Como tudo na
vida, trabalhar em casa tem lá suas vantagens e desvantagens. Mas, já dá pra
dizer que trabalhar em casa é um exemplo perfeito de como as coisas são na vida
real, onde nada é perfeito. Trabalhar em casa também não é! Ajuda muito se você
tem um lugar próprio na sua casa para trabalhar, sem sofrer interferências
externas, digo internas, ou melhor, aquelas que acontecem naturalmente quando
se está em casa. Mas nem todos desfrutam
do privilégio de um lugar adequado, como um escritório ou quem sabe uma mesa no quarto, onde se tenha a necessária privacidade e calma para trabalhar. Há pessoas que precisam dividir o espaço disponível de suas
casas com os outros membros da família, como as crianças (aquelas adoráveis pestinhas
barulhentas), a esposa (ou o marido) e, às vezes, ter que dividir o precioso
espaço de casa com algum outro parente que more com o trabalhador em regime de
teletrabalho. Aquele cunhadão engraçado, que geralmente torce pro maior rival
do seu time de coração ou, quem sabe, a querida e prestativa sogrinha. O
sujeito tenta se ajeitar na mesa da sala e ai vem o filho querendo atenção (-
Pai, me ajuda a fazer essa lição?). Ou, a mulher se refugia na mesa da cozinha
até que alguém a descubra e peça alguma coisa (Mãe, faz almoço hoje? Não
aguento mais comer ifood).
O funcionário
de uma empresa em home office não precisa mais acordar cedo, se barbear (se homem)
ou se maquiar (se mulher), se vestir para então se deslocar até o endereço da empresa.
Nesse deslocamento o funcionário enfrenta um inimigo poderoso e estressante: o
famigerado trânsito. É evidente, que esse inimigo famigerado faz parte da
realidade das grandes cidades, cheias de carros, ônibus, caminhões e aqueles raivosos
motoqueiros que passam ao lado buzinando, como quem diz, chega pra lá que a rua
é minha e aqui mando eu, e que, se algo os enfurece, sem a menor cerimônia arranham
a pintura ou chutam o retrovisor do seu carro.
Portanto, o
funcionário trabalhando em casa deixa de perder um tempo precioso de sua vida
em deslocamento de casa para o trabalho e do trabalho para casa. Já o
empregador deixará de arcar com vários custos como, por exemplo, aluguel de
espaço físico para o funcionário, mesa, cadeira, energia elétrica, ramal do
telefone fixo, acesso à Internet e materiais de escritório. Isso sem considerar cada microcusto associado
a um funcionário trabalhando de corpo presente no escritório da empresa que
pode incluir a utilização do banheiro, o gasto de papel higiênico, o consumo de
água, do cafezinho e tantos outros que vamos deixar para o leitor se lembrar. Todos
esses custos são automaticamente transferidos para o próprio funcionário, pela
simples razão de ele (ou ela) não estar presente no escritório da empresa. Pelo
simples fato do trabalho ser realizado à partir da casa do próprio funcionário
ou funcionária.
Por conta da
pandemia do Covid-19, o governo federal editou, em caráter emergencial, a Medida
Provisória 927, que vigorou em 2020, mas não foi convertida em lei, e que alterava leis trabalhistas, estabelecendo novas regras para o
trabalho remoto (ou teletrabalho), a antecipação de férias, a concessão de
férias coletivas, a suspensão de exigências administrativas em segurança e
saúde no trabalho e o adiamento do recolhimento do FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço). A mudança do regime
de trabalho presencial para o teletrabalho não dependia de acordo individual
com o funcionário e nem de acordo coletivo com sindicatos, ficando o empregador responsável pelo
fornecimento de equipamentos como, por exemplo, o computador, para que o
funcionário pudesse trabalhar remotamente. É o que dizia a MP927. Neste ano de
2021, mais precisamente no mês de abril, o governo federal relançou a medida emergencial
sobre o teletrabalho através da MP1046, praticamente nos mesmos moldes da MP927.
O trabalho
remoto se desenvolveu muito nesses tempos de pandemia e já existem empresas
especializadas em recrutamento e seleção de trabalhadores remotos. Isso, de
fato, ajuda muito a uma empresa que busca esses profissionais.
Um resumo ---
(a)- Aspectos que podem reduzir custos da empresa
(itens que a empresa deixa de gastar ou passa a gastar menos porque tem menos
pessoas no escritório): despesa de aluguel do espaço
físico; despesa com energia elétrica; despesas com tomadas para ligar
computador de cada funcionário; despesas com iluminação de cada funcionário; disponibilização
de ramal do telefone fixo; custo da conta de telefone fixo de cada funcionário; custo da
conta de Internet de cada funcionário; mobília de cada funcionário
(escrivaninha, cadeira, armário); materiais de escritório; despesa da conta de água;
banheiro para uso dos funcionários (local menor, com menos banheiros), custo
semanal de garrafão de água potável; custo do cafezinho; custo de funcionário
de serviços gerais (limpeza diária, preparar cafezinho, etc); custo de
faxineira; etc.
(b)- Aspectos positivos para os funcionários: não se estressar no trânsito da cidade; não perder tempo com
deslocamentos de casa para o trabalho e vice-versa; poder acordar faltando
pouco tempo para o inicio do horário de trabalho (mais tempo para dormir e
descansar); mais tempo com a família; menos pressão do ambiente do escritório; etc.
(c)- Aspectos negativos para os funcionários: sensação de solidão; diminuição
da sensação de pertencer a empresa; dificuldade de obter informações estando
distante das outras pessoas (colegas não estão mais na mesa do lado), aumento
da conta de energia elétrica de casa; aumento da conta de Internet (se precisar
de mais velocidade no acesso à Internet); etc.
(d)- Questões
que preocupam as empresas: controle do trabalho dos
funcionários que não estão sendo vistos pelo chefe/supervisor; queda de
comprometimento com o trabalho; abuso da liberdade de trabalhar sem a
supervisão física de um chefe; informalidade de casa pode desviar o foco do
funcionário. Isso cria a necessidade de usar ferramentas de software para gerenciar
o trabalho remoto dos funcionários, monitorando as ações dos funcionários
online.
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