As coisas que acontecem nas
organizações podem surpreender até os gerentes de projeto mais experientes e,
portanto, a teoria do gerenciamento de projetos só pode ajudar até certo ponto
na tomada de decisões que afetam pessoas reais trabalhando em projetos planejados
e executados em organizações reais.
Para encarar essa questão, os
gerentes de projetos podem combinar as teorias e conceitos sobre gestão de
projetos com a arte da gestão de pessoas. Aqui é evidente que o objetivo dessa
combinação é poder alcançar melhores resultados. O gerenciamento de projetos
usa números e estatísticas em suas estimativas e previsões, e usa também, em um
mesmo plano de importância, a habilidade de liderança, colaboração e trabalho
em equipe. Tudo isso precisa ser levado em conta no plano do projeto e nas
estratégias do gerente de projetos.
Essa reflexão nos leva ao debate
sobre como o gerente de projetos deve se comportar nos projetos. O gerente de
projetos deve manter uma abordagem “proativa” ou mais moderada (menos “proativa”)
em relação às questões que envolvem o projeto?
Por abordagem proativa,
compreenda-se adotar um comportamento que favorece o intervencionismo do
gerente de projetos, significando a intervenção no dia a dia do projeto. Essa
abordagem se manifesta, por exemplo, no setor de TI, onde o gerente de projetos
é chamado a se envolver nos aspectos técnicos do projeto, que incluem a
participação no design, codificação e outras atividades. Não se pode dizer
que esse fenômeno seja restrito apenas ao setor de TI, pois esse envolvimento
mais direto do gerente de projetos pode ocorrer em outros tipos de projetos e
segmentos de negócio.
Vale mencionar também que existem
organizações que tratam a função de gerente de projetos com bastante clareza,
definindo o papel e as responsabilidades dessa função. Isso geralmente
acontece em organizações matriciais, onde a estrutura é tal que há
muita ênfase na clareza dos papéis dentro da organização.
Muitos já tentaram responder,
sem sucesso, a pergunta sobre se o gerente de projetos deve ser o centro do
universo ou apenas um maestro dirigindo a sinfonia dentro de uma organização. Eu
até entendo que alguns profissionais desfrutam dessa dúvida. Para aqueles que
ocupam posições secundárias de líder de projetos, sem desfrutar de poder real, tendo
que se virar, sendo competentes e, ao mesmo tempo, criativos para influenciar
as partes interessadas, ser o centro do universo soa como um exagero. Eu diria
que ser um maestro já é muito, mas isso pode ser pouco se o que está na mente
do indivíduo é a máxima do céu é o limite.
No mundo acelerado das
organizações e do gerenciamento de projetos, o papel central de um gerente de
projeto garante que ele esteja sempre no meio da ação e no meio das coisas. A
gestão de projetos é uma profissão cada vez mais necessária em nosso mundo em
constante mudança. Os projetos são a melhor forma para uma organização
implementar mudanças bem sucedidas.
Muitos acreditam que o gerenciamento de projetos é uma atividade altamente contextual e
dependente da situação, que a teoria só pode apontar o caminho e cabe ao gerente
de projetos tomar as decisões e trilhar o caminho de acordo com cada situação. Dependendo
da situação será possível, ou não, levar o projeto adiante e satisfazer as
partes interessadas. Então, sendo razoável, podemos entender que existe uma parcela
importante do eventual fracasso do projeto que pode ser atribuída a situação em
que o projeto se encontra. Em outras palavras, nem sempre o projeto fracassa
por culpa do gerente de projetos. Nesse caso, o gerente de projetos fez tudo
que estava à seu alcance para levar o projeto a bom termo, mas a situação ruim
o impediu de fazer isso acontecer.
Mas nem todos pensam de forma
razoável nesse nosso mundo. Alguns compartilham da crença que estabelece que um
gerente de projetos deve, qualquer que seja a situação, ter o equilíbrio
necessário para reunir os diferentes requisitos das partes interessadas e, em
seguida, garantir que tudo se encaixe com o objetivo comum de atender às
entregas do projeto. E quando a situação que se coloca dificulta
seriamente ou, até mesmo, não permite que isso aconteça, não interessa. A culpa
pelo fracasso de um projeto é sempre colocada na "inabilidade" do gerente do
projeto. Sendo assim, o gerenciamento de projetos deve proporcionar
satisfação ao cliente e valor para as partes interessadas, não importando o
contexto em que o projeto se encontra.
São muitas áreas cinzentas para
levar em conta na profissão do gerente de projetos. E você, o que pensa sobre
esse tema? Deixe seus comentários! É isso aí, até a próxima.