Vamos
pensar como se estivéssemos envolvidos em um projeto de escrever um artigo. O
cliente é uma importante revista de administração que se interessou por sua
abordagem relacionada ao ensino do gerenciamento de projetos e lhe encomendou
um artigo sobre esse assunto. Nesse exemplo é você que terá a incumbência de
escrever o artigo. A ideia desse post é aplicar algumas regras básicas sobre como
fazer estimativas de duração para esse exemplo de escrever um artigo.
Nesse
início de conversa, há três regras que valem a pena ser mencionadas e que são
as seguintes:
·
Será
necessário fazer perguntas. Isso não é um desrespeito ao especialista;
·
Será
necessário ser realista;
·
Comece estimando o esforço, que é medido em homem-hora.
Então,
como primeiro passo, a estimativa inicial é que o trabalho de escrever o artigo
consumirá de você 10 dias de esforço (lembre-se que o esforço é igual a
quantidade de recursos multiplicada pela duração). Em outras palavras, o
esforço será igual a 1 recurso (= você), trabalhando por 10 dias, ou seja, 10
homem-dia (=1 homem x 10 dias). Se um dia tem 8 horas úteis de trabalho,
podemos também dizer que esse esforço será igual a 80 homem-hora. Nesse caso a
duração é de 10 dias, ou de 80 horas.
Ficou
parecendo que o esforço e a duração são a mesma coisa. Mas, isso está longe de
ser verdade. Existe uma grande diferença entre esforço e duração. O esforço –
como dito anteriormente – significa a quantidade de trabalho feito por pessoas
(ou recursos). Como estamos contando com apenas um escritor, a duração do
trabalho será de 10 dias (ou 80 horas). Todavia, se o artigo fosse dividido em
duas partes iguais, sendo cada parte correspondente a metade do artigo, e se
tivéssemos a nossa disposição dois escritores perfeitamente capazes de elaborar
seus textos, trabalhando em paralelo, a duração do projeto seria de apenas 5
dias. Dessa forma, sendo composto pelo esforço do primeiro escritor, consumindo
5 homem-dia, e mais o esforço do segundo escritor, consumindo outros 5
homem-dia. Com essa pequena mudança, o esforço total – dos dois escritores –
permaneceu em 10 homem-dia, como definido no primeiro passo, mas a duração foi
reduzida à metade, uma vez que os dois escritores trabalham em paralelo, cada
um fazendo a sua parte.
Mas,
isso não é tudo. Há situações em que um recurso é alocado para uma atividade do
projeto em tempo integral. Assim sendo, todas as 8 horas de um dia de trabalho
são dedicadas ao projeto. Essa é a premissa usada até esse momento.
Há
casos, porém, em que o recurso é alocado somente em tempo parcial. Essa é uma
premissa diferente e que abre outras possibilidades. Aplicando esse princípio
do tempo parcial ao nosso exemplo, vamos supor que o trabalho de escrever o artigo
foi estimado em 10 dias porque ele seria feito junto com outras atividades. O
escritor não trabalharia exclusivamente na produção do texto do artigo. Ele
continuaria fazendo suas atividades do dia a dia, tentando reduzir um pouco uma
ou outra tarefa, sem prejudicá-la, aproveitando o tempo da melhor forma
possível para priorizar a produção do texto e consumir os 10 homem-dia de
esforço (no cenário de apenas 1 escritor). Só que nesse caso, não poderíamos
simplesmente multiplicar os 10 dias pela quantidade de horas de trabalho em um
dia (= 8 horas, do horário comercial). Precisamos saber por quanto tempo o
recurso fica dedicado ao projeto.
Se,
no nosso exemplo, o escritor ficasse alocado apenas por meio período de
trabalho, ou 4 horas, os mesmos 10 dias de trabalho representariam apenas 40
homem-hora de esforço. E a duração, nesse caso, continuaria sendo de 10 dias.
Aqui,
precisamos voltar atrás e compreender o significado exato de uma estimativa,
quando a recebemos. Quando o escritor, lá no primeiro passo, diz que o esforço
para escrever o artigo é de 10 homem-dia, precisamos imediatamente perguntar: -
Por favor, informe quantas horas de trabalho por dia serão gastas? A resposta
pode ser “por tempo integral”, “por 4 horas por dia” ou outra qualquer. Só
assim teremos uma noção exata do significado da estimativa de esforço.
Agora,
vamos incluir mais algumas variáveis, que precisam ser levadas em conta, quando
estamos fazendo estimativas de duração. No nosso exemplo, você teria a
incumbência de escrever o artigo. Você conhece o assunto e está pronto para a
execução. Todavia, acontece uma reviravolta e você precisa agora atuar em outro
projeto, que proporcionará um bom retorno financeiro, mas que o impedirá de
escrever o artigo. O que você pode fazer? Desistir seria uma alternativa, mas
você não gosta dessa ideia. Você não deseja perder essa oportunidade e nem
pensa em adiar. Para um professor, ter um artigo publicado em uma importante
revista é um gol a ser marcado que não deve ser desprezado. Por tudo isso, você
decide convidar um colega para ajudá-lo com o artigo. Você acredita que ele
poderá fazer a tarefa, obviamente como co-autor da obra. Você já tem a
estrutura do artigo pronta e algum tempo para orientar esse colega. Mas, sendo
outra pessoa a fazer o serviço, você teme que leve mais tempo. Por conta disso,
você muda a estimativa de esforço para 12 homem-dia. Você pensa mais um pouco e
lembra que o seu colega é um ótimo profissional e que geralmente está ocupado.
Isso o leva a aumentar a sua estimativa para 15 homem-dia de esforço. Você,
então se convence que deve aumentar a estimativa para 17 homem-dia para incluir
contingências. Finalmente, depois de identificar os riscos de projeto, você
fica convencido que a estimativa de duração mais correta deve ser 20 homem-dia.
Esse é um número bem diferente da estimativa inicial, mas você sabe que usar
estimativas não realistas tornarão seu plano sem sentido.
As
estimativas devem ser feitas da forma mais objetiva possível e devem ser
realistas. As pessoas que fazem as estimativas devem considerar a atividade de
forma isolada e tentar determinar o tempo que essa atividade levará para ser
concluída sem considerar quaisquer influências externas.
Depois
de ter feito a estimativa, existem três outras recomendações que deverão ser
seguidas com o objetivo de manter as estimativas em um bom nível de
racionalidade e coerência.
1)-
Documente suas estimativas. Sempre documente suas estimativas e como você
chegou a elas. Que fatores você considerou para fazer essa estimativa? Que
suposições você fez? Isto tornará mais fácil entender como a estimativa foi
feita, para justificá-la ou para usar esse conhecimento em projetos futuros.
2)-
Refine suas estimativas. Tendo feito suas estimativas iniciais para as
atividades do projeto, é importante que você as reveja e atualize continuamente.
Em um cenário de mudanças que podem afetar suas estimativas, novas informações tornam-se
disponíveis. O gerente de projeto é responsável por refinar e atualizar regularmente
as estimativas, até que as mesmas tornem-se 100% precisas – que é quando a atividade
é concluída!
3)-
Acompanhe as estimativas. Para ajudá-lo a melhorar suas habilidades de fazer estimativas,
sugere-se que você acompanhe as mudanças eventuais de suas estimativas ao longo
do tempo. Será muito importante anotar as causas das mudanças nas estimativas e
as situações que levaram a revisão das mesmas.
Portanto
estimativas devem ser revistos e atualizados em uma base regular, à luz de
qualquer nova informação que tenha surgido.
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