais usado para impulsionar a estratégia e o sucesso das organizações e foi além da simples entrega de resultados”. Fonte: Project Management Global Outlook, 2019, KPMG, AIPM e IPMA.

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Mas nem tudo são flores. Embora essa seja uma tendência percebida nas pesquisas de muitas empresas de consultoria e instituições de profissionais em gerenciamento de projetos, isso não significa que o gerenciamento estratégico de projetos tenha sido amplamente adotado e que tudo funcione de forma clara e perfeita. Por conta disso, e criando uma imagem para traduzir a situação presente, pode-se dizer que existe muita água para rolar por debaixo dessa ponte.

Segundo o relatório “The State of Project Management 2020”, da PM College, também baseado em uma pesquisa, menos de 32% das organizações estão engajadas com o gerenciamento estratégico de projetos. Embora pareça pequeno, esse número tem crescido ano após ano. O citado relatório aponta que não identificou práticas de SPM que sejam usadas pela maioria das organizações, embora os relatórios do progresso do projeto estratégico para as principais partes interessadas tenham sido mencionados.

Por seu turno, o IPMA (International Project Management Association) elaborou em parceria com a PwC (empresa de consultoria PricewaterhouseCoopers) uma pesquisa chamada Artificial Intelligence Impact in Project Management, de outubro/2020, abrangendo mais de 276 mil pessoas em 157 países. Um dos resultados dessa pesquisa mostrou o seguinte:

  • 59% dos entrevistados afirmou que suas organizações tinham PMO (estrutura para gerenciamento de projetos, programas e portfólio), e que;
  • 62% dos PMOs tinham relacionamento com a estratégia das organizações.

Para os gerentes de projeto que desejam colocar suas habilidades a serviço da execução da estratégia de suas organizações, vale muito e é essencial refletir sobre a relação dessas estratégias com o gerenciamento de projetos, de programas e portfólio. Isso permitirá que o gerente de projetos compreenda como os projetos individuais se relacionam entre si e com os objetivos estratégicos abrangentes. Tudo isso pode funcionar muito bem para auxiliar o gerente de projetos a tomar decisões mais inteligentes para o avanço da sua organização.

(*) Para seguidores do blog: Se desejar receber uma copia de algum relatório citado nesse artigo, basta enviar um e-mail para h12sblog@gmail.com

Bem, é isso aí, até a próxima!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

A Tendência da Enfase nos “Soft Skills”

Com as transformações que enfrentamos em todos os setores de nossa vida, algumas tendências no gerenciamento de projetos estão se consolidando.


Tais tendências são as seguintes: a escolha de abordagens híbridas de gerenciamento de projetos, o impacto da Inteligência Artificial e “Data Analytics”, o gerenciamento de projetos como agente de mudanças, o uso cada vez maior de equipes remotas, maior ênfase nas “soft skills” e maior proximidade entre projetos e estratégia.

Nesse post vamos abordar a tendência da enfase nos “soft skills”.

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Os gerentes de projeto precisam de certo nível de habilidades analíticas e organizacionais para serem eficazes em suas funções, mas o trabalho de um gerente de projeto não termina com a conclusão do escopo do projeto, com os documentos orçamentários e outros tipos de relatórios.

No centro de seu trabalho está a compreensão das pessoas e como gerenciá-las de forma a produzir os melhores resultados. Por esse motivo, possuir um conjunto eficaz de “soft skills” pode ser tão importante quanto possuir as habilidades técnicas básicas que são tipicamente associadas à disciplina.

Voltando no tempo alguns anos, logo no prefácio do relatório "The Future of Jobs" (O Futuro dos Empregos) do ano de 2016, do Fórum Econômico Mundial (“World Economic Forum”), encontramos a afirmação de que “estamos no início de uma Quarta Revolução Industrial. Desenvolvimentos em genética, inteligência artificial, robótica, nanotecnologia, impressão 3D e biotecnologia, para citar apenas alguns, estão todos construindo e ampliando uns aos outros. Isso lançará as bases para uma revolução mais abrangente do que qualquer coisa que nós já vimos. Sistemas inteligentes - casas, fábricas, fazendas, redes ou cidades - ajudarão a resolver problemas que vão desde a gestão da cadeia de suprimentos às mudanças climáticas”. Sim, de lá para cá, tudo isso tem se confirmado.

