Como
estabelece uma máxima da sabedoria universal, prevenir é melhor do que
remediar. Segundo a Wikipedia, “o simples fato de uma atividade existir, abre a
possibilidade da ocorrência de eventos ou combinação deles, cujas consequências
constituem oportunidades para obter vantagens ou então ameaças ao sucesso”.
Portanto, esse evento aleatório, futuro e que independe da vontade humana que é
o risco, poderá causar diferentes efeitos sobre o projeto. É de fundamental
importância identificar os riscos, analisá-los qualitativamente e
quantitativamente e, como um praticante da verdadeira gestão proativa,
estabelecer formas de lidar com essas ameaças e oportunidades.
Quando se
analisa os riscos de um projeto é muito importante conhecer, além das
características técnicas do mesmo, as pessoas, processos e sistemas da
organização. Tendo em mãos essas entradas será possível aplicar ferramentas
qualitativas e quantitativas para análise de riscos.
Na gestão
dos riscos negativos, o tratamento se dá através de estratégias que eliminem,
mitiguem, transfiram ou mesmo aceitem esses riscos. A escolha de uma dessas
estratégias depende da importância relativa do risco que, geralmente, é medida
considerando a probabilidade do risco ocorrer e do impacto que esse risco possa
causar ao projeto. Resumidamente, cada estratégia de tratamento dos riscos
negativos pode ser descrita da seguinte forma:
Eliminar o risco: alterar o plano de
gerenciamento do projeto para remover totalmente a ameaça;
Transferir o risco: exige a mudança de alguns ou de
todos os impactos negativos de uma ameaça, com a transferência da
responsabilidade da resposta para um terceiro;
Mitigar o risco: implica na redução da
probabilidade e/ou do impacto de um evento de risco negativo para limites
aceitáveis. Adotar uma ação antecipada para reduzir a probabilidade e/ou o
impacto de um risco ocorrer no projeto é, em geral, mais eficaz do que tentar
reparar o dano causado depois do risco ter ocorrido;
Aceitar o risco: indica que o plano de
gerenciamento do projeto não foi alterado em função desse risco. Essa
estratégia é adotada porque raramente é possível eliminar todas as ameaças de
um projeto.
Por sua
vez, na gestão dos riscos positivos do projeto é de fundamental importância preparar
a organização para analisar suas fontes, avaliar oportunidades e implantar
controles que maximizem sua probabilidade de ocorrência ou magnitude de ganhos
resultantes. As principais estratégias para tratar riscos positivos são as
seguintes:
Explorar o risco: essa estratégia é escolhida
quando a organização deseja garantir que a oportunidade seja concretizada. Exemplos
de respostas de exploração direta incluem a alocação de recursos mais
talentosos da organização para o projeto objetivando a redução do tempo de
conclusão ou proporcionando um custo mais baixo em relação ao que foi
originalmente planejado;
Compartilhar o risco: inclui alocar integral ou
parcialmente uma determinada oportunidade para um terceiro que reconhecidamente
tenha mais capacidade de capturar a oportunidade para benefício do projeto. Um
exemplo bastante usado de compartilhamento de oportunidades se dá através de
parcerias entre empresas;
Melhorar o risco: essa estratégia é usada para
aumentar a probabilidade e/ou os impactos positivos de uma oportunidade.
Exemplos de melhoramento de oportunidades são o acréscimo de mais recursos a
uma atividade para terminar mais cedo.
Aceitar o risco: significa o desejo de
aproveitar a oportunidade caso ela ocorra, mas não persegui-la ativamente.
Como dito
anteriormente, os riscos positivos são oportunidades para o projeto. Para
identificá-los, devemos fazer a seguinte pergunta: - o que pode acontecer que
deve ser aproveitado e explorado pelo projeto? Para desenvolver melhor essa ideia,
veremos, a seguir, alguns exemplos de riscos positivos.
Exemplo
1: Usar uma nova tecnologia
Novas
tecnologias, mesmo não sendo bem conhecidas, tem um enorme potencial de
produzir ganhos de produtividade para o projeto. Portanto, a decisão de usar
uma nova tecnologia pode estar associada a uma oportunidade (risco positivo). Entretanto,
essa decisão precisa ser tomada com bastante cuidado, pois a oportunidade
poderá tornar-se uma ameaça. Na hipótese da equipe não conseguir usar
corretamente essa nova tecnologia, ela poderá atrapalhar mais do que ajudar.
Exemplo
2: Entrega antecipada
Estamos
mencionando aqui a hipótese de antecipação na entrega de um determinado
equipamento ou máquina a ser usada no projeto. Essa antecipação fez com que o
prazo de instalação do equipamento (ou da máquina) fosse reduzido para
benefício do projeto. Se, por exemplo, a atividade de instalação do equipamento
está no caminho crítico, isso poderá reduzir o prazo total inicialmente previsto
no cronograma do projeto.
Exemplo
3: Melhoria na comunicação da equipe
Se refere
ao caso de uma especialista vinda de fora do país e nas dúvidas que haviam na
equipe quanto a capacidade de
comunicação dessa especialista. Portanto, esse era um risco avaliado, num
primeiro momento, como negativo. Entretanto, o gerente de projetos sabia que,
apesar de estrangeira, a especialista tinha uma enorme experiência e grande conhecimento
técnico, além de muitas referências positivas em relação a sua capacidade de
trabalhar em equipe. Isso ficou evidente desde o primeiro momento da
especialista com a equipe, pois ela era muito simpática, comunicativa e
acessível, dominando o inglês e o espanhol. Em menos de seis meses a especialista já
estava se comunicando de forma excelente num perfeito portunhol e o projeto
caminhou muito bem, produzindo resultados superiores aos esperados pelo cliente
final.
Exemplo
4: Variação cambial
Essa
oportunidade está relacionada à hipótese do projeto necessitar adquirir algum
item importado. Se a moeda nacional se valoriza em relação ao dólar (norte-americano),
o projeto pode gastar menos Reais na importação desse item, e essa redução de
custos beneficiará o projeto.
Exemplo
5: Doações
Mesmo que
os itens de um projeto tenham sido orçados, dentro do plano de gerenciamento do
projeto, existe a probabilidade de algum item ou serviço ser obtido através de
doações. Essa oportunidade produzirá um benefício de redução de custos para o
projeto.
Exemplo
6: Descoberta de novas oportunidades
Se refere
a hipótese do projeto encontrar uma nova oportunidade não inclusa em seu escopo
inicial. Quando, durante a pesquisa para perfuração de um poço de petróleo em
uma região se descobre em outro local próximo uma área com grande potencial
para um novo poço. Ou quando se explora uma jazida mineral para um determinado
minério e, além desse, é encontrada uma nova jazida de outro minério também valioso.
O
gerenciamento de riscos começa com a identificação dos riscos, que como
dissemos, poderão ser negativos ou positivos. O passo seguinte será a análise
qualitativa dos riscos, onde se estabelece, dentre os riscos previamente
identificados, uma escala de prioridades. Em seguida, é feito o processo de
analisar numericamente o efeito dos riscos identificados. Essa é a análise quantitativa
dos riscos. Em seguida, são desenvolvidas as estratégias de tratamento dos
riscos, com o objetivo de maximizar as oportunidades e minimizar as ameaças. Mas
nada disso terá utilidade se os riscos não forem monitorados e controlados,
através de análise de variações e tendências, que requerem o uso das
informações de desempenho geradas durante a execução do projeto. Mas isso é
assunto para um novo post.