É
aceito pela imensa maioria dos pesquisadores que a globalização provocou uma
espécie de reestruturação do capitalismo em escala mundial que afetou as
relações das empresas com a força de trabalho. Evidentemente, o trabalho dos
gerentes – acompanhando as mudanças na sociedade - também foi afetado.
Um
dos pesquisadores mais relevantes da administração contemporânea é Henry
Mintzberg, autor canadense de mais de 30 livros e tantos outros artigos. O
professor da Universidade McGill, em Quebec no Canadá, notou que mudanças como
a globalização tiveram forte impacto na forma como os gerentes trabalham. Ao invés de apenas comandar e controlar a
função de gerente ganhou papéis muito mais abrangentes.
Mintzberg
definiu um papel como um conjunto organizado de comportamentos que pertencem a
uma função ou posição identificável e agrupou os 10 papéis gerenciais em 3
famílias: papéis interpessoais, papéis de informação e papéis de decisão.
Papéis
interpessoais – abrangem as relações interpessoais dentro e fora da
organização. Incluem os papéis de símbolo, líder e ligação.
Papel
de Símbolo: Age como um símbolo ou representante da organização (ex.: relações
públicas)
Papel
de Líder: Envolve todas as atividades interpessoais nas quais há alguma forma
de influência, seja com funcionários, clientes, fornecedores e outras pessoas.
Papel
de Ligação: envolve a rede de relacionamentos que o gerente deve manter
principalmente com seus pares (outros gerentes). Nesses relacionamentos o
gerente vincula sua equipe com outras, a fim de fazer o intercambio de recursos
e informações que lhe permitem trabalhar.
Papéis
de informação – relacionado com a obtenção e transmissão de informação, de
dentro para fora da organização e vice-versa. Incluem os papéis de monitor,
disseminador e porta-voz.
Papel
de Monitor: o gerente recebe ou procura obter informações que lhe permitam
entender o que se passa em sua organização e no meio ambiente. É necessário
saber lidar com uma grande variedade de informações que incluem desde a
literatura técnica até a ”radio peão”.
Papel
de Disseminador: relacionada a disseminar a informação externa para dentro da
organização e da informação interna de um subordinado para outro.
Papel
de Porta-Voz: relacionada a transmissão da informação de dentro para fora da
organização ou, em outras palavras, para o meio ambiente externo onde a
organização está inserida.
Papéis
de decisão – relacionados a
resolução de problemas e a tomada de decisões. Incluem os papéis de
empreendedor, controlador de distúrbios, administrador de recursos e negociador.
Papel
de Empreendedor: nesse papel o gerente é o iniciador e planejador de todas as
mudanças controladas na organização (reorganizações, implantação de melhorias,
novos processos, oportunidades com novos negócios, etc).
Papel
de Controlador de Distúrbios: é um papel que o gerente precisa desempenhar
quando surgem eventos imprevistos, situações parcialmente fora de controle e
conflitos.
Papel
de Administrador de Recursos: é um papel inerente a autoridade formal de um
gerente e está presente em praticamente toda decisão que o gerente precise
tomar. A administração / alocação de recursos inclui administrar o próprio
tempo, programar o trabalho de outros e autorizar decisões tomadas por
terceiros.
Papel
de Negociador: necessário quando a organização envolve-se com negociações que
fogem da rotina com outras organizações ou indivíduos (sindicatos, clientes,
fornecedores, credores ou empregados individuais).
O
desempenho dos papéis do gerente depende do nível hierárquico do mesmo. Para os
gerentes com níveis mais altos no organograma os papéis mais importantes são:
disseminador, símbolo, negociador, ligação e porta-voz. O papel do líder é
importante para gerentes em todos os níveis da organização. A especialidade do
gerente também influencia o desempenho dos papéis.
Mitos envolvendo o
trabalho do gerente segundo Mintzberg
Resultados de pesquisa do
autor realizada com gestores que trabalhavam nos Estados Unidos, Canadá,
Inglaterra e Suécia, e publicada no artigo The manager’s job: folklore and fact
na Harvard Business Review.
Mito
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Realidade
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O gerente é um planejador
sistemático e reflexivo
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Os gerentes trabalham num ritmo
inexorável, suas atividades se caracterizam pela brevidade, variedade e
descontinuidade e eles estão firmemente orientados para a ação, não
apresentando inclinações para atividades de reflexão.
|
O verdadeiro gerente não executa
atividades de rotina
|
Além de se ocupar com exceções, o
trabalho administrativo envolve a execução de uma série de deveres
rotineiros, incluindo rituais e cerimônias, negociações e processamento de
pequenas informações que ligam a organização ao seu meio ambiente.
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Os principais gerentes necessitam
de informações agregadas, que podem ser mais bem obtidas por meio de um
sistema formal de informações gerenciais
|
Os gerentes preferem a mídia
verbal, principalmente telefonemas e reuniões.
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A administração é, ou pelo menos
está se transformando rapidamente em, ciência e profissão.
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Os programas dos gerentes – para
organizar o tempo, processar informações, tomar decisões e outras coisas –
permanecem trancados em suas cabeças.
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Muito
interessante e surpreendente. Parece fazer sentido, quando pensamos em tudo que
envolve o trabalho de um gerente e no, muitas vezes, caótico dia a dia da sua
atividade nas organizações. Até o momento não encontrei um autor que desminta
Mintzberg ou diga que sua pesquisa é apenas uma peça de ficção.
Alguns livros se você deseja estudar esse autor:
Managing – Desvendando o Dia a Dia da Gestão. Editora Bookman, 2010.
Safari da Estratégia. Editora Bookman, 2010.
Criando Organizações Eficazes. Editora Atlas, 2006.
Bem, é isso aí. Até a próxima.
Artigo citado: MINTZBERG, Henry. The manager’s job: folklore and fact. Harvard Business Review, 1990.
Artigo citado: MINTZBERG, Henry. The manager’s job: folklore and fact. Harvard Business Review, 1990.
Disponível em < https://hbr.org/1990/03/the-managers-job-folklore-and-fact>
Acesso em 10 set. 2017.
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