O mesmo relatório também afirma que, do ponto de vista das habilidades necessárias para se trabalhar, junto com o conhecimento técnico relacionado as habilidades e qualificações formais pertencentes a cada área específica de atuação (“hard skills”) serão necessárias habilidades relacionadas a prática do trabalho (“soft skills”) como, por exemplo, criatividade, comunicação, liderança, negociação, gestão de conflitos, colaboração e resolução de problemas. O mencionado relatório afirma que as “soft skills” são as habilidades mais procuradas pelos empregadores em novas contratações e que isso iria aumentar com o tempo.

Mais recentemente, o relatório "Pulse of the Profession 2020" do PMI (Project Management Institute) confirmou que a maioria das organizações está colocando uma ênfase quase igual nas habilidades de liderança e nas habilidades técnicas.

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Os dados do relatório "Pulse of the Profession 2020" mostram que as organizações estão dando alta prioridade aos seguintes aspectos do desenvolvimento de talentos em apoio a projetos de sucesso: habilidades técnicas (68%), liderança (65%), habilidades de negócios (58%) e habilidades digitais (50%).

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Ainda confirmando essa tendência, não podemos deixar de mencionar o documento “Projecting the Future” (Projetando o Futuro), da APM (Association for Project Management), que estabelece que:

“As habilidades técnicas e capacidades de gestão - embora ainda sejam importantes - serão cada vez mais substituídas por amplos conjuntos de habilidades que incluem liderança transformacional, design organizacional, liderança digital, comunicações, governança sobmedida e habilidades de revisão”.

E o texto continua afirmando que:

“ ... à medida que a projetificação do trabalho continua, haverá uma grande necessidade de profissionais de projeto para colaborar – e fornecer liderança para - colegas de diversas origens profissionais”.

Há inúmeros artigos que podem confirmar a tendência da ênfase nas “soft skills” no campo do gerenciamento de projetos. Essa, de fato, não é uma grande novidade, embora eu considere apropriado o seu devido registro. Vale ainda lembrar que dentro das habilidades do grupo das “soft skills”, a liderança surge em primeiríssimo lugar.

Para concluir esse tópico eu gostaria de dizer que os gerentes de projeto eficazes devem estar atentos e ser capazes de prever as necessidades de sua equipe, entender suas expectativas e motivações e identificar e remover obstáculos antes que afetem o andamento de um projeto. 

Bem, é isso aí, até a próxima. 

sábado, 16 de janeiro de 2021

A Tendência de Uso Cada Vez Maior de Equipes Remotas

Com as transformações que enfrentamos em todos os setores de nossa vida, algumas tendências no gerenciamento de projetos estão se consolidando.



Tais tendências são as seguintes: a escolha de abordagens híbridas de gerenciamento de projetos, o impacto da Inteligência Artificial e “Data Analytics”, o gerenciamento de projetos como agente de mudanças, o uso cada vez maior de equipes remotas, maior ênfase nas “soft skills” e maior proximidade entre projetos e estratégia.

Nesse post vamos abordar a tendência do uso cada vez maior de equipes remotas.

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O gerenciamento de projetos, como outros setores, não está mais estritamente limitado às fronteiras de um escritório típico. Devido a uma série de fatores - incluindo maior conectividade, mudanças nos valores corporativos e a ascensão da economia gig - as equipes digitais e remotas são muito comuns hoje em dia, mais do que foram em outros tempos relativamente recentes.

Dentro da chamada economia gig as pessoas, geralmente, trabalham por meio de contratos independentes e de curto prazo. Em outras palavras, o vínculo empregatício é mais frouxo e vantajoso do ponto de vista do empregador. Os contratos dos gigs estão em direta oposição aos contratos de trabalho usados para os cargos regulares de tempo integral. Nos EUA e no Reino Unido, por exemplo, já existia legislação que suportava essa relação de trabalho, e no Brasil isso aconteceu com a recente reforma trabalhista. Tudo isso mostra como vivemos em tempos muito duros e cheios de desafios.

