sábado, 28 de novembro de 2020

Guia PMBOK 7ª. Edição anunciado para o início de 2021

 Segundo o Project Management Institute, até 2027 os empregadores precisarão de quase 88 milhões de pessoas em funções relacionadas a projetos. O PMI defende que a demanda global por gerentes de projeto está aumentando.

O papel do gerente de projeto há muito está mudando de alguém que pode marcar tarefas como concluídas em um gráfico de Gantt para uma posição de liderança estratégica para efetuar mudanças em uma organização. Mas, o que o Guia PMBOK tem a ver com isso?

De acordo com artigo publicado no website do PMI (ver link abaixo), uma nova edição do Guia PMBOK será lançada no início do próximo ano. Esta será a sétima edição do referido documento.


O artigo afirma que os profissionais agora têm a tarefa de identificar a abordagem de entrega correta (preditiva, ágil ou híbrida) para realizar o trabalho e agregar valor. O Guia PMBOK deve ser relevante e ajudar o profissional a gerenciar o projeto em questão de tal forma que possibilite o alcance dos resultados previstos. Para responder a esse desafio, a nova edição é diferente das edições anteriores de várias maneiras significativas.

Uma das mudanças é que o documento adotará um formato baseado em princípios, sendo assim mais inclusivo em relação a diferentes abordagens para entrega de valor – deixando de seguir APENAS a abordagem preditiva tradicionalmente associada ao gerenciamento de projetos. Portanto, na sétima versão do Guia PMBOK será possível encontrar às abordagens preditiva, ágil e híbrida.

O PMI afirma que o Guia PMBOK, Sétima Edição, conterá 12 princípios que foram construídos em torno de um conjunto de declarações que melhor resumem as ações e comportamentos da prática de gerenciamento de projetos, geralmente aceitos, independentemente da abordagem de desenvolvimento. Serão também introduzidos os Domínios de Desempenho do projeto, um grupo de atividades relacionadas que são críticas para a entrega eficaz dos resultados do projeto.

O Guia PMBOK também terá uma seção expandida sobre ferramentas e técnicas que será chamada de Modelos, Métodos e Artefatos. As informações detalhadas sobre como aplicar essas ferramentas e técnicas por tipo de projeto, abordagem de desenvolvimento e setor da indústria serão apresentadas em uma nova plataforma digital chamada PMIstandards + ™. Na verdade, todo o Guia PMBOK® - Sétima Edição será lançado com um elemento digital e interativo, fornecido por meio do PMIstandards + ™.

Agora é esperar para ver como tudo vai ser de fato após o lançamento da sétima edição do Guia PMBOK. Bem, é isso aí, até a próxima.

Fonte:

https://community.pmi.org/t5/the-official-pmi-blog/a-first-look-under-the-hood-of-the-pmbok-guide-seventh-edition/ba-p/46#_=_  

 


terça-feira, 24 de novembro de 2020

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Perdendo Empregos para as Máquinas (sem parar!)


Por séculos as máquinas vem tornando os empregos obsoletos! 

A  fiandeira mecânica  substituiu os tecelões, os botões substituíram os ascensoristas de elevadores e a Internet tirou as agências de viagens do mercado. 

Um estudo estima que cerca de 400.000 empregos foram perdidos para a automação nas fábricas dos EUA de 1990 a 2007.

Em pesquisa da PEW Research Center de junho/2020, sobre o provável futuro cheio de inovação, algumas preocupações foram compartilhadas. Alguns disseram que a tecnologia causa mais problemas do que resolve. Alguns disseram que é provável que as preocupações emergentes sobre o impacto da vida digital sejam pelo menos um pouco mitigadas à medida que os humanos se adaptam. Alguns disseram que é possível que qualquer remédio crie um novo conjunto de desafios. Outros disseram que os usos e abusos das tecnologias digitais pelos humanos estão causando danos sociais que provavelmente não serão superados.

Há uma percepção que o movimento para substituir humanos por máquinas está se acelerando à medida que as empresas lutam para evitar infecções de COVID-19 no local de trabalho e para manter os custos operacionais baixos. Os EUA eliminaram cerca de 40 milhões de empregos no auge da pandemia e, embora alguns tenham voltado, outros nunca mais voltarão.

Um grupo de economistas estima que 42% dos empregos perdidos se foram para sempre.

