domingo, 22 de fevereiro de 2015

Coletando Dados para o seu TCC – Parte 2

A pesquisa qualitativa, se bem planejada e executada, pode ser um elemento enriquecedor do trabalho de conclusão de curso (TCC) do aluno de pós-graduação. Se o nosso foco é o estudo do gerenciamento de projetos, o ambiente de pesquisa inclui o universo das organizações públicas e privadas. Nesse tipo de pesquisa procura-se interpretar fenômenos e atribuir significados, tendo o ambiente das organizações como fonte direta para coleta de dados. Sim, mas o que o estudante deve incluir em sua pesquisa? Onde encontramos o lugar para extrair as perguntas para o nosso questionário de pesquisa? Vimos no post “Coletando Dados para o seu TCC – Parte 1” que as hipóteses do projeto do TCC funcionam como um guia para os passos seguintes do projeto e para o percurso da pesquisa. As hipóteses são uma boa fonte de ideias para perguntas, uma vez que poderão ser confirmadas ou negadas.

Definido o assunto a ser pesquisado, que é basicamente derivado das hipóteses do TCC, um questionário deverá ser elaborado. Esse questionário será o instrumento de coleta. Em um próximo post trataremos, com um pouco mais de detalhe, da elaboração de questionários de pesquisa. No momento, é importante ressaltar que será necessário definir a população a ser estudada ou, em outras palavras, definir para quem o questionário será enviado (pessoas em certa faixa etária, com determinada escolaridade, que estejam trabalhando em empresas com determinado porte, dentre outras condições). Em muitos casos, essa população pode estar na própria empresa em que o estudante trabalha, ou pode ser formada por colegas que trabalhem em condições semelhantes e ambientes parecidos com o ambiente que se deseja pesquisar. Tendo o questionário, o mesmo deverá ser carregado em um website que facilite a sua distribuição para a população de respondentes e que permita a coleta das respostas. É isso que veremos no presente post. Uma vez coletados os dados realiza-se a análise dos mesmos e a elaboração do relatório da pesquisa.
A pesquisa qualitativa não requer o uso de técnicas estatísticas, mas pode usá-las apenas como suporte. Será muito importante não esquecer que o próprio aluno que elabora o TCC é o pesquisador, o agente fundamental desse processo.
Implementar um questionário de pesquisa no Survey Monkey – que é o nosso instrumento de coleta - não é algo complexo e que tome muito tempo, desde que essa pesquisa não tenha uma quantidade muito grande de questões. Isso porque a parte mais difícil do processo será fazer as pessoas responderem a pesquisa e, por conta disso, não recomendo usar questionários longos e trabalhosos para o respondente. Sim, será necessário, mais uma vez, ser bastante persistente e objetivo. Dito isso, vamos aos passos necessários para carregar a pesquisa no Survey Monkey.

O primeiro passo é entrar na Internet e acessar o website do Survey Monkey em português. Para isso, basta clicar aqui!

A página do Survey Monkey contém explicações suficientes para orientar o usuário em seus primeiros passos. Mesmo assim, inclui algumas boas dicas nesse post.

Figura 1: Página inicial do Survey Monkey em português.

A partir da página inicial (figura 1), clique em login.
 
Figura 2: Página de login.

Se esta é a sua primeira vez, clique em “Ainda não possui uma conta? Inscreva-se” para criar a sua própria conta (figura 2). Nas próximas vezes, você deverá clicar em “Login”, para entrar.
 
Figura 3: Criando um questionário.

A próxima tela mostrará todos os seus questionários (figura 3). Se você está começando, não haverá nenhum questionário sendo mostrado. No meu caso, a tela mostra o questionário “Interrupções no Trabalho”, carregado anteriormente. O serviço básico do Survey Monkey é gratuito. Conforme o questionário vai sendo carregado o programa oferecerá funcionalidades adicionais pagas. O mesmo ocorre nas etapas de coleta e de análise de dados. Este exemplo usou apenas o serviço básico gratuito.

Para carregar um questionário basta clicar em “Criar questionário”, como indicado na figura 3.
 
Figura 4: Entrando o título e a categoria do questionário.

A tela de criação de questionário, mostrada na figura 4 acima é bastante intuitiva. No campo “Título”, você deve escrever o nome do seu questionário de perguntas e no campo “Categoria”, você deve escolher uma entre as categorias disponíveis. Nesse exemplo o título foi “Exemplo de Questionário” e a categoria foi “Recursos humanos”. Em seguida, clique em “Continuar”.
 
Figura 5: Definindo a aparência do questionário.