As organizações precisam se modernizar para sobreviver e crescer e os projetos de transformação digital têm um papel relevante e fundamental nesse processo. Nesse cenário, o PMI (Project Management Institute) fala da “Project Economy” (Economia de Projeto), na qual o gerenciamento de projeto não é algo temporário ou descartável, mas uma ferramenta capaz de fortalecer as organizações e empoderar indivíduos a transformarem ideias em realidade.  No material divulgado pelo PMI é possível encontrar a seguinte afirmação: “A nova identidade visual do PMI carrega uma linguagem através de símbolos que representam as qualidades necessárias para se fazer parte da Project Economy: colaboração, determinação, mudança, inovação, trabalho em equipe, resultados, crescimento, visão e comunidade.

Todavia, embora se afirme e reafirme a importância da função de gerente de projetos dentro das organizações, pesquisas apontam que as empresas – em aparente contradição - dão preferência por contratar esses profissionais em regime temporário.

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41% dos executivos brasileiros disseram que vão aumentar o quadro de trabalhadores por projetos nos próximos meses.

Fonte: Guia Salarial 2021 da Robert Half.

Contratar alguém “por projeto” significa que esse colaborador não será contratado em regime de tempo integral. Para mais detalhes acesse o artigo Comentários sobre o Guia Salarial 2021 Robert Half.

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Isso não quer dizer que todos os gerentes de projeto serão, à partir de agora, contratados “por projeto”, mas tal fenômeno já vem ocorrendo em muitas empresas, como reforça o mencionado Guia Salarial 2021 Robert Half. A frase abaixo, que justifica esse tipo de contratação, mostra como os empregadores pensam a esse respeito:

“Seja para realizarem tarefas pontuais, mas urgentes, ou para substituírem funções estratégicas para as quais as empresas não podem – ou não necessitam – recrutar imediatamente em contratos permanentes, os profissionais especializados para projetos – de analistas e gerentes – estão em alta demanda neste contexto de reorganização dos negócios e retomada”.

Importante notar que mesmo com a alta demanda, a preferência é ainda pela contratação na modalidade “por projeto”. Algumas das vantagens para os empregadores desse tipo de contratação incluem, por exemplo, contar com profissionais especializados para projetos pontuais, que agregam conhecimento ao time, manter a agilidade e a produtividade em períodos desafiadores e aumentar a flexibilidade da área, sem afetar a rotina do pessoal em tempo integral.

Em seguida, o Guia Salarial 2021 Robert Half apresenta uma lista de cargos que podem ser contratadas na modalidade “por projeto” e, logo no início, aparece a posição de Scrum Master. 

Além das contratações “por projeto”, há um crescimento significativo das contratações de pessoal na modalidade do teletrabalho ou trabalho remoto.

Embora o trabalho remoto já estivesse crescendo, a pandemia do Coronavirus (COVID-19) forçou uma mudança sem precedentes. Em um esforço para proteger as pessoas e desacelerar a propagação do vírus, organizações em todo o planeta adotaram novas políticas de trabalho em casa que favorecem a comunicação digital através das redes.

Estima-se, nesse início de 2021, que aproximadamente metade dos trabalhadores dos EUA estão agora trabalhando à distância e que essa tendência provavelmente continuará mesmo depois que a pandemia diminuir, o que representará desafios únicos para os gerentes de projeto.

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62% dos executivos aprovam o trabalho remoto e tiveram experiência positiva durante a pandemia.

74% dos empregadores apoiam contar com uma equipe de trabalho híbrida (parte home office e parte no escritório).

Fonte: Guia Salarial 2021 da Robert Half.

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Considerando alguns desses desafios únicos podemos fazer a seguinte reflexão: Algumas funções de negócios são realizadas mais facilmente quando todos os membros de uma equipe de projeto estão localizados no mesmo local. Aspectos importantes como colaboração espontânea, formação de equipes, alinhamento de projetos e outras tarefas de gerenciamento de projetos são simplesmente mais facilmente gerenciáveis ​​quando todos os membros da equipe estão próximos uns dos outros. No entanto, esse desafio não significa que equipes digitais ou remotas sejam inerentemente contraproducentes. O trabalho remoto oferece muitos benefícios, incluindo maior flexibilidade, o que pode ajudar uma organização a atrair e reter os melhores talentos. E, como indicam estudos recentes, o trabalho remoto traz o sempre desejado benefício da redução de custos para as empresas.

