sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Sobre Resistência à Mudança

 

O mundo em que vivemos está em estado permanente de incertezas e turbulências que provocam mudanças às quais as organizações precisam responder em um ritmo que parece ter alcançado proporções nunca antes imaginadas. Sim, isso não é novidade. As organizações precisam se ajustar a essas mudanças para sobreviver e crescer.

A gestão de mudanças é um assunto amplo e pode ser aplicado a todos os diferentes tipos de mudanças organizacionais. Os drivers de mudança mais comuns incluem: evolução tecnológica, revisões de processos, crises e mudanças de hábitos do consumidor, bem como pressão de novos negócios, aquisições, fusões e reestruturação organizacional. Todos eles têm uma característica em comum – eles afetam as pessoas e seus paradigmas.

Para que uma organização sobreviva, ela tem de responder às mudanças em seu ambiente, fazendo os ajustes necessários. Costuma provocar mudanças o lançamento de um novo produto pela concorrência, de novas leis pelo governo ou de modificações no comportamento dos consumidores.

É difícil mudar. Ninguém dá nada de mão beijada. Mudar gera conflitos. As pessoas têm que aprender a fazer coisas diferentes e lidar com novas tecnologias. Nas empresas é melhor que a mudança ocorra de forma planejada. Como o sucesso, ou o fracasso, de uma empresa se deve essencialmente às coisas que seus funcionários são ou não capazes de realizar, a mudança planejada – que leva em conta novas tecnologias, processos, relacionamento com clientes e fornecedores - também está voltada para a mudança do comportamento das pessoas e dos grupos dentro da organização.

A gestão de mudança deve auxiliar as organizações a se adaptar as abordagens de pensamento inovador, expandir sua comunicação para compartilhar sua visão e construir um rápido alinhamento. Isso já tinha sido detectado pelo PMI em 2017 e registrado no relatório Pulse of the Profession daquele ano, que indicava que 67% dos executivos seniores consideram a criação de uma cultura receptiva à mudança organizacional como prioridade alta ou muito alta. Em 2022, já num cenário de pós-pandemia, em que muitas mudanças claramente perceptíveis no ambiente de trabalho ocorreram, o percentual de executivos que atribui alta prioridade a criação de uma cultura receptiva à mudança deve ter aumentado.

A realidade das mudanças organizacionais no mundo nos mostra que entregar um projeto dentro do prazo planejado, custo, qualidade e o escopo não é mais suficiente. A expectativa agora é que os objetivos estratégicos que motivaram o projeto sejam medidos por metas qualitativas e quantitativas, que exigem engajamento do componente humano para serem alcançados. Por essa razão, a falta de uma abordagem de gestão da mudança impacta fortemente no alcance dos resultados das iniciativas estratégicas.

As organizações e seus membros resistem à mudança. O lado positivo desse fato é que ele fornece um grau de estabilidade e previsibilidade ao comportamento, quando não assume características de aleatoriedade caótica. O lado negativo é que ele dificulta a adaptação e o progresso das organizações.

Para fins analíticos, as fontes de resistência à mudança podem ser individuais e organizacionais. No mundo real, tais fontes geralmente se sobrepõem.

As fontes individuais de resistência à mudança residem em características humanas, como percepções, personalidades, e necessidades. De forma resumida, as razões pelas quais os indivíduos podem resistir à mudança são hábitos, segurança, fatores econômicos, medo do desconhecido e processamento seletivo de informações.

Com medo do desconhecido, os indivíduos assumem que seu estado atual é melhor do que qualquer que seja o estado ajustado e modificado pela mudança. Além disso, os indivíduos costumam processar as informações de forma seletiva. Eles ouvem o que querem ouvir e ignoram informações que desafiam o mundo que criaram.

Por sua vez, as principais fontes de resistência organizacional à mudança foram identificadas como inércia estrutural, foco limitado de mudança, inércia do grupo, ameaça à expertise, ameaça às relações de poder estabelecidas e ameaça às alocações de recursos estabelecidas. Muitas dessas coisas já foram comentadas aqui nesse espaço por mais de uma vez.

Nesses tempos de transformação digital, muitos de vocês talvez tenham experimento ou percebido alguns dos aspectos e situações abordadas nesse post. A boa notícia é que tudo isso é uma excelente matéria prima e pode ser aproveitado no seu TCC. Espero que vocês tenham gostado desse conteúdo. É isso aí, até a próxima!

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