A força de trabalho de hoje está fortemente dividida por níveis de educação, e aqueles que não foram além do ensino médio são os mais afetados pelas mudanças de longo prazo na economia.

À medida que a inteligência artificial se desenvolve e impacta mais indústrias, os profissionais na ativa estão ficando cada vez mais preocupados com as implicações da IA para o futuro do trabalho. 

De acordo com outra pesquisa do PEW Research Center, esta concluída em 2017, 72% dos americanos temem que a tecnologia de IA seja capaz de substituir seus empregos, com 25% se sentindo extremamente preocupados. 

Espera-se que os seguintes empregos comuns se tornem redundantes até o ano de 2037 e substituídos por versões automatizadas: os Caixas serão substituídos pelas caixas automáticas, o Pessoal de Entrega de jornais e revistas será substituído pelos dispositivos de leitura eletrônica, os Agentes de Viagens serão substituídos pelos sites de viagens, os Motoristas de Táxi serão substituídos pelos carros autônomos, os Jornalistas serão substituídos pelos softwares de inteligência artificial, os Operadores de Telemarketing serão substituídos pelos robôs automatizados, os Trabalhadores da Linha de Montagem serão substituídos pelos robôs automatizados, os Árbitros Esportivos serão substituídos pela tecnologia de vídeo. E isso para por aí? Creio que não! 

Alguns afirmam que as novíssimas tecnologias também criarão novos empregos. Sim, mas será que em quantidade suficiente para compensar tantas perdas? Não sabemos ainda. Por hora, vamos ficar por aqui. E isso aí, até a próxima!

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sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Episodio 6 do PODCAST H12S: Ferramentas de Software de Gerenciamento de Projetos e a Geração Y

Buscando  maior  eficiência  na  gestão de suas atividades,  as empresas usam cada vez mais as chamadas  ferramentas de  software de  gerenciamento de projetos. 

Se analisarmos  o  que  essas  ferramentas de  software  prometem fazer e compararmos essas promessas com o que os jovens da geração Y percebem como importante, será fácil compreender a grande aceitação de tais ferramentas. 

É sobre isso que trata esse episódio. No blog, você poderá acessar o texto desse artigo no link >>

http://h12sse.blogspot.com/2020/07/ferramentas-de-software-de.html

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Ouça nosso PODCAST nos links > 

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segunda-feira, 9 de novembro de 2020

A Filosofia Lean no Gerenciamento de Projetos Ágeis

Lean manufacturing significa manufatura enxuta. Sim, então é uma coisa antiga, do século passado. Como o Lean pode fazer parte das filosofias ágeis de gerenciamento de projetos? É o que veremos nesse post.


A Manufatura Enxuta é uma filosofia criada no Japão do pós Segunda Guerra Mundial, na empresa Toyota, pelo engenheiro Taiichi Ohno e seus colaboradores. Esta filosofia surgiu da necessidade da Toyota de encontrar meios que lhe permitissem competir com as grandes montadoras de automóveis nos Estados Unidos da America.

No livro “The Machine that Changed the World” (A Máquina que Mudou o Mundo), dos autores Womack, Jones e Roos, publicado pela primeira vez em 1990, foi criado o termo “Lean Production” para designar um modelo de produção baseado no objetivo fundamental do Sistema Toyota de Produção, que é reduzir desvios e maximizar o fluxo, ou seja, produzir mais e melhor com os recursos disponíveis.

No Sistema Toyota de Produção a filosofia Lean trabalha para eliminar três fontes principais de desvios, que são resumidos nas palavras em japonês MUDA (resíduo), MURA (irregularidade) e MURI (sobrecarga).

MUDA - significa desperdício, inutilidade e futilidade, que seguem o caminho oposto a adição de valor. Os tipos de desperdício são defeitos, superprodução, espera, talento não utilizado, além de transporte, estoques, movimentação e processamento em excesso.

MURA – significa irregularidade, não uniformidade e desnível. O objetivo da produção enxuta é nivelar a carga de trabalho para que não haja desníveis ou acumulação de resíduos.

MURI – significa sobrecarga. Portanto, para atacar o MURI deve-se dimensionar o processo de produção para distribuir de forma adequada a carga de trabalho e não sobrecarregar nenhum funcionário, equipamento ou máquina.

