domingo, 2 de maio de 2021

O Gerenciamento de Projetos Não Vai Desaparecer!

 


Tenho reparado pelas respostas de pesquisas (surveys) que trabalhei recentemente certa rejeição à figura do gerente de projetos. Esse sentimento vem, mais frequentemente, do pessoal envolvido com projetos ágeis. Para eles (e elas) a figura de poder do gerente de projetos, que comanda a equipe alocando as pessoas para fazer o trabalho, controlando os recursos e cobrando os resultados não se encaixa na equipe ágil do projeto. A equipe ágil é autônoma e não necessita de um membro todo poderoso. Um momento, cara pálida, a coisa não é bem assim. O pessoal das equipes ágeis diz isso, exagerando o poder do gerente de projetos, sem pensar que o poder foi deslocado para outras funções e pessoas, e isso significa que alguém continua exercendo esse poder.  Apenas para exemplificar, o poder de decisão é do Scrum Master quando se precisa responder a seguinte pergunta: - O que é mais correto e deve ser feito que é mais alinhado aos fundamentos do Scrum que estamos usando no projeto? Isso sem falar no Product Owner, que tem o papel de tomar decisões sobre o produto que vai ser desenvolvido por ser o dono do produto. Um agilista raiz talvez defenda o desaparecimento da função “toda poderosa” dos gerentes de projetos. A questão de fundo é que, todo poderoso ou não, não há dúvidas sobre a importância do gerente de projetos em um projeto com ciclo de vida tradicional e, da mesma forma, em projetos com ciclo de vida híbrido. Vejamos nos parágrafos seguintes algumas evidências que confirmam essa afirmação. 

O gerenciamento de projetos reúne um conjunto de habilidades abrangentes que incluem, literalmente, todos os setores. Sim, o gerenciamento de projetos pode assumir várias formas, simplificando os projetos com atividades únicas que visam atingir um objetivo específico. Pense nisso como construir uma casa, mover dados para um novo sistema ou desenvolver um site na Internet. 

Como gerentes de projeto, fazemos adaptações e ajustes nos processos do projeto, através de ferramentas e técnicas necessárias que nos permitem cumprir as metas do projeto. 

A maioria dos gerentes de projeto concordaria que o gerenciamento de projetos pode ser alguma coisa aprendida através de treinamentos, mas a maior parte do conhecimento nessa área vem da experiência no trabalho, com acompanhamento e orientação. Portanto, podemos dizer que o gerenciamento de projetos não está indo embora e existem várias evidências que comprovam essa afirmação. 

Evidência no. 1: Não há gerentes de projetos qualificados em quantidade suficiente para preencher as milhões de funções que as organizações precisam preencher. Os principais líderes das organizações sabem que o futuro se baseia nos projetos que assumem. Esses líderes querem ter certeza de que suas empresas estão obtendo retorno sobre o investimento (ROI - Return On Investment) em tecnologia. Para isso, são necessários gerentes de projeto qualificados. Talentos qualificados são necessários para agregar valor às organizações por meio do gerenciamento proativo de riscos, resultados consistentes, redução de custos, maior eficiência e maior satisfação do cliente e das partes interessadas. 

Evidência no. 2: Mais ênfase em “soft skills” do que em habilidades técnicas. Quando uma organização busca um gerente de projetos, inclui nas competências exigidas para o cargo, tanto as habilidades técnicas quanto as “soft skills”. São justamente essas últimas aquelas que são aprendidas principalmente através da participação nas equipes de trabalho. São exemplos dessas habilidades tão necessárias para o gerenciamento de projetos: Liderança, mentalidade estratégica, visão de negócios, gestão da mudança, comunicação, formação de equipes, negociação, resolução de conflitos e facilitação. 

Evidência no. 3: Projetos impactados por inteligência artificial e outras tecnologias disruptivas. Há muitas tecnologias disruptivas que as organizações desejam implementar interna e externamente como, por exemplo, a IA (Inteligência Artificial). No campo do gerenciamento de projetos já existem ferramentas de software, com base em IA, capazes de auxiliar no planejamento de recursos, na criação de cronogramas, na execução de cenários para melhorar a tomada de decisão e no gerenciamento dos riscos de um projeto. No entanto, as saídas de dados geradas por essas ferramentas de software podem ser tão boas quanto os dados de entrada disponíveis. Essa é uma vantagem para os gerentes de projetos com a missão de trabalhar com tais ferramentas baseadas em IA nos seus projetos, pois serão eles (e elas) os responsáveis por tais dados de entrada. Além disso, ainda deve demorar um tempo razoável para que alguma aplicação baseada em IA consiga substituir um gerente de projetos com respeito aos “soft skills” e isso nos leva para a evidência anterior. As organizações ainda necessitarão de gerentes de projeto com pensamento crítico, capazes de lidar com imprevistos e de construir relacionamentos com as partes interessadas. 

Evidência no. 4: Diversidade de pensamento e de processos de trabalho. Os projetos acontecem em diferentes setores de diferentes indústrias, variando em tamanho e complexidade, com pessoas diferentes e com culturas organizacionais também diferentes. Certas ações que são positivas em uma organização podem ser ineficazes ou mesmo impraticáveis em outras. Aplicar uma única metodologia de gerenciamento de projetos, como se fosse uma receita de bolo que sempre dá certo, simplesmente não faz sentido. Um gerente de projetos deve estar preparado para compreender as diferentes abordagens que podem ser usadas em um projeto e saber identificar que abordagem funciona melhor. Isso pode melhorar o fluxo de trabalho do projeto e aumentar a probabilidade de alcance de suas metas. Nos anos mais recentes, a ideia de metodologias ágeis tornou-se popular devido em parte à flexibilidade, redução do risco à medida que o projeto avança e a capacidade de fornecer valor ao longo do projeto em vez de apenas no final. Muitas empresas perceberam a impossibilidade prática de aplicar a agilidade pura em seus ambientes e decidiram adotar abordagens híbridas que aproveitam os benefícios da agilidade, sem abrir mão de um planejamento mais elaborado e detalhado. Além disso, existe a diversidade de talentos que poderão vir de todas as partes do planeta, que é vista como elemento importante para a inovação. Tudo isso nos leva a necessidade de trabalhar com equipes remotas.  

Evidência no. 5: A necessidade de trabalhar com equipes remotas. As organizações em todo o mundo continuarão sua busca por talentos, muitos dos quais virão do exterior. Combinar esses talentos com um histórico diversificado de forma adequada ajudará a oferecer mais inovação nos projetos. Mais recentemente as organizações perceberam que poderiam usar os talentos disponíveis em locais distantes através do trabalho remoto. Perceberam e passaram a usar o trabalho remoto com maior frequência, notadamente durante a pandemia do Covid-19. O trabalho remoto é uma modalidade de trabalho que tem se mostrado eficaz e que pode trazer muitas vantagens para as empresas como, por exemplo, a redução de custos operacionais. Caberá ao gerente de projetos saber utilizar bem as equipes remotas, com boa comunicação, integrando-as as equipes alocadas no escritório da empresa, motivando-as através de um ambiente saudável e que possibilite a efetiva contribuição de cada membro da equipe para o sucesso do projeto. 

Por tudo isso, podemos afirmar que a função de gerente de projetos não irá desaparecer tão cedo. Bem, é isso aí, até a próxima!


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