Kant define o
ato de punir como o direito do soberano de infligir castigo ao súdito que
cometeu um delito. A punição, de maneira geral, tem como principais finalidades
a repreensão e a prevenção de comportamentos nocivos à sociedade. Acredita-se
que caso tais comportamentos não sejam punidos, eles passarão a fazer parte
daquilo que é considerado correto, moral e de direito. (*) Immanuel Kant (1724
– 1804), filósofo prussiano.
Os
projetos podem falhar por muitas razões, incluindo os erros individuais. Um
projeto concluído com atraso ou que não consegue ser concluído, que gasta mais
do que o valor orçado, que não alcança seus objetivos, dentre outros motivos, cria
um desequilíbrio na organização. Geralmente, as empresas não aceitam, assim
naturalmente, algo que não funciona como esperado. Afinal, o que saiu errado?
Porque foi feito todo esse esforço para nada? Quem causou a falha? Será que
existe um problema na organização – com alguém ou alguma coisa - que não
estamos conseguindo identificar? Esses são questionamentos muito comuns em
casos de projetos que fracassam.
Quando
um projeto falha é muito fácil apontar o dedo e acusar essa ou aquela pessoa,
como quem caça bruxas. Isso não é justo, mas acontece. A ideia de encontrar um
culpado e puní-lo rapidamente dá a impressão de reestabelecimento do equilíbrio
na organização. Mas, esse imediatismo, ou seja, a ação de simplesmente acusar
alguém de ser o culpado pelo fracasso do projeto não é ético.
Nenhuma
pessoa deve ser apontada como o causador do fracasso de um projeto, nem mesmo o
próprio gerente de projeto. Não existe o "eu" em equipe. Ou, pelo
menos, não deveria haver o tal do “eu”! Mesmo sendo o gerente de projetos o
responsável por assegurar a conclusão do projeto, muitas vezes um projeto pode
falhar apesar dos melhores esforços do gestor de projeto.
E se o
projeto gastou mais, atrasou ou não atendeu aos requisistos de qualidade porque
alguém da área de compras agiu de forma desonesta, recebendo propina, e selecionou um fornecedor
inadequado? Ou o atraso do projeto foi o resultado da enorme burocracia
interna? Ou a qualidade ruim do produto gerado pelo projeto foi consequência da
saída de especialistas para uma empresa concorrente? Bem, como podemos ver, para
entender as caudas de fracasso de um projeto há muito a ser considerado e
investigado.
Assim
sendo, nestes casos de não completamento do projeto ou de fracasso do mesmo,
deve-se dizer que a equipe falhou. Esta é a atitude mais ética, porque atribui
a culpa pelo fracasso a equipe como um todo, em vez de apenas culpar uma ou
duas pessoas. Isso não significa que as empresas não devam investigar as causas
de fracasso de seus projetos para encontrar soluções de melhoria. É bom que
façam isso e busquem melhorar continuamente, evitando o simplismo de acusar
alguém, como se desejassem apenas se livrar de uma situação embaraçosa e indesejada.
E como funciona a ética no gerenciamento de projetos?
Quando
se trata de gestão de projetos, a ética é extremamente importante, uma vez que
abrange valores morais, crenças e regras que definem o certo e o errado. O PMI
(Project Management Institute) possui um código de ética que tem o objetivo de
estabelecer um entendimento pleno da conduta profissional e auxiliar na tomada
de decisão quando se está diante de situações que possam comprometer a
integridade e os valores morais dos gerentes de projeto.
Os padrões de conduta estabelecidos
pela comunidade global de gerenciamento de projetos contemplam quatro valores,
definidos como os mais importantes: responsabilidade, respeito, justiça e
honestidade.
Responsabilidade – é o dever de assumir a
responsabilidade pelas decisões tomadas ou deixadas de tomar, as ações
praticadas ou deixadas de praticar, e as conseqüências delas resultantes. O
gestor não pode se envolver em qualquer comportamento ilegal, incluindo, mas
não se limitando a: roubo, fraude, corrupção, apropriação ou suborno. O gestor
não pode se envolver com blasfêmia ou difamação.
Respeito – é o dever de demonstrar elevada
consideração pelos recursos que foram confiados ao gestor, que envolvem
pessoas, dinheiro, reputação, a segurança de outros e os recursos naturais ou
ambientais. Um ambiente baseado no respeito gera segurança, confiança e
cooperação mútua, visando o desempenho do grupo e a valorização das ideias.
Justiça – é o dever de tomar decisões,
agindo de forma imparcial e objetiva. A conduta não pode considerar preconceitos,
favoritismos e os interesses próprios do gestor. O gestor deve demonstrar
transparência no processo de tomada de decisão e deve fornecer condições iguais
de acesso às informações durante um processo de licitação.
Honestidade – é o dever de compreender a verdade
e agir de maneira verdadeira, tanto nas comunicações como na conduta. O gestor
deve tomar medidas apropriadas para assegurar que a informação na qual está se
baseando para tomar as suas decisões ou para fornecê-la a outros, é precisa,
confiável e está no momento apropriado. O gestor não deve omitir resultados
negativos, evitando esconder informações ou transferir a culpa para outros. E
quando os resultados são positivos, o mérito deve ser dado a quem merece.
No website escritoriodeprojetos.com.br podemos
encontrar um conjunto de tópicos sobre o comportamento ético em projetos:
·
Faça sempre a coisa certa (mesmo);
·
Siga os processos estabelecidos;
·
Aja sempre com ética e profissionalismo com todos os
envolvidos;
·
Resolva os conflitos de interesse;
·
Reporte as violações;
·
Negocie os problemas;
·
Coloque sempre o projeto antes de seus interesses;
·
Compartilhe as lições aprendidas;
·
Aprimore suas competências.
Bem, é isso aí. Até a próxima.
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