Através de sua pesquisa, o antropólogo inglês da Universidade
de Oxford, Robin Dunbar estabeleceu o limite cognitivo teórico do
número de pessoas com as quais um indivíduo pode manter relações sociais estáveis.
O pesquisador estimou que o tamanho médio de um grupo social
de humanos é 148 (usualmente arredondado para 150), que ficou conhecido, desde
então, como o número de Dunbar.
É importante lembrar que o número de Dunbar limita apenas o
número de pessoas com as quais alguém mantém contato social frequente. Ou seja,
pessoas com as quais relacionamentos foram encerrados ou que não fazem parte do
convívio diário não são computadas.
Dunbar afirma que grupos com mais de 150 pessoas tendem a se
romper e ainda que se mantenham dentro do limite, quanto mais pessoas em um
grupo social, maior a demanda por esforço na socialização de seus indivíduos.
A Hipótese do Cérebro Social!
Dumbar afirma, segundo sua “Social
Brain Hypothesis" (Hipótese do Cérebro Social), que "os primatas
evoluíram grandes cérebros para lidar com suas vidas sociais incomumente
complexas". Portanto, segundo essa hipótese, tanto pequenas sociedades
quanto grupos sociais de amigos são divididos em camadas inclusivas com uma
estrutura peculiar:
Cada camada
é três vezes maior que a camada que está englobando, com camadas sucessivas
consistindo de 5, 15, 50
e 150 indivíduos. O círculo estende-se por pelo menos mais
duas camadas, compostas por 500 e
1500 indivíduos,
representando conhecidos e pessoas que podemos lembrar do nome ou do rosto,
respectivamente. O valor das camadas teve os seguintes arredondamentos: 3 x 15 = 45, arredondado para 50 e 3 x 150
= 450, arredondado para 500. Dessa forma, uma camada externa à outra
representa um menor nível de proximidade emocional e frequência de contato.
A Linguagem como facilitadora da
socialização!
Segundo
o pesquisador, a linguagem proporcionou aos humanos perder menos tempo e
energia fomentando seus laços com o grupo social. A linguagem também aumentou a
objetividade com a qual nos relacionamos, diminuindo a necessidade de contato
físico, tornando possíveis formas complexas de relações sociais.
Dunbar
afirma que, para manter um grupo de 150 pessoas estável é preciso que cada
indivíduo dedique 42% do seu tempo para atividades de socialização.
Dunbar e as mídias sociais!
Com o rápido crescimento da mídia social nos últimos anos,
muitos sugeriram que o número de Dunbar deveria ser expandido. Eles (e elas) consideram que
graças ao Facebook, LinkedIn, Twitter e outras plataformas sociais, agora somos
capazes de manter relacionamentos com um número crescente de pessoas. Na
verdade, a maioria dos usuários do Facebook está conectada a pelo menos 200
amigos e 21% dos usuários têm mais de 500.
O próprio Dunbar derruba essa ideia de que o uso da mídia
social aumenta o número de pessoas que podemos realmente conhecer. Apesar da
proliferação das mídias sociais e do mundo digital, o cérebro humano ainda não
consegue manter mais do que cerca de 150 relacionamentos significativos. Em
outras palavras, apenas uma minoria de nossas conexões de mídia social são
relacionamentos genuínos. Esses relacionamentos que não são genuínos não podem
nos ajudar imediatamente.
A mídia social nos condicionou a acumular “amigos” e
“seguidores” como algo positivo que nos dá alguma vantagem. Quem se ilude com a
quantidade de contatos (“amigos”) nas redes sociais acaba colocando muita
energia em muitos relacionamentos e deixa de colocar a energia necessária nos
relacionamentos que realmente importam.
Coletar relacionamentos digitais superficiais está em
conflito com a construção de relacionamentos genuínos / significativos /
estáveis. Quando gastamos muito tempo tentando manter todas as conexões,
reduzimos os benefícios dessas conexões e tendemos a negligenciar as
importantes.
Qualidade acima da quantidade!
O debate sobre o número de Dunbar é muito relevante, sendo alvo de interesse de inúmeras áreas do conhecimento como,
por exemplo, a antropologia, a sociologia, a psicologia e a
administração.
É
algo que nos faz refletir sobre o nosso aqui e agora, especialmente à luz de nossas vidas cada vez mais digitais. É importante
perceber que diferentes amizades exigem esforços diferentes. Igualmente,
é importante notar que não se pode ter infinitos amigos, porque nossos recursos
de tempo e capacidade são limitados.
Além
disso, creio que uma lição sobre o número de
Dunbar é que ele explica que, quando se trata de amigos, a qualidade sempre supera a quantidade. Bem, é
isso aí, até a próxima!
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