Nesse ponto, não poderíamos deixar de mencionar o lançamento de vários softwares de controle do trabalho remoto que podem fornecer aos empregadores formas de gerenciar seus funcionários trabalhando remotamente. Tais softwares são usados como ferramentas de manutenção da produtividade da equipe e tem funcionalidades dedicadas ao acesso remoto, a comunicação em tempo real, ao monitoramento de equipes, a colaboração e ao gerenciamento de projetos. Com a adoção desses softwares o empregador poderá avaliar o engajamento de um colaborador ou, em outras palavras, verificar se o que o colaborador faz durante o período de trabalho está relacionado ao trabalho propriamente dito ou a outros assuntos. Existem ferramentas de controle do trabalho remoto que permitem o rastreamento do uso do teclado e do mouse do computador do colaborador em trabalho remoto, podendo verificar que aplicativos estão sendo acessados durante o horário de trabalho. Isso cria um sistema de implacável vigilância da empresa sobre cada um de seus colaboradores em trabalho remoto.

 

 

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“... with Hubstaff’s employee monitoring software.

  • See work in progress with optional screenshots
  • Track app and URL activity
  • Capture activity levels based on keyboard and mouse usage
  • Easily export timesheets and reports
  • Runs on Windows, Mac, Linux, and Chromebook

 

[“... com o software de monitoramento de funcionários da Hubstaff.

  • Veja o trabalho em andamento com capturas de tela opcionais
  • Rastreie atividades de aplicativos e URLs
  • Capture níveis de atividade com base no uso do teclado e do mouse
  • Exporte facilmente planilhas de horas e relatórios
  • Funciona em Windows, Mac, Linux e Chromebook ]

 

Fonte: Hubstaff – Time Tracking software.

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A vigilância de trabalhadores remotos não é uma novidade. Estudos publicados em 2018 sugerem que essa vigilância pode aumentar o estresse no local de trabalho, promover a alienação do trabalhador, diminuir a satisfação no trabalho e transmitir a percepção de que a quantidade de trabalho que se gera é mais importante do que sua qualidade. Em uma análise que recebeu o título "Watching Me Watching You" (Me Observando e Te Observando), os antropólogos britânicos Michael Fischer e Sally Applin concluem que a vigilância no local de trabalho cria "uma cultura onde ... as pessoas alteram com mais frequência seu comportamento para se adequar às máquinas e trabalhar com elas, e não o contrário. Em outras palavras, a vigilância constante dos funcionários diminui sua capacidade de operar como pensadores e atores independentes. Para mais detalhes acesse o artigo The Employer-Surveillance State, de Ellen R. Shell, publicado em outubro de 2018.

 

Como dissemos, o aumento do trabalho remoto tende a continuar mesmo depois que a crise global de saúde diminuir. Por conta disso, os gerentes de projeto devem encontrar maneiras de reduzir o atrito ou ineficiências que possam surgir.

Embora as empresas tenham a tendência a não abrir mão de seu rígido controle sobre seus funcionários e isso se materializa no uso cada vez maior dos softwares de controle do trabalho remoto, a comunicação clara e aberta sempre será uma estratégia-chave para um gerenciamento de projetos eficaz, e se tornará ainda mais relevante à medida que essa tendência continuar a evoluir. Bem, é isso aí, até a próxima. 

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

A Tendência do Gerenciamento de Projetos como Agente de Mudanças

 

Com as transformações que enfrentamos em todos os setores de nossa vida, algumas tendências no gerenciamento de projetos estão se consolidando.

 



Tais tendências são as seguintes: a escolha de abordagens híbridas de gerenciamento de projetos, o impacto da Inteligência Artificial e “Data Analytics”, o gerenciamento de projetos como agente de mudanças, o uso cada vez maior de equipes remotas, maior ênfase nas “soft skills” e maior proximidade entre projetos e estratégia.

