segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Ética e Gerenciamento de Projetos

Kant define o ato de punir como o direito do soberano de infligir castigo ao súdito que cometeu um delito. A punição, de maneira geral, tem como principais finalidades a repreensão e a prevenção de comportamentos nocivos à sociedade. Acredita-se que caso tais comportamentos não sejam punidos, eles passarão a fazer parte daquilo que é considerado correto, moral e de direito. (*) Immanuel Kant (1724 – 1804), filósofo prussiano.

 
Os projetos podem falhar por muitas razões, incluindo os erros individuais. Um projeto concluído com atraso ou que não consegue ser concluído, que gasta mais do que o valor orçado, que não alcança seus objetivos, dentre outros motivos, cria um desequilíbrio na organização. Geralmente, as empresas não aceitam, assim naturalmente, algo que não funciona como esperado. Afinal, o que saiu errado? Porque foi feito todo esse esforço para nada? Quem causou a falha? Será que existe um problema na organização – com alguém ou alguma coisa - que não estamos conseguindo identificar? Esses são questionamentos muito comuns em casos de projetos que fracassam.
Quando um projeto falha é muito fácil apontar o dedo e acusar essa ou aquela pessoa, como quem caça bruxas. Isso não é justo, mas acontece. A ideia de encontrar um culpado e puní-lo rapidamente dá a impressão de reestabelecimento do equilíbrio na organização. Mas, esse imediatismo, ou seja, a ação de simplesmente acusar alguém de ser o culpado pelo fracasso do projeto não é ético.
Nenhuma pessoa deve ser apontada como o causador do fracasso de um projeto, nem mesmo o próprio gerente de projeto. Não existe o "eu" em equipe. Ou, pelo menos, não deveria haver o tal do “eu”! Mesmo sendo o gerente de projetos o responsável por assegurar a conclusão do projeto, muitas vezes um projeto pode falhar apesar dos melhores esforços do gestor de projeto.
E se o projeto gastou mais, atrasou ou não atendeu aos requisistos de qualidade porque alguém da área de compras agiu de forma desonesta,  recebendo propina, e selecionou um fornecedor inadequado? Ou o atraso do projeto foi o resultado da enorme burocracia interna? Ou a qualidade ruim do produto gerado pelo projeto foi consequência da saída de especialistas para uma empresa concorrente? Bem, como podemos ver, para entender as caudas de fracasso de um projeto há muito a ser considerado e investigado.
Assim sendo, nestes casos de não completamento do projeto ou de fracasso do mesmo, deve-se dizer que a equipe falhou. Esta é a atitude mais ética, porque atribui a culpa pelo fracasso a equipe como um todo, em vez de apenas culpar uma ou duas pessoas. Isso não significa que as empresas não devam investigar as causas de fracasso de seus projetos para encontrar soluções de melhoria. É bom que façam isso e busquem melhorar continuamente, evitando o simplismo de acusar alguém, como se desejassem apenas se livrar de uma situação embaraçosa e indesejada.
E como funciona a ética no gerenciamento de projetos?
Quando se trata de gestão de projetos, a ética é extremamente importante, uma vez que abrange valores morais, crenças e regras que definem o certo e o errado. O PMI (Project Management Institute) possui um código de ética que tem o objetivo de estabelecer um entendimento pleno da conduta profissional e auxiliar na tomada de decisão quando se está diante de situações que possam comprometer a integridade e os valores morais dos gerentes de projeto.
Os padrões de conduta estabelecidos pela comunidade global de gerenciamento de projetos contemplam quatro valores, definidos como os mais importantes: responsabilidade, respeito, justiça e honestidade.
Responsabilidade – é o dever de assumir a responsabilidade pelas decisões tomadas ou deixadas de tomar, as ações praticadas ou deixadas de praticar, e as conseqüências delas resultantes. O gestor não pode se envolver em qualquer comportamento ilegal, incluindo, mas não se limitando a: roubo, fraude, corrupção, apropriação ou suborno. O gestor não pode se envolver com blasfêmia ou difamação.
Respeito – é o dever de demonstrar elevada consideração pelos recursos que foram confiados ao gestor, que envolvem pessoas, dinheiro, reputação, a segurança de outros e os recursos naturais ou ambientais. Um ambiente baseado no respeito gera segurança, confiança e cooperação mútua, visando o desempenho do grupo e a valorização das ideias.
Justiça – é o dever de tomar decisões, agindo de forma imparcial e objetiva. A conduta não pode considerar preconceitos, favoritismos e os interesses próprios do gestor. O gestor deve demonstrar transparência no processo de tomada de decisão e deve fornecer condições iguais de acesso às informações durante um processo de licitação.
Honestidade – é o dever de compreender a verdade e agir de maneira verdadeira, tanto nas comunicações como na conduta. O gestor deve tomar medidas apropriadas para assegurar que a informação na qual está se baseando para tomar as suas decisões ou para fornecê-la a outros, é precisa, confiável e está no momento apropriado. O gestor não deve omitir resultados negativos, evitando esconder informações ou transferir a culpa para outros. E quando os resultados são positivos, o mérito deve ser dado a quem merece.
No website escritoriodeprojetos.com.br podemos encontrar um conjunto de tópicos sobre o comportamento ético em projetos:
·         Faça sempre a coisa certa (mesmo);

·         Siga os processos estabelecidos;

·         Aja sempre com ética e profissionalismo com todos os envolvidos;

·         Resolva os conflitos de interesse;

·         Reporte as violações;

·         Negocie os problemas;

·         Coloque sempre o projeto antes de seus interesses;

·         Compartilhe as lições aprendidas;

·         Aprimore suas competências.

Bem, é isso aí. Até a próxima.

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