Com o passar do tempo, as empresas descobriram que para praticar o Lean deveriam tornar-se Lean. E então surgiu o termo “Lean Thinking”, uma maneira de pensar e atuar em uma organização inteira e contém os princípios fundamentais que devem orientar a aplicação de técnicas e ferramentas Lean. Além desse, também foi cunhado o termo “Lean Office”, para buscar a aplicação dessa filosofia nos processos administrativos da organização. Podemos ainda mencionar a denominação “Lean Healthcare” que é a aplicação da filosofia Lean na gestão em saúde.

A filosofia Lean que nasceu na fábrica muito tempo depois começou a ser aplicada também na gestão de projetos, especialmente nos projetos que adotam abordagens ágeis.

Um resumo do Lean

Uma filosofia de gestão inspirada nas práticas e resultados do Sistema Toyota de Produção, caracterizada por uma estrutura de processos em que se busca minimizar riscos e desperdícios, maximizando o valor para o cliente. O Lean está na base do Agile e pode ser perfeitamente aplicado em várias áreas de negócios.

Um resumo do Ágil

Uma filosofia iterativa com foco no tempo que possibilita construir um produto de forma incremental, passo a passo, entregando-o em pedaços menores. O foco principal do Ágil é tornar os processos mais flexíveis e capazes de se adaptar às mudanças rapidamente. Dessa forma, a entrega de resultados torna-se mais rápida e é comunicada de forma simples e direta.

Um resumo do Scrum

Um método de desenvolvimento ágil, incremental e iterativo, que contém um conjunto de práticas, papéis, eventos, artefatos e regras projetados para orientar a equipe na execução do projeto. O Scrum é um dos métodos mais usados no ambiente de TI (Tecnologia da Informação). Assim, por meio de equipes enxutas, esse método pretende dar mais agilidade na execução dos processos de TI evitando problemas como conflitos e falta de integração. Além disso, o Scrum busca criar uma divisão sólida de funções (Product Owner, Scrum Master e Equipe de Desenvolvimento).

Benefícios do Lean, do Ágil e do Scrum

As organizações que realmente adotarem o Lean e o Ágil estarão aptas a desfrutar dos seguintes benefícios:

 

(1)   Redução dos custos de desenvolvimento e manutenção: reduzindo a incidência de erros, identificando efetivamente os riscos e garantindo maior assertividade, é possível reduzir significativamente o custo de um projeto ao longo da sua vida;

(2)     Antecipação do retorno do investimento: o modelo proposto é baseado na entrega frequente de softwares funcionais, prontos para serem utilizados na produção. Combinado com técnicas confiáveis ​​de priorização e planejamento é possível extrair valor do software entregue nas primeiras iterações de desenvolvimento;

(3)     Maior produtividade em relação às abordagens tradicionais: eliminação de desperdícios, redução da complexidade e melhoria na qualidade do código, permite um aumento considerável na produtividade da equipe de desenvolvimento;

(4)     Total controle, visibilidade e gerenciabilidade do ciclo de desenvolvimento: o processo fornece informações precisas sobre o andamento dos projetos a qualquer momento, potencializando a gestão e possibilitando uma melhor tomada de decisões;

(5)     Maior assertividade e aderência: as mudanças são sempre bem-vindas e o seu projeto está sempre adaptado às necessidades do seu negócio;

(6)     Menos incerteza: ciclos curtos de planejamento e entrega, estimativas mais assertivas e uma construção com integridade em todos os estágios do processo de desenvolvimento tornam possível aumentar a previsibilidade e diminuir a incerteza no desenvolvimento de software;

(7)     Melhor qualidade do produto final: os processos de gestão da qualidade que ocorrem desde as fases iniciais do design do produto e durante todo o desenvolvimento garantem um produto final com qualidade superior;

(8)     Melhoria contínua: além de ser um processo resiliente que se adapta às necessidades dos diferentes tipos de projetos, o processo proposto é baseado em um ciclo contínuo de melhoria, por meio de retrospectivas e métodos de inspeção e adaptação aplicados ao longo de todo o ciclo de vida do projeto.

Vale dizer que para adotar filosofias como o Lean e o Ágil será necessário que as organizações tenham muita determinação estratégica e disciplina. Bem, então é isso aí, até a próxima.

Referências:

James P. Womack, Daniel T. Jones, and Daniel Roos. The Machine That Changed the World. First edition. Published by Scribner, 1990.

