terça-feira, 18 de outubro de 2016

O Ser Humano é Complicado

Abelhas são incrivelmente organizadas, trabalhando incansavelmente para o bem da colmeia. Elas fazem isso porque são geneticamente criadas para tal e seguem sua programação sem dúvida, questionamento ou culpa. Elas seguem o caminho que lhes foi traçado desde seu nascimento. As pessoas não são abelhas e é difícil lidar com elas.


O ser humano é complicado, certo? Certíssimo. Como pode alguém, em 2016, concorrendo ao cargo mais importante do planeta, ou seja, o de presidente dos Estados Unidos da America, fazer comentários grosseiros e vulgares sobre a própria filha, criticando-a por “ter relações sexuais com mulheres durante seu ciclo menstrual”? Esses comentários sobre as mulheres fazem a imprensa norte-americana citar essa pessoa como um homem com tendências à misoginia, ou seja, alguém com ódio ou aversão às mulheres. Estamos falando do Sr. Trump, candidato do partido republicano.  Me parece que é o que ele pensa. Mas não é só isso. Basta prestar atenção às declarações do Sr. Trump e verificar que ele não gosta de negros, hispânicos e nem de estrangeiros, especialmente os mais pobres, que propôs construir um muro para separar os Estados Unidos do México (e que enviaria a conta para os mexicanos pagarem), que afirmou que um militar americano morto em combate não deveria ser considerado herói, e tantas outras bobagens. Ele joga na mesa do debate político fortes sinais de intolerância e preconceito e oferece em troca os empregos que os americanos tanto anseiam. Apesar da história ter mostrado, em diferentes partes do mundo, exemplos de que esse tipo de liderança não produz bons resultados, há gente que concorda com ele. O resultado das urnas nas próximas eleições norte-americanas nos dirá se esses são ou não a maioria.

Martin Luther King disse que aprendemos a voar como pássaros e a nadar como peixes, mas não aprendemos a conviver como irmãos.

Vivemos em tempos de ódio, desconfiança e intolerância, presente em todas as partes. Com frequência recebemos notícias sobre ataques homofóbicos nas cidades brasileiras, mostrando que há grupos que não aceitam as diferenças de religião, cor da pele, opção sexual e tantas outras que nos distinguem como raça humana.  Mas não é só por aqui que isso acontece. Em setembro/2016, foi noticiado na Inglaterra que uma mulher teve seu hijab puxado para baixo por um homem. O ataque, que ocorreu em uma movimentada rua de Londres, foi motivado por intolerância racial. A vítima, de 20 anos de idade, não se feriu, mas ficou chocada e angustiada pelo que aconteceu, conforme foi informado pela polícia. Esse tipo de perseguição contra as mulheres, por diferentes motivos e desculpas, já acontece há muito tempo. As fotos abaixo falam por si só! 
  
 

Um homem de 46 anos encontrou R$ 11 mil dentro de um envelope e decidiu devolvê-lo ao dono, um empresário de Ji-Paraná (RO). Segundo Francisco Claudio, que está desempregado há 5 meses, toda história começou no dia 13 de maio, quando ele ficou sabendo por meio da TV local que um comerciante havia perdido mais de R$ 10 mil em uma avenida. Ao saber da informação, o homem foi ao endereço para tentar encontrar o envelope. “Fiquei pensando como o dono estava se sentindo e isso me motivou a procurar o dinheiro para devolver”, afirmou ao portal G1.
 
