quarta-feira, 12 de agosto de 2020

O Número de Dunbar

Através de sua pesquisa, o antropólogo inglês da Universidade de Oxford, Robin Dunbar estabeleceu o limite cognitivo teórico do número de pessoas com as quais um indivíduo pode manter relações sociais estáveis.

 

 

O pesquisador estimou que o tamanho médio de um grupo social de humanos é 148 (usualmente arredondado para 150), que ficou conhecido, desde então, como o número de Dunbar.

É importante lembrar que o número de Dunbar limita apenas o número de pessoas com as quais alguém mantém contato social frequente. Ou seja, pessoas com as quais relacionamentos foram encerrados ou que não fazem parte do convívio diário não são computadas.

Dunbar afirma que grupos com mais de 150 pessoas tendem a se romper e ainda que se mantenham dentro do limite, quanto mais pessoas em um grupo social, maior a demanda por esforço na socialização de seus indivíduos.

A Hipótese do Cérebro Social!

Dumbar afirma, segundo sua “Social Brain Hypothesis" (Hipótese do Cérebro Social), que "os primatas evoluíram grandes cérebros para lidar com suas vidas sociais incomumente complexas". Portanto, segundo essa hipótese, tanto pequenas sociedades quanto grupos sociais de amigos são divididos em camadas inclusivas com uma estrutura peculiar:

Cada camada é três vezes maior que a camada que está englobando, com camadas sucessivas consistindo de 5, 15, 50 e 150 indivíduos. O círculo estende-se por pelo menos mais duas camadas, compostas por 500 e 1500 indivíduos, representando conhecidos e pessoas que podemos lembrar do nome ou do rosto, respectivamente. O valor das camadas teve os seguintes arredondamentos: 3 x 15 = 45, arredondado para 50 e 3 x 150 = 450, arredondado para 500. Dessa forma, uma camada externa à outra representa um menor nível de proximidade emocional e frequência de contato.

A Linguagem como facilitadora da socialização!

Segundo o pesquisador, a linguagem proporcionou aos humanos perder menos tempo e energia fomentando seus laços com o grupo social. A linguagem também aumentou a objetividade com a qual nos relacionamos, diminuindo a necessidade de contato físico, tornando possíveis formas complexas de relações sociais.

Dunbar afirma que, para manter um grupo de 150 pessoas estável é preciso que cada indivíduo dedique 42% do seu tempo para atividades de socialização. 

Dunbar e as mídias sociais!

Com o rápido crescimento da mídia social nos últimos anos, muitos sugeriram que o número de Dunbar deveria ser expandido. Eles (e elas) consideram que graças ao Facebook, LinkedIn, Twitter e outras plataformas sociais, agora somos capazes de manter relacionamentos com um número crescente de pessoas. Na verdade, a maioria dos usuários do Facebook está conectada a pelo menos 200 amigos e 21% dos usuários têm mais de 500.

O próprio Dunbar derruba essa ideia de que o uso da mídia social aumenta o número de pessoas que podemos realmente conhecer. Apesar da proliferação das mídias sociais e do mundo digital, o cérebro humano ainda não consegue manter mais do que cerca de 150 relacionamentos significativos. Em outras palavras, apenas uma minoria de nossas conexões de mídia social são relacionamentos genuínos. Esses relacionamentos que não são genuínos não podem nos ajudar imediatamente.

A mídia social nos condicionou a acumular “amigos” e “seguidores” como algo positivo que nos dá alguma vantagem. Quem se ilude com a quantidade de contatos (“amigos”) nas redes sociais acaba colocando muita energia em muitos relacionamentos e deixa de colocar a energia necessária nos relacionamentos que realmente importam.

Coletar relacionamentos digitais superficiais está em conflito com a construção de relacionamentos genuínos / significativos / estáveis. Quando gastamos muito tempo tentando manter todas as conexões, reduzimos os benefícios dessas conexões e tendemos a negligenciar as importantes.

Qualidade acima da quantidade!

O debate sobre o número de Dunbar é muito relevante, sendo alvo de interesse de inúmeras áreas do conhecimento como, por exemplo, a antropologia, a sociologia, a psicologia e a administração.

É algo que nos faz refletir sobre o nosso aqui e agora, especialmente à luz de nossas vidas cada vez mais digitais. É importante perceber que diferentes amizades exigem esforços diferentes. Igualmente, é importante notar que não se pode ter infinitos amigos, porque nossos recursos de tempo e capacidade são limitados.

Além disso, creio que uma lição sobre o número de Dunbar é que ele explica que, quando se trata de amigos, a qualidade sempre supera a quantidade. Bem, é isso aí, até a próxima!


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