Agora, já será possível ver as abas “Resumo”, “Criar questionário”, “Coletar respostas” e “Analisar os resultados”. No nosso “Exemplo de Questionário”, a aba mais clara - que indica onde estamos no programa - deve estar em “Criar questionário”. É também mostrada a opção de temas, que serve apenas para alterar a aparência do questionário. No exemplo, eu selecionei o tema “Água” (figura 5). Ainda nessa tela, indo um pouco mais para baixo, podemos visualizar o seguinte (figura 6):
 
Figura 6: Adicionando um pergunta.

Nesse momento, você deve clicar em “Adicionar pergunta”. A tela à seguir (figura 7) surgirá, mostrando um campo para o texto da pergunta e a escolha do tipo de pergunta.
 
Figura 7: Entrando com o texto da pergunta e definindo o tipo de pergunta.

Depois de digitada a pergunta e escolhido o tipo dessa pergunta, essa tela terá a aparência mostrada na próxima figura 8. Note que existem vários tipos de perguntas, mas o tipo escolhido para esse exemplo foi “Múltipla escolha (uma única resposta)”. Isso significa que serão apresentadas algumas alternativas de resposta e o respondente poderá escolher apenas uma delas.
 
Figura 8: Selecionando um formato de exibição da pergunta.

Há ainda o campo “Selecionar um formato de exibição” que serve para definir o formato geral da questão (ver na figura 9 abaixo).
 
Figura 9: Adicionando a próxima pergunta.

A opção “Exibir opções como botões (1 coluna)”, escolhida para esse exemplo, indica que as opções de resposta (ou alternativas) serão exibidas uma embaixo da outra, tendo cada alternativa um pequeno botão de resposta.

Dentro do campo de “Opções de resposta” digitei o texto de cada uma das seis alternativas, sendo uma embaixo da outra. Eu escolhi que essa pergunta tivesse seis alternativas de resposta. Eu poderia ter definido apenas quatro alternativas de resposta ou, se desejasse, poderia ter definido dez alternativas para essa questão. A quantidade de opções de resposta é uma escolha do pesquisador, mas deve ser usada com bom senso e objetividade. Devemos ter uma quantidade de respostas que cubra todas ou quase todas as situações mas, ao mesmo tempo, essa quantidade não pode ser tão grande que confunda o respondente ou o deixe tentado a desistir de responder o questionário. Ninguém tem tempo ou gosta de responder a um questionário muito grande e chato.

Uma vez concluída a primeira pergunta, você deve clicar em “Salvar e adicionar próxima pergunta”. Outras perguntas de múltipla escolha, no mesmo formato da primeira, poderão ser carregadas seguindo os mesmos passos antes descritos. Para fins do TCC, recomendo que o questionário tenha até 5 perguntas no máximo. Além de perguntas de múltipla escolha, o estudante poderá incluir uma questão final que permita ao respondente escrever um texto de resposta com sua opinião sobre um determinado assunto ou mesmo com sugestões de melhoria.
 
Figura 10: Salvando e fechando o questionário.

Isso pode ser visto na figura 10 acima. No campo do “Texto da pergunta” foi digitado, para esse exemplo, o seguinte: “Escreva uma sugestão para melhorar o resultado dos projetos na empresa”. No campo “Tipo de pergunta” foi selecionada a opção “Caixa de comentário/dissertação”. Além disso foi clicado na opção “Exigir resposta para a pergunta”, implicando em resposta obrigatória de cada respondente para esse item.

Depois de terminado o carregamento do questionário de perguntas, basta clicar em “Salvar e fechar” (figura 10). Então, o programa irá para uma tela de fechamento do questionário de pesquisa.
 
Figura 11: Obtendo o link do questionário.

Desse ponto, ainda será possível voltar e modificar textos de perguntas, de alternativas de respostas e outros tipos de seleção relacionados ao questionário. Portanto, ainda haverá tempo de editar e melhorar até que o questionário seja considerado realmente pronto para atender as necessidades da pesquisa. Quando isso ocorrer, o aluno deverá clicar em “Enviar questionário” (figura 11). Isso carrega o questionário final na base de dados do website Survey Monkey e gera uma tela com um link de acesso ao mesmo (ver figura 12 abaixo).
 
Figura 12: Tela que exibe o link do questionário.

Tendo esse link em mãos, o estudante poderá enviar e-mails à população de respondentes, informando o endereço do link de acesso ao seu questionário de pesquisa.
 
Figura 13: Tela de monitoração do questionário de pesquisa.