Nesse post vamos abordar a tendência do gerenciamento de projetos como agente de mudanças.

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Enquanto cerca de metade (49%) das organizações dizem que a resistência a mudança é um dos seus maiores desafios, apenas cerca de um terço (34%) oferecem qualquer treinamento em gestão de mudança. Fonte: The State of Project Management 2020, Trends and Practices for a New Decade, Project Management Solutions Inc., 2020.

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A cada ano, uma organização pode passar por dezenas - até centenas - de mudanças organizacionais. Isso pode variar de pequenos ajustes de processos internos a revisões totais de produtos, serviços, cadeia de suprimentos, estratégia ou estrutura de uma empresa. Embora isso sempre tenha sido verdade, o surgimento do novo coronavírus forçou muitas organizações a adotar iniciativas de mudança substanciais enquanto também concluíam projetos existentes.

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“Change management is an increasingly important skill and knowledge area for project management” (O gerenciamento de mudanças é uma habilidade e uma área de conhecimento cada vez mais importante para o gerenciamento de projetos). Fonte: IPMA-KPMG, Project Management Survey, 2019.

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Os gerentes de projeto, cada vez com maior frequência, gerenciam não apenas seus próprios projetos, mas também as iniciativas de mudança da organização. O gerente de projetos atua como um agente de mudanças.

Conforme mostrado na Pesquisa de Gerenciamento de Projetos mais recente conduzida pela IPMA (International Project Management Association), 63% das organizações conduzem projetos que incluem pelo menos alguma forma de gerenciamento de mudança. O mesmo relatório indica que apenas 30% dessas organizações acreditam que seus recursos de gerenciamento de mudança são “muito” ou “extremamente” eficazes.

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“The future of project management is as a connected facilitator of change and return on investment. This will require greater emphasys on aligning organization change management capability with project delivery capability” (O futuro do gerenciamento de projetos é como um facilitador conectado de mudanças e retorno sobre o investimento. Isso exigirá maior ênfase no alinhamento da capacidade de gerenciamento de mudanças da organização com a capacidade de entrega do projeto). Fonte: IPMA-KPMG, Project Management Survey, 2019.

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Você pode estar se perguntando: O que um gerente de projeto deve fazer? Felizmente, existem etapas que você – gerente de projetos - pode seguir para gerenciar melhor seus projetos, mesmo em tempos de mudanças organizacionais substanciais. Você pode, por exemplo, desenvolver um plano de gerenciamento de mudanças como parte de seu plano de projeto abrangente, que descreve as etapas e protocolos que sua equipe seguirá.

Encontre dicas sobre gerenciamento de mudanças em projetos no artigo Gerente de Projeto: Um Agente de Mudança, com referência ao HCMBOK.

 

A gestão de mudanças também é abordada de forma complementar ao gerenciamento de projetos no HCMBOK, ou Human Change Management Body of Knowledge (Corpo de Conhecimento do Gerenciamento de Mudanças Humanas), considerado um guia da gestão de mudanças organizacionais em projetos. O HCMBOK apresenta um método que pode ser aplicado em várias metodologias de projetos (Waterfall, PMBOK, Prince 2, Scrum) e cuja adaptação depende do tipo de projeto que está sendo executado. O HCMBOK é um guia emitido pelo HUCMI (Human Change Management Institute).

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Quando pensamos na transformação digital a gestão de mudança é ainda mais crítica. A transformação digital não trata apenas da digitalização de processos existentes ou de colocar tais processos na nuvem. Essa transformação requer a reestruturação de produtos e serviços de uma empresa em torno dos recursos digitais existentes. Por sua vez, os gerentes de projeto são recursos muito importantes durante um processo de transformação digital, uma vez que essa transformação requer uma mudança cultural e de capacidade para se adaptar às mudanças nas condições do mercado e às novas tecnologias.

Você também pode achar benéfico fazer uma pequena mudança e tornar-se mais flexível em sua abordagem de gerenciamento de projetos, talvez adotando uma metodologia híbrida de gerenciamento de projetos, seguindo outra tendência de 2021. Eu acho que refletir sobre tudo isso é bastante válido. Vamos seguir acompanhando e discutindo esses assuntos. Deixe seu comentário. É isso aí, até a próxima.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

O Impacto da IA e Data Analytics na Gestão de Projetos

 

Com as transformações que enfrentamos em todos os setores de nossa vida, algumas tendências no gerenciamento de projetos estão se consolidando.