Matt Warcholinski. Lean, Agile and Scrum: A Simple Guide [2020]. Disponível em <https://brainhub.eu/blog/differences-lean-agile-scrum/> 

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Refletindo sobre a Pregação no Mundo VUCA

 


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Segundo o Wikipedia, o conceito de mundo VUCA (sigla formada pelas letras V U C A) foi descrito pela primeira vez em 1987, pelos professores Warren Bennis e Burt Nanos. Por sua vez, o U.S. Army War College (que é a Escola Superior de Guerra dos EUA) introduziu o conceito de VUCA para descrever o mundo multilateral que surgiu como resultado do fim da Guerra Fria. O mundo VUCA é mais volátil, incerto, complexo e ambíguo.

O capitalismo – que é o sistema em que vivemos no mundo - passa por tempos interessantes e desafiadores. Há um grande debate sobre o sistema capitalista e sua crise.

É válido pontuar que as condições políticas e históricas levaram à necessidade de conciliar o capitalismo com a democracia, oferecendo para a sociedade uma perspectiva de bem-estar social. Em outras palavras, o capitalismo sempre esteve associado à democracia, em maior ou menor escala, dependendo da região do planeta. Nos dias de hoje, vivemos em tempos de crise.

O que presenciamos agora é, de um lado, o questionamento sobre as desigualdades sociais geradas pelo capitalismo, produzindo revoltas complexas, que a democracia e suas instituições parecem incapazes de solucionar, além de – na outra ponta - respostas duras, autoritárias e pouco flexíveis de governos apostando na ideia de que vale a pena corromper os princípios democráticos em nome da preservação do capitalismo liberal. Isso torna o nosso mundo mais instável, passando por uma grande onda de transição.

Esse mundo instável, que dentro do conceito de VUCA carrega as condições de volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade, como um tsunami, acaba inundando as organizações – empresas públicas e privadas - que fazem parte desse mesmo mundo.

O mundo VUCA é volátil e isso se refere à velocidade de mudança em uma indústria, mercado ou no mundo em geral. Quanto mais volátil é o mundo, mais rápido as coisas mudam.

O mundo VUCA é incerto e isso se refere a incapacidade das pessoas e empresas de entender o que está acontecendo. Quanto mais incerto é o mundo, mais difícil é prever.

O mundo VUCA é complexo e isso se refere ao número de fatores que precisamos levar em consideração, sua variedade e as relações entre eles. Quanto mais complexo é o mundo, mais difícil é analisá-lo.

O mundo VUCA é ambíguo e isso se refere à falta de clareza sobre como interpretar algo. Quanto mais ambíguo é o mundo, mais difícil é interpretá-lo.

A discussão sobre o chamado mundo VUCA, que começou lá atrás envolvendo até a Escola Superior de Guerra dos EUA, posteriormente se enraizou em abordagens sobre liderança estratégica que se aplicam a uma ampla gama de organizações.

Segundo o website vuca-world.org/, no mundo de hoje, nem a liderança de uma organização nem suas estratégias são poupadas. Experiências, dogmas e paradigmas devem todos ser examinados. Não é mais o caso de encontrar um caminho único ou uma ferramenta de gestão única, uma vez que os padrões darão lugar à individualidade.

Mesmo assim, existe uma moda de tentar generalizar formas de comportamento nas organizações que são boas, positivas e bem-sucedidas em determinadas situações e circunstâncias particulares, sugerindo aplicá-las para toda e qualquer situação. As pessoas escrevem como se fossem pregadores religiosos e nós o seu rebanho de seguidores ignorantes.

Menos, cara pálida! Quando se força uma ideia goela abaixo, com pressa e sem muita cerimônia, erros são cometidos e coisas básicas são esquecidas.  Mas, basta refletir um pouco para ver que tais ideias não irão muito longe. 

Um bom exemplo é quando se fala na importância de encontrar soluções em equipe, aproveitando a inteligência de todos para resolver problemas. Nesse caso, é comum encontrar argumentos como o seguinte: - As soluções que uma pessoa - mesmo um gênio - pode apresentar são quase invariavelmente inferiores às geradas pela sabedoria da multidão. Já se foi o tempo em que a perícia técnica e o carisma reinavam supremos. Hoje em dia, é mais importante fazer as perguntas certas do que saber as respostas - e não é necessariamente o líder que sabe as respostas certas.