É uma boa prática estabelecer um prazo no qual o questionário deverá ser acessado e respondido. Para monitorar e acompanhar os resultados, o estudante deverá entrar em sua conta no Survey Monkey, acessar o seu questionário de pesquisa e verificar o andamento das respostas. Para isso, basta clicar na aba “Analisar os resultados” (figura 13). O aluno poderá fazer o monitoramento do seu questionário diariamente ou, até mesmo, várias vezes ao dia.

Pode até parecer um pouco complicado todo esse conjunto de etapas e regras, especialmente para quem se inicia no Survey Monkey. Mas, o material disponível que explica o funcionamento do website foi muito bem elaborado e ajuda muito a todos os usuários.   

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domingo, 15 de fevereiro de 2015

Resultados da Pesquisa “Interrupções no Trabalho”


No final de janeiro de 2015 desenvolvemos uma pesquisa sobre as “Interrupções no trabalho” com apenas 5 questões. Além dos resultados da pesquisa em si, que iremos apresentar nesse post, esse trabalho foi útil para criar um exemplo de pesquisa qualitativa de fácil execução estando, portanto, ao alcance da maioria dos estudantes de graduação e pós-graduação. Apesar de ter utilizado um website especialista em pesquisas, o Survey Monkey, a pesquisa não custou um único centavo. Uma pesquisa qualitativa, se bem executada, pode se tornar um importante elemento de um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). 
   
 
Estou preparando um post que explica o passo à passo para criação de uma pesquisa usando o Survey Monkey que espero seja útil para todos que acompanham esse blog. É claro, aproveito para agradecer a todos aqueles que responderam o questionário. Agora, vamos aos resultados da pesquisa “Interrupções no Trabalho”.

(I)- Características gerais
Tema: Interrupções no trabalho
Período: de 05/janeiro à 07/fevereiro de 2015
Quantidade de questões: 05
Quantidade total de respostas: 123
Quantidade de respostas válidas: 100
Perfil dos respondentes: mais de 90% dos respondentes são pessoas empregadas em empresas publicas ou privadas, com curso superior e na faixa etária entre 25 à 35 anos. Só foram consideradas 100 respostas devido ao limite máximo imposto pelo site Survey Monkey para pesquisa gratuita.
(II)- Para a pergunta “Você costuma ser interrompido no trabalho quando está tentando completar uma tarefa?”, o resultado foi o seguinte:

·         Algumas vezes ao dia: 50%

·         Muitas vezes ao dia: 37%

·         Raramente: 13%

·         Nunca: 0%
(III) – Para a pergunta “Quem interrompe você com mais frequência?”, o resultado foi o seguinte:

·         Colegas da empresa: 60%

·         Clientes externos: 17%

·         Chefe: 15%

·         Outros: 8%
(IV) – Para a pergunta “Em média, quantas vezes ao dia você é interrompido?”, o resultado foi o seguinte:

·         Entre 1 e 3 vezes ao dia: 40%

·         Entre 4 e 6 vezes ao dia: 30%

·         Mais que 6 vezes ao dia: 30%

·         Nunca sou interrompido: 0%
(V) – Para a pergunta “Os problemas de gestão do tempo e dos prazos sempre apertados causam angústia, baixa auto-estima ou insatisfação no seu ambiente de trabalho?”, o resultado foi o seguinte:

·         Algumas vezes senti angústia ou insatisfação no trabalho: 50%

·         Muitas vezes sinto angústia ou insatisfação no trabalho: 27%

·         Raramente sinto angústia ou insatisfação no trabalho: 22%

·         Nunca sinto angústia ou insatisfação no trabalho: 1%
 (VI) – Para a pergunta “Frequentemente você se vê na situação de não saber que tarefas tem para trabalhar e quais são as prioridades?”, o resultado foi o seguinte:

·         Nunca sou informado sobre as prioridades no meu trabalho: 10%

·         Algumas vezes sou informado sobre as prioridades no meu trabalho: 49%

·         Muitas vezes sou informado sobre as prioridades no meu trabalho: 23%

·         Sempre sou informado sobre as prioridades no meu trabalho: 18%

Um resumo da presente pesquisa confirma a seguinte premissa: o trabalho dos colaboradores nas empresas sofre interrupções e isso ocorre diariamente para a maioria das pessoas. Além disso, a pesquisa indicou que são os colegas de trabalho os principais causadores de interrupções para 60% dos respondentes. Os problemas de gestão do tempo e os prazos sempre apertados levaram 50% dos respondentes a sentir angústia ou insatisfação no trabalho algumas vezes. E apenas 18% dos participantes da pesquisa afirmaram que são sempre informados sobre as prioridades no trabalho.