Fonte: Greengard, S. Datamation.com, 2019. Disponível em https://www.datamation.com/artificial-intelligence/what-is-artificial-intelligence.html

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Tais tendências são as seguintes: a escolha de abordagens híbridas de gerenciamento de projetos, o impacto da Inteligência Artificial e “Data Analytics”, o gerenciamento de projetos como agente de mudanças, uso cada vez maior de equipes remotas, maior ênfase nas “soft skills” e maior proximidade entre projetos e estratégia.

Nesse post vamos abordar o impacto da Inteligência Artificial e “Data Analytics” na gestão de projetos.

-------- Dados Recentes mostram o seguinte: --------

54,92% dos entrevistados declararam que trabalham em organizações que usam IA em projetos;

Tipos de uso da IA em gerenciamento de projetos: Ferramentas analíticas de predição, assistentes digitais (chatbots), RPA (Robotic Process Automation) e ferramentas de gerenciamento de projetos especializadas e aumentadas com as capacidades da IA;

A principal barreira de adoção (para 70%) da IA nas organizações é o entendimento / conhecimento limitado das tecnologias de Inteligência Artificial;

85% das empresas adotam o “on the job training” (treinamento no trabalho) para desenvolver competências e habilidades de IA para seus profissionais de gerenciamento de projetos;

Em termos de benefícios esperados para a adoção de tecnologias de IA no projeto estão o aumento da produtividade, mais velocidade e acertividade na tomada de decisões e melhor desempenho dentro da prática de gerenciamento de projetos.

(Fonte: Artificial Intelligence impact in Project Management, PwC, October/2020).

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Como acontece com praticamente todos os outros setores, o gerenciamento de projetos está sendo impactado pelo surgimento da inteligência artificial (IA), do aprendizado de máquina (“machine learning”) e da proliferação da coleta e análise de dados.

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A inteligência artificial é a capacidade de dispositivos eletrônicos de funcionar de uma maneira que lembra o pensamento humano. Isso implica em perceber variáveis, tomar decisões e resolver problemas.

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Ainda é difícil prever exatamente como será o impacto das novíssimas tecnologias no gerenciamento de projetos. No entanto, a maioria dos especialistas concorda que algum grau de disrupção é inevitável, um fato que a APM (Association for Project Management – Associação para o Gerenciamento de Projetos) discute longamente em seu relatório “Projecting the Future” (Projetando o Futuro).

De acordo com o relatório “Projecting the Future”, enfrentamos mudanças rápidas, sem precedentes, que afetam toda a sociedade e a economia, impulsionadas por novíssimas tecnologias como Big Data, inteligência artificial e robótica. Essas mudanças irão remodelar fundamentalmente como vivemos e fazemos negócios, com enormes implicações nas organizações públicas e privadas. Por sua vez, a profissão de gerente de projetos deverá ter um papel fundamental na criação desse futuro. Afinal, os projetos são o caminho que as empresas e os governos têm para entregar resultados.

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A tecnologia disruptiva ou inovação disruptiva é um termo que descreve uma inovação tecnológica, um produto ou um serviço com características que provocam uma ruptura com os padrões, modelos ou tecnologias já estabelecidos no mercado.

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Um dos impactos da inteligência artificial, provavelmente será a automação de muitas tarefas com foco na administração que atualmente cabem aos gerentes de projeto, incluindo a alocação de recursos, o balanceamento de projetos, e as atualizações de cronograma e do orçamento, dentre outras. Mas não é só isso!

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Data Analytics é um processo que é feito por meio de softwares especializados e envolve examinar dados para tirar conclusões úteis para os negócios.