Em primeiro lugar, não é verdade que a perícia técnica deixou de ser importante. Além disso, a boa ideia do conhecimento coletivo, de encontrar soluções em equipe, não se opõe ao conhecimento técnico de seus membros. Um SQUAD, apenas para dar exemplo, que tratamos no artigo SQUADS para implementar agilidade organizacional”, é semelhante a uma equipe que tem todas as habilidades e ferramentas necessárias para projetar, desenvolver, testar e liberar para produção. Eles são uma equipe auto-organizada e decidem sua própria maneira de trabalhar. Uma equipe desse tipo não pode abrir mão do conhecimento técnico de seus membros, caso contrário, eles (e elas) não teriam todas as habilidades e ferramentas necessárias para fazer seu trabalho. Portanto, frases como “já se foi o tempo em que a perícia técnica e o carisma reinavam supremos” acabam sendo apenas uma fonte de confusão teórica. Além disso, existem muitos exemplos na história da humanidade mostrando que a sabedoria da multidão nem sempre cria soluções sábias.

Outra questão é a ideia de que o novo líder deve se sentir confortável operando à beira do caos e ser congruente e integrado nas sensações, pensamentos, sentimentos e ações corporais. Isso estaria em oposição a velha mensagem do equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

Os que adoram criar as novas regras para o novo mundo VUCA afirmam que em vez de tentar equilibrar a vida pessoal e o trabalho, os líderes devem trazer todo o seu ser para ambos, o trabalho e a família. Sim, parece confuso. Isso seria o que essa turma chama de ser congruente.

Hora, por definição, ser congruente significa coincidir e ser correspondente de forma harmônica. Em outras palavras, a turma das novas regras do mundo VUCA afirma que o novo líder deveria se dedicar na mesma medida e dar a mesma importância para o trabalho e a família, mesmo que inúmeras pesquisas já tenham comprovado o quanto isso é difícil para as pessoas de carne e osso em todos os lugares do planeta. As pessoas até querem isso, mas não conseguem. Isso não muda o fato de que ser autêntico e verdadeiro consigo mesmo é algo bom e positivo.  

Ter que trabalhar operando à beira do caos é uma coisa, que talvez seja uma realidade que se impõe a muitos de nós. Mas, se sentir confortável com isso, já é pedir demais e forçar uma barra que, na prática, não será sustentada apenas por um jogo conveniente de palavras.

Há também o discurso de que tudo deve ser tratado com base no feedback do mercado, como no desenvolvimento Ágil de produtos,  largamente adotado em produtos digitais. Uma abordagem que está longe da perfeição, mas atinge os resultados desejados muito mais rapidamente. Essa ideia estaria em oposição as filosofias de produção em larga escala da era industrial que usam abordagens como o 6 Sigma e a manufatura enxuta.

Quando se desenvolve um produto adotando uma abordagem Ágil deve-se trabalhar em ciclos curtos, colocar o cliente no centro de tudo, com a obtenção do feedback do cliente, buscando sempre alcançar o que traz e representa valor para o cliente. Isso é correto e positivo.

Mas, ao mesmo tempo, devemos lembrar que existem milhares de produtos já desenvolvidos e que continuam a ser produzidos em larga escala nesse mesmo mundo VUCA. É como se a velha era industrial ainda continuasse existindo, ao mesmo tempo que a nova era digital está surgindo.

Em suma, não dá pra simplesmente jogar fora filosofias de qualidade, como o 6 Sigma, que buscam eliminar variações no processo de fabricação para produzir produtos sem defeitos em 99,99966% do tempo.

Isso continua sendo muito bom para os produtos fabricados em larga escala. Nesses casos, errar pode custar caro e gerar desperdícios.

Não devemos esquecer que existe uma gama enorme de produtos que não admitem erros. Eu falo de medicamentos e alimentos, apenas para citar dois exemplos simples de entender.

Em resumo, mesmo com a desculpa do mundo VUCA ou, refraseando para ser menos deselegante, mesmo levando em consideração os efeitos do mundo VUCA e seus impactos no ambiente de negócios, não se deve tentar impor metodologias de trabalho e estratégias que são boas, positivas e bem-sucedidas em determinadas situações e circunstâncias particulares, sugerindo aplicá-las para toda e qualquer situação. Vale o ditado popular do “cada macaco no seu galho”, e como dito no início do presente texto, não é mais o caso de encontrar um caminho único ou uma ferramenta de gestão única.

E terminando esse artigo eu gostaria de citar Leonardo Da Vinci que disse: “Quem pensa pouco, erra muito”. Bem, acho que vamos ficar por aqui. Então tá falado, até a próxima.