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domingo, 8 de fevereiro de 2015

Sobre o Gerenciamento das Aquisições em Projetos

A gestão de aquisições em projetos trata de um conjunto de processos relativos a obtenção de bens e serviços de empresas externas que serão usados no projeto. Isso refere-se especificamente a relação entre duas entidades bastante conhecidas e que exercem papéis muito bem definidos: compradores e fornecedores.
Os projetos são implementados, basicamente, por e para empresas que, principalmente, por conta de suas operações, possuem áreas encarregadas em tratar com fornecedores e realizar suas compras, como parte do seu planejamento e controle da cadeia de suprimentos. Por outro lado, a importância relativa das áreas de compras nas organizações vem aumentando sobremaneira, sendo possível observar em muitas delas, os antigos setores de compras operacionais, encarregados apenas de processar requisições, sendo, pouco a pouco, transformados em grandes departamentos de suprimentos, com importância estratégica e poder de decisão.
Tendo isso em mente, podemos afirmar que, se o projeto necessita comprar bens e serviços de uma empresa terceira, na maior parte das vezes o gerente de projeto não fará isso por conta própria. Ele ou ela deverão estabelecer um plano de aquisições para o projeto devidamente alinhado com as normas, regras e métodos de trabalho estabelecidos pela área de suprimentos da empresa (chamada de aquisição centralizada). Em linguajar de projetos, isso significa levar em conta os chamados ativos de processos organizacionais, que incluiem os processos, regras, diretrizes e procedimentos da organização para realizar o trabalho. Se um projeto é implementado numa organização, nada mais natural que o mesmo seja influenciado pela forma, regras e métodos pelos quais essa organização opera, e o mesmo vale para a área de suprimentos.
Para KEELLING (2008), quando a responsabilidade pelas compras da organização é dividida entre o pessoal do projeto e a área de suprimentos centralizada, o conflito de prioridades pode frustar a liberdade de ação do gerente de projetos e ser altamente prejudicial à eficiência. Nesse ponto, vale mencionar que há vantagens e desvantagens na aquisição centralizada, como veremos no decorrer desse post.     

A importância da Área de Suprimentos
As áreas de suprimentos nas organizações tem assumido um papel cada vez mais estratégico, na medida em que concentram seus esforços em ações de longo prazo que incluem o desenvolvimento de fornecedores e a redução de custos de pacotes de compras, ao invés de somente tratar cada requisição individual de compras de forma isolada (ALTO, PINHEIRO e ALVES, 2009). A figura 1, mostra o envolvimento da área de suprimentos nos diferentes níveis de decisão da organização; a saber: operacional, tático e estratégico.
Figura 1: Envolvimento da Área de Suprimentos nos Níveis de Decisão da Organização (Fonte: BAILY, 2000)
Além disso, destacam-se as atividades voltadas ao estabelecimento e desenvolvimento de relacionamentos com os fornecedores, dentro de uma abordagem pró-ativa do processo de compras visando à melhoria das operações da empresa em todos os níveis. Segundo BAILY (2000), a compra pró-ativa possui grandes diferenças em relação a compra tradicional, principalmente no que se refere à atividades de longo prazo. Algumas destas diferenças entre a compra reativa (paradigma tradicional) e a compra próativa estão descritas na Tabela 1.


Tabela 1: Compra Reativa x Compra Pró-ativa (Fonte: BAILY, 2000)

Vantagens e Desvantagens da Aquisição Centralizada

É fato que as chamadas boas práticas de aquisições aumentam a rentabilidade das empresas, através da obtenção de, por exemplo, descontos por volume contratado, minimização de problemas no fluxo de caixa e seleção de fornecedores de maior qualidade (XAVIER, 2007).
Tabela 2: Vantagens e Desvantagens da Aquisição Centralizada (Fonte: XAVIER, 2007).

Tabela 3: Vantagens e Desvantagens da Aquisição Descentralizada (Fonte: XAVIER, 2007).

 
Nas tabelas 2 e 3 são apresentadas as vantagens e desvantagens da aquisição centralizada e descentralizada.
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Referências Bibliográficas:
ALTO, C. F. M.; PINHEIRO, A. M. e ALVES, P. C. “Técnicas de Compras - Série Cademp”. Rio de Janeiro: FGV, 2009.
 
BAILY, P. FARMER, D., JESSOP, D. “Compras – Princípios e Administração”. 8ª. Edição. São Paulo: Atlas, 2000.
KEELLING, R. “Gestão de projetos: uma abordagem global”. São Paulo: Saraiva, 2008.
XAVIER, C. M. da S., WEIKERSHEIMER, D., LINHARES, J. G.,DINIZ, L. J. “Gerenciamento de Aquisições em Projetos”. Rio de Janeiro: FGV, 2007.
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