Agora, em matéria de cara de pau temos um vizinho que parece imbatível. Deu no website da revista Veja o seguinte: “No dia em que o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, recebeu o Nobel da Paz, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, criou um Prêmio da Paz ‘alternativo’, em homenagem ao antecessor Hugo Chávez, e anunciou o vencedor: o mandatário russo Vladimir Putin”. Inacreditável!!! Agora, aqui entre nós, a quem ele quer enganar?
Mas ainda temos mais um “torpedo” vindo da Inglaterra. Foi anunciado que o governo abandonou seus planos de forçar as empresas a revelar quantos funcionários estrangeiros tinham, em face da condenação generalizada e de acusações de que essa política era semelhante a tatuar trabalhadores "com números em seus antebraços". Eles estavam pensando nisso mesmo? Fala sério! Os nazistas, literalmente, fizeram isso com os judeus, nos campos de concentração. Fontes do governo britânico disseram que a informação seria confidencial, usada para identificar as competências disponíveis e não para envergonhar as empresas que dependem de trabalhadores estrangeiros. Parece coisa do "Grande Irmão", do livro 1984 de George Orwell. Que direito eles acham que tem pra se meter na vida dos outros? O jornalista, ensaísta e romancista britânico George Orwell publicou o livro 1984 no ano de 1949. O livro denunciou as mazelas do totalitarismo e tornou-se um dos mais influentes romances do século 20.
 
Mahatma Gandhi afirmava que a força não provêm da capacidade física. Provêm de uma vontade indomável. E ensinava que nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer. E que o futuro dependerá daquilo que fazemos no presente.
 
Um gari, que recebe menos de dois salários mínimos para trabalhar oito horas por dia, seis dias por semana, deu uma prova de honestidade e nobreza. Enquanto varria as ruas de Uruguaiana (649 km de Porto Alegre), na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, ele achou um cheque, em branco e assinado. Mais que depressa, o rapaz de 25 anos, pai de dois filhos, fez o que deveria ser natural a qualquer pessoa: devolveu ao dono.
 
Um taxista de Brasília encontrou dois mil dólares em notas de 50 dentro de uma mochila deixada por um passageiro no banco de trás do carro. O condutor, Maurício Quirino, conta que não hesitou em devolver a quantia para o dono, que havia embarcado no táxi, no aeroporto, na noite anterior. Taxista há 30 anos, Quirino relata que deixou o passageiro, um homem, segundo ele, bastante sério, na Octogonal. A corrida custou R$ 40.
 
Eu não poderia deixar de citar a entrevista do professor Clovis de Barros Filho à revista Isto É, cuja chamada foi: “Hoje, há uma espécie de proliferação da canalhice”. O professor Barros Filho afirma que “do ponto de vista de ganhos e perdas, toda vitória do canalha é negativa. O benefício obtido pelo canalha não compensa o prejuízo que a canalhice acarreta junto aos demais. Toda iniciativa canalha, tomando para si patrimônio público é contabilizada como prejuízo. É uma perda social ininterrupta e despotencializada, fragilizada pelo triunfo de dois ou três. Estamos assistindo uma transformação da sociedade brasileira que parece mais consciente da necessidade de buscar soluções do que procurar repetir iniciativas canalhas”.
 
Nelson Mandela acreditava que ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar.
 
Como é difícil sobreviver nos dias de hoje, no meio de tanto ódio, preconceito e medo! Ou talvez seja melhor dizer que ainda vivemos em uma selva, um verdadeiro inferno selvagem, que sempre esteve presente, e no qual a sobrevivência continua sendo muito difícil. Ou ainda melhor, talvez devêssemos copiar Sartre (filósofo Frances, 1905-1980) e concluir que o inferno são os outros, idiotas de plantão que nos irritam com sua canalhice. O leitor atento notou alguns bons exemplos que apareceram nesse texto. Isso porque, apesar de tudo, sim, há ainda bons exemplos que nos orgulham de pertencer a raça humana.
 
Não é possível, simplesmente, se livrar dos outros. Como fazer isso se vivemos coletivamente em sociedade? O ser humano é realmente complicado e isso torna a relação com as pessoas um sério desafio. Portanto, ter as ferramentas que possibilitam lidar com as pessoas, que nos ajudam a conviver com seus defeitos e também com suas virtudes, é uma parte crítica que aumenta as chances de solução dessa equação complicada. E tudo começa com as nossas escolhas, sobre quem são nossos amigos e colegas. Sim, os colegas nem sempre podemos escolher, mas devemos saber identificar quem é quem! Bem, é isso aí. Até a próxima.

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