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A gestão de riscos também é algo a ser considerado. É muito comum que uma equipe de projeto desenvolva um registro de risco usando várias entradas no início de um projeto e atualize esse registro à medida que toma conhecimento de novos riscos por meio de conversas com as partes interessadas, observações do trabalho em andamento ou de atrasos no cronograma com base nos impactos na dependência de uma atividade. Isso é comumente usado, mas tem lá suas imperfeições. Geralmente, o registro de riscos é criado por uma equipe com experiência em suas organizações na liderança de projetos semelhantes, de modo que eles (e elas) têm a tendência em usar os riscos inerentes e conhecidos, deixando assim esse registro de risco estagnado, não sendo capaz de capturar novas ameaças ou novas oportunidades ainda não experimentadas.  

Mas, e se uma máquina inteligente pudesse sintetizar dois anos de riscos e registros de problemas para atribuir uma classificação de índice de risco com base em algoritmos sofisticados, aproveitando assim os dados históricos para prever o futuro sucesso ou fracasso de um projeto? E se este robô pudesse avaliar o desempenho de sistemas dependentes para identificar riscos de fim de vida para um projeto ou vulnerabilidades de segurança para o produto que está sendo desenvolvido? Com a introdução da IA, as organizações terão a oportunidade de desfrutar de uma economia significativa de tempo, dinheiro e recursos. É evidente que isso afetará o trabalho dos gerentes de projeto.

A elaboração de estimativas é outro ponto relevante. Muitos gerentes de projeto aproveitam informações históricas de negócios para fazer estimativas de duração, de custos e de andamento de um projeto. Muitas vezes, uma estimativa é feita por um gerente funcional (também chamado de gerente de linha), que decide por um valor menor do que o mais correto se estiver com pressa para que um projeto possa ser acelerado (para que um recurso de sua área alocado no projeto seja logo liberado e volte ao trabalho normal do dia a dia), ou é feita por um membro de equipe (alguém que vai executar a atividade) que decide fornecer uma estimativa mais conservadora, com uma “gordura” (para que ele tenha mais tempo disponível para executar a atividade com menos pressão) que acaba inflando valores de custo ou de tempo.

E se um robô pudesse coletar três anos de informações históricas da organização do projeto, alavancando as taxas de produtividade, taxas de desgaste, tempo de férias, dentre outros elementos, para chegar a uma estimativa do projeto (de tempo, de custo e de andamento) que poderia ser utilizada para prever as necessidades de investimento? E se, além disso, fosse possível atribuir tarefas rotineiras do projeto a robôs e atribuir as tarefas mais críticas e complexas aos membros humanos da equipe do projeto? Tudo isso está se tornando cada vez mais próximo e perfeitamente possível.

Se por um lado a automação de atividades executadas pelos gerentes de projeto é um fator de preocupação, por outro isso permitirá, pelo menos em teoria, que os gerentes de projeto possam concentrar seus esforços e energia na conclusão de outras tarefas – que talvez sejam tarefas que tragam mais benefícios para suas organizações - permitindo que eles (e elas) efetuem mudanças de maior envergadura e aumentem a probabilidade de alcançar os objetivos estratégicos de cada projeto.

Os profissionais de gerenciamento de projetos não precisam, necessariamente, se tornar especialistas em IA ou em “Data Analytics” a fim de se preparar para essas mudanças, mas devem buscar entender os planos de sua organização no campo da Inteligência Artificial para que possam antecipar mudanças em suas funções e no trabalho diário.


segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Abordagens Híbridas de Gerenciamento de Projetos como Tendência para 2021

 

Com as transformações que enfrentamos em todos os setores de nossa vida, algumas tendências no gerenciamento de projetos estão se consolidando.




Tais tendências são as seguintes: a escolha de abordagens híbridas de gerenciamento de projetos, o impacto da Inteligência Artificial e da “Data Analytics”, o gerenciamento de projetos como agente de mudanças, uso cada vez maior de equipes remotas, maior ênfase nas “soft skills” e maior proximidade entre projetos e estratégia.

Nesse post vamos abordar a tendência de escolha de abordagens híbridas de gerenciamento de projetos.


