A
revista Conexão do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas), de número 36, publicada para o período maio-junho de 2013, trouxe um
interessante conjunto de artigos abordando o desafio de selecionar e reter
talentos nas organizações. Sob o título geral de “Capital Humano”, a frase
chave da publicação foi a seguinte: “Selecionar e reter talentos são tarefas
essenciais para quem quer um negócio de sucesso”. A afirmação, sem sombra de
dúvida, faz todo o sentido.
“Treinar
bem para crescer”, de Enzo Bertolini, é o artigo dessa revista que estamos
destacando agora, na medida em que, como afirma o autor, os “colaboradores bem
treinados e orientados influenciam de forma positiva os resultados da empresa”
e, da mesma forma, podemos afirmar que influenciam também os resultados dos
projetos.
“Em um time de futebol campeão, é regra encontrar jogadores que trabalham em conjunto para
o sucesso da equipe. O entrosamento decorre da convivência, de muito
treino e a repetição de jogadas cria a curva de aprendizado, garantindo as
melhores escolhas e táticas para diferentes situações. Na rotina interna de uma
empresa, a situação é semelhante e a organização ganha ao contar com uma equipe
bem formada, preparada para o atendimento ao cliente e para a prestação de
serviços. Fora dos campos, o treino não é diferente. A simulação de
possibilidades no atendimento ao cliente permite que o funcionário exerça seu
papel de maneira completa e eficiente.
Antes de começar a
implantar um programa de treinamento, é importante analisar as necessidades da organização, especialmente em micro e pequenas empresas. “Nesses casos, a
equipe é enxuta e não há departamentos. Isso quando não existem áreas
terceirizadas ou trabalhos realizados pelos próprios sócios”, destaca o
consultor jurídico do Sebrae-SP, Paulo Melchor. Ele ressalta que a capacitação de um funcionário começa
no momento da contratação. “É i imprescindível que o contratado esteja
capacitado a desenvolver bem sua atividade, porque a concorrência é bastante acirrada.
As empresas devem estar bem preparadas.”Para o proprietário da ArqMega, David
Mantovani, treinamento é
importante para que a equipe não cometa sempre os mesmos erros. Situada
na Vila Albertina, Zona Norte de São Paulo, a empresa desenvolve e implanta
projetos de gestão documental, organização física e virtual de documentos, além
de serviços de logística e transferência ordenada de documentos, higienização e
restauro bibliográfico.
A equipe de funcionários precisa ser constantemente treinada,
pois os perfis dos clientes são distintos e exigem diferentes ações. “Procuro
padronizar o conhecimento da equipe com uma apresentação básica, para que todos
tenham o mesmo conceito. Conforme passo novas funções, faço treinamentos
específicos”, ensina Mantovani. Os primeiros 30 dias do empregado na organização são essenciais. “É
quando a pessoa conhece a política e as diretrizes da empresa. Além
disso, a companhia já deve ter mapeado, por função, os conhecimentos mínimos
necessários”, explica o diretor presidente da Gemte Consulting, Josué Bressani.
A empresa, localizada na região central da capital paulista, presta consultoria
em negócios e gestão de pessoas.
Em relação à metodologia de aplicação de treinamentos, há
variantes que dependem do perfil da empresa. A capacitação interna, muitas vezes, pode ser realizada
de uma forma eficaz por funcionários com mais tempo de casa. “Esses métodos
internos normalmente contam com mais prática e menos teoria”, afirma Melchor. O
uso do conhecimento interno em treinamentos ocorre, por exemplo, na 4Works
Informática. A empresa, localizada em Santana, na Zona Norte da capital
paulista, oferece serviços em tecnologia da informação. Com conhecimento adquirido
em um curso Empretec, realizado em 2010, sobre comportamento e características
do empreendedor, o treinamento é responsabilidade do proprietário da empresa,
Adriano Urbano Sposito. “A
cada duas semanas, debatemos um tópico de um livro sorteado previamente. É um
incentivo para o funcionário ler e aprender durante o debate”, explica. Empreendedores
de negócios de pequeno porte podem enxergar o treinamento como algo custoso e não
dedicar tempo para a atividade. “Mesmo quem não tem capital, pode e deve
colocar as pessoas para fazer cursos, participar de congressos e eventos, dar
material de leitura”, reforça Bressani. Na 4Works, Sposito diz que gasta pouco
com treinamento devido a pequenas ações e, ainda assim, mantém um ciclo
constante.
Não importa se dentro ou fora, o consultor do Sebrae-SP destaca
a importância de buscar capacitação. “Temos vários cursos de gestão empresarial,
financeira e jurídica, questões trabalhistas, marketing, tecnologia e sobre
plano de negócios que garantem uma visão sistêmica, além de palestras gratuitas
e treinamentos pela internet.” Com tempo curto e serviço valioso, é fundamental para o empresário fornecer
orientação adequada aos colaboradores.
Treinamento deve ocorrer a partir de uma necessidade. “Só
treino porque tenho objetivo de chegar a um fim”, explica Bressani. O
atendimento ao cliente é um dos diferenciais da 4Works e, por isso, Sposito
dedica muita conversa com seus colaboradores sobre a área. “Se bem realizado,
ajuda a empresa a conquistar novos clientes.” No fim de 2012, a empresa participou
de uma rodada de treinos sobre como satisfazer e encantar clientes, realizado
na Regional Norte do Sebrae-SP. Vale destacar que muitas vezes é o próprio
sócio ou dono que precisa capacitar-se. “É diferente atuar na empresa e atuar
para a empresa”, diz Melchor. Com frequência, o empreendedor sabe atuar na linha
de produção, mas não sabe gerir e confunde as ações, especialmente em pequenos
negócios. “É necessário desenvolver
diferentes habilidades, entre elas: busca de oportunidades e iniciativa;
persistência; independência; autoconfiança; comprometimento; exigência de
qualidade; eficiência; correr riscos calculados; buscar informações;
estabelecer metas; planejamento e monitoramento sistemáticos; persuasão e rede
de contatos”, assegura”.
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