quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

As 12 Descobertas de Reifer

Será que a foto que vemos logo abaixo prova que o Scrum, em particular, e o Agile, em geral, não são isso tudo? Não é bem assim. 



No início da falação e intensa divulgação sobre os métodos ágeis todos queriam ser ágeis e mostrar que estavam a favor da novidade. Ninguém queria ficar para trás e isso levou as pessoas a fazer vista grossa para certos exageros. A frase na capa do livro de Jeff Sutherland, lançado em 2014, é uma prova disso. A frase dizia o seguinte: “Scrum, the art of doing twice the work in half the time.” (Scrum, a arte de fazer o dobro do trabalho na metade do tempo).

Mais recentemente o Disciplined Agile Consortium (Consórcio do Ágil Disciplinado) em uma de suas apresentações divulgou o slide acima, que diz o seguinte:

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You are promised: Scrum, the art of doing twice the work in half the time. (Jeff Sutherland)

You actually get: 

Recent study of 3,000+ teams within 155 organizations found:

Teams adopting agile (mostly Scrum) saw productivity increases of 7 to 12 % in average.

Teams adopting prescriptive scaling frameworks, the most popular of which is SAFe, saw productivity increases 3 to 5% in average.

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Te prometeram: Scrum, a arte de fazer o dobro do trabalho na metade do tempo. (Jeff Sutherland)

Você realmente obteve:

Um estudo recente com mais de 3.000 equipes em 155 organizações descobriu:

As equipes que adotaram o Agile (principalmente o Scrum) tiveram aumentos de produtividade de 7 a 12% em média.

As equipes que adotam estruturas de trabalho prescritivas ágeis em escala, a mais popular das quais é o SAFe, viram a produtividade aumentar de 3 a 5% em média.

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Não vejo isso como uma crítica aos métodos ágeis em geral e ao Scrum em particular, mas sim um alerta ao exagero que as novidades costumam causar nas pessoas.

Mas então quais foram os benefícios obtidos pelas organizações que adotaram métodos ágeis de gerenciamento de projetos? É o que o trabalho de Donald Reifer procurou responder.

O texto a seguir teve como base o artigo de Reifer, publicado no website Infoq.com, com o título “Quantitative Analysis of Agile Methods Study (2017): Twelve Major Findings” (Um estudo da Análise Quantitativa de Métodos Ágeis (2017): Doze Principais Achados), que pode ser encontrado acessando o link no final desse artigo.

De qualquer modo, é evidente que os métodos ágeis trouxeram benefícios para os projetos e para as empresas que os adotaram, como é tratado no próprio artigo de Reifer, na descrição das suas 12 descobertas, que tiveram como base uma extensa pesquisa que envolveu a análise dos resultados de 1.500 projetos concluídos que usaram métodos ágeis e outros 1.500 que usaram abordagens tradicionais.  Vejamos, então, um resumo sobre as 12 descobertas de Reifer relacionadas aos métodos ágeis aplicados aos projetos:

Descoberta no. 1 – Os métodos ágeis continuam a ser a abordagem predominante usada para desenvolvimento de software. Mais de 70% das organizações pesquisadas reportaram que têm usado métodos ágeis operacionalmente por períodos que vão de três a treze anos.

Descoberta no. 2 – O método ágil mais popular usado atualmente continua a ser o Scrum ou um derivado do Scrum chamado LeSS (Large Scale Scrum). Outros métodos ágeis empregados, mas encontrados em porcentagens muito menores na população da pesquisa, incluem o AUP (Agile Unified Process), o XP (Extreme Programming) e o FDD (Feature-Driven Development).

Descoberta no. 3 – Trabalhar com métodos ágeis em grandes projetos não é uma tarefa fácil. As organizações que buscam esses grandes desenvolvimentos estão usando uma metodologia ágil em escala (48%) ou uma metodologia híbrida (52%). Isso representa uma mudança em relação ao cenário de dois anos atrás, quando o uso do ágil em escala era cerca de metade do que é hoje.

Descoberta no. 4 – A taxa de reversão do Agile diminuiu. Apenas 10% daqueles que abandonaram os métodos ágeis reverteram (ou seja, decidiram voltar) para os métodos tradicionais. Os outros 90% de organizações que abandoram os métodos ágeis passaram a usar abordagens híbridas ou mesmo caseiras para preencher o vazio.

Descoberta no. 5 – Os ganhos de produtividade ágil foram estabilizados. Com base em dados de 1.500 projetos tradicionais concluídos e outros 1.500 projetos ágeis também concluídos, os ganhos médios de produtividade alcançados durante o desenvolvimento por equipes que usam métodos ágeis foram de 7 a 12% melhores do que para as equipes que usam métodos tradicionais. Essas melhorias ainda são notáveis, especialmente em grandes organizações, onde esses ganhos se traduzem em economia de milhares de horas por pessoa.