De acordo com o artigo “3 Top Project Management Methodologies You Should Know” (3 Metodologias Top de Gerenciamento de Projetos que Você Deveria Conhecer), publicado em março/2020 no website da Northeastern University, “uma das maneiras mais eficazes dos gerentes de projeto abordarem seu trabalho é por meio do uso de várias metodologias de gerenciamento de projetos. O PMI define metodologia como um sistema de práticas, técnicas, procedimentos e regras usadas por aqueles que trabalham em uma disciplina. Especificamente em relação ao gerenciamento de projetos, as metodologias são consideradas as ferramentas e técnicas, assim como os princípios, processos e boas práticas que são usados para guiar um grupo através de um conjunto de tarefas de forma eficiente. Há uma variedade de métodos que podem ser usados para facilitar essa orientação por meio de projetos, cada um dos quais se aplica melhor a um setor e escopo de trabalho específicos”.

Há alguns anos, os gerentes de projeto - e até mesmo organizações inteiras - normalmente planejavam e executavam todos os projetos de acordo com uma única metodologia de gerenciamento de projetos. Embora a metodologia específica adotada possa ter variado entre os gerentes de projeto ou organizações, a confiança em uma única estrutura de trabalho geralmente era a norma a ser seguida. Entretanto, mais recentemente, os gerentes de projeto e as organizações para as quais esses gerentes trabalham tornaram-se cada vez mais adaptáveis ​​em suas abordagens. Alguns até mesclaram diferentes metodologias em abordagens híbridas que acabaram se tornando exclusivas para as necessidades de um projeto ou setor específico. A crescente adoção de metodologias alternativas de gerenciamento de projetos, como o Kanban e o Scrum, contribuíram para essa mudança, juntamente com a mudança dos valores corporativos que permitem maior flexibilidade.




57% dos entrevistados usam uma combinação de metodologias para manter seus projetos no caminho certo (Dados da Pesquisa 2017 State of Project Management Report - LiquidPlanner).

Em suma, de anos recentes para cá, um número crescente de empresas está adotando metodologias híbridas. De acordo com a pesquisa 2017 State of Project Management in Manufacturing Report, da LiquidPlanner, mais da metade das empresas pesquisadas ​​usa uma combinação de diferentes metodologias. A mesma pesquisa indica que aqueles que usam uma combinação também tendem a ser os mais satisfeitos com suas práticas de gerenciamento de projetos.

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61% dos profissionais estão utilizando em seus projetos uma mistura de métodos tradicionais e ágeis. (Fonte: Artificial Intelligence impact in Project Management, PwC, October/2020).

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A abordagem de gestão de projetos DAD (Disciplined Agile Delivery – de Entrega Ágil Disciplinada), lançada em 2009, adota práticas e estratégias de diversos métodos. Embora o nome seja ágil disciplinada, essa é uma abordagem híbrida, por seguir o argumento que diz que a riqueza de práticas, técnicas e estratégias é uma das grandes vantagens do desenvolvimento de software ágil e enxuto.

Assim sendo, é possível escolher, por exemplo, entre o Scrum, o XP, o Kanban, o SAFe, o DevOps, o Lean Software Development, além de métodos tradicionais de desenvolvimento de software, como pode ser visto na figura do kit de ferramentas (“toll kit”) do DA (Disclined Agile ou Ágil Disciplinado). 



Em 2019 o DAD foi comprado pela PMI (Project Managment Institute). A versão do Disciplined Agile 5.x. foi liberada pelo PMI em maio/2020 no livro chamado “Choose Your WoW” (um manual do DAD para otimizar o seu jeito de trabalhar - Disciplined Agile Delivery Handbook for Optimizing Your Way of Working - WoW).

Embora essa seja uma tendência, isso não significa que as organizações irão fazer essa mudança facilmente. Ainda que exista o entendimento que a agilidade/flexibilidade é vital nos projetos de transformação digital, conforme citado no artigo “5 Emerging Project Management Trends Of 2020” (5 Tendências Emergentes do Gerenciamento de projetos de 2020), de Ben Aston, a cultura adversa à mudança é um dos principais fatores que faz com que muitas empresas evitem fazer essa mudança.

Pelo que temos visto até aqui, embora haja vantagens em se especializar em uma única estrutura de trabalho, aqueles que esperam continuar evoluindo no campo do gerenciamento de projetos devem se familiarizar com todas as principais metodologias que possam encontrar e isso reforça a tendência de escolha cada vez maior de abordagens híbridas.