Descoberta no. 6 – As economias de custo do Agile também se estabilizaram. Os custos ágeis, medidos em termos de $/unidade produzida, continuam a ser entre 5 a 12% menores do que os custos medidos da mesma forma em um projeto tradicional. Os dados revelam que as reduções de custo obtidas com o uso de métodos ágeis durante os últimos três anos se estabilizaram à medida que as empresas espalharam o uso desses métodos por toda a organização.

Descoberta no. 7 – A maneira como o tempo e o esforço são distribuídos durante o desenvolvimento de software usando métodos ágeis difere daquela experimentada em projetos tradicionais. A principal razão para essa diferença é que as equipes que usam métodos ágeis concentram seus esforços na criação de um produto funcional em curto espaço de tempo, em vez de, por exemplo, gastar tempo na criação de documentação. Os desenvolvedores ágeis criam e revisam o código de trabalho com o usuário, em vez de – como nos métodos tradicionais - dedicar 50% do esforço e 40% do tempo à geração de requisitos e especificações de design antes do início da codificação. Em vez de tentar obter as especificações certas antes de começar a codificar, os desenvolvedores ágeis gastam até 80 por cento de seu tempo e esforço desenvolvendo um software funcional que possam demonstrar para os clientes.

Descoberta no. 8 – O Agile melhora a capacidade de cumprir os prazos do cronograma. A análise dos dados pesquisados mostrou que o Agile fornece às empresas a capacidade de cumprir prazos apertados em 75 a 90% do tempo, em comparação com o desempenho médio de 40 a 60% que as empresas experimentam em projetos similares gerenciados por métodos tradicionais. No entanto, é importante entender que o conteúdo típico entregue em desenvolvimentos ágeis (ou seja, a porcentagem de funcionalidades que foram prometidas e realmente entregues) varia de 80 a 90% contra 95 a 100% para desenvolvimentos orientados a planos ou tradicionais. Nos projetos pode acontecer a situação da não entrega de todas as funcionalidades prometidas. Nos projetos ágeis isso é esperado porque as equipes oferecem as funcionalidades que o cliente considera mais importantes. Quando prazos ou mudanças de escopo se tornam um problema, as funcionalidades de prioridade mais baixa são acumuladas (voltam para o backlog) e aquelas de prioridade mais alta são desenvolvidas e entregues. Em contraste, os desenvolvimentos tradicionais seguem uma filosofia do “tudo ou nada”, em que os atrasos são a norma.

Descoberta no. 9 – A qualidade é melhor nos métodos ágeis do que nos métodos tradicionais. Nos próximos 3 anos espera-se que a qualidade ágil exceda a qualidade obtida nos métodos tradicionais em um fator de 6 a 12%. A qualidade do software melhora tanto durante o desenvolvimento quanto no pós-lançamento, porque é trabalhada pela equipe à medida que o software funcional é gerado.

Descoberta no. 10 – O valor ágil continua sendo difícil de quantificar. Os métodos ágeis enfatizam o fornecimento de valor a seus usuários/clientes, fornecendo continuamente produtos de software funcionais ao longo do ciclo de vida de desenvolvimento. O valor é comumente medido em termos do benefício financeiro e/ou competitivo que as organizações recebem por seus esforços e investimento. Embora haja alguma orientação disponível para o planejamento de valor, pouca ajuda é oferecida sobre como quantificar o valor derivado desses esforços. Em vez disso, o termo às vezes é usado para transmitir moral e outras medidas de valor importantes, mas não facilmente quantificáveis.

Descoberta no. 11 – O Àgil continua a fornecer vantagem competitiva aos seus usuários. Muitas organizações parecem acreditar que os métodos ágeis podem representar uma vantagem competitiva quando aproveitam ao máximo seus pontos fortes e contrabalanceiam seus pontos fracos. Os métodos ágeis não apenas fornecem recompensas de produtividade, custo e tempo de colocação do software no mercado, mas também fornecem aos usuários a capacidade de atrair e reter talentos.

Descoberta no. 12 – Os impactos do Agile nas práticas de contratação governamentais podem ser importantes. O impacto dos métodos ágeis não se limita às práticas de desenvolvimento. Quando o ágil é usado no contrato, o impacto do método se reflete na forma como o trabalho é planejado, cronogramas e orçamentos são alocados, requisitos são capturados e gerenciados, o progresso é revisado e o desempenho geral do contrato é determinado. Se o governo e os fornecedores estabelecerem uma estrutura de gerenciamento colaborativo para o desenvolvimento, ambos podem trabalhar de acordo com os planos acordados para atingir as metas compartilhadas com um mínimo de atraso e atrito. Quando tal estrutura não é criada, conflitos ocorrem devido às diferenças na forma como cada um conduz seus negócios. Essas incompatibilidades geralmente resultam em gargalos, atrasos e desconfiança devido a seus desalinhamentos.

Para mais detalhes acesse:

Reifer, D. J. (2017) Quantitative Analysis of Agile Methods Study (2017): Twelve Major Findings. Available at: https://www.infoq.com/articles/reifer-agile-study-2017/  Accessed: 10 February 2021.  

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