Quanta pressão
existe pra convencer as pessoas que ganhar bem não é bom. Sim, muito estranho.
Existe
uma narrativa sobre o peso dos salários na economia que leva um funcionário a não
se sentir confortável em manifestar sua vontade legítima de melhorar seu
salário. As empresas não querem pagar mais. Para as empresas os salários são
apenas custo.
Mesmo
em um país em que os salários são baixos, ridículos eu afirmo, quando se
detecta algum aumento na massa de salários paga aos trabalhadores já é iniciada
na imprensa (patrocinada pelas grandes empresas) uma campanha de pânico dizendo
que maiores salários vão gerar inflação e aí todos perdem. Ficamos nós trabalhadores
sendo os antipáticos nessa história triste e apontados pela grande imprensa como
cachorros correndo atrás dos rabos.
De
acordo com dados do PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE,
a massa de salários em circulação na economia alcançou o nível recorde de R$
307,226 bilhões no trimestre encerrado em fevereiro de 2024. A renda real do
trabalhador cresceu puxada pela expansão do emprego formal, que tem remuneração
mais elevada que as ocupações informais. Entretanto, essa “remuneração mais
elevada” me parece ainda baixa. Veremos a constatação desse fato nos parágrafos
seguintes.
No
Brasil, a pirâmide salarial é bastante desigual. A
maioria da população está nos estratos inferiores, com salários baixos,
enquanto uma pequena parcela concentra a maior parte da renda do país. Isso significa que a desigualdade social é um problema
sério para o crescimento e alcance da igualdade. Segundo dados do IBGE, a
pirâmide salarial brasileira é caracterizada por uma grande desigualdade de
renda, sendo que boa parte da população sobrevive com no máximo três salários mínimos.
A
renda média real domiciliar per capita da metade mais pobre da população
brasileira é de R$ 537 mensais, constatou
o IBGE em 2022. Ou
seja, cerca de 107,077 milhões de brasileiros sobreviveram com apenas R$17,90
por dia.
Em
2021, o 1% mais ricos concentravam 49,6% da riqueza nacional, constatou o relatório da Riqueza Global, publicado pelo banco Credit Suisse.
Por
outro lado, é importante saber que segundo uma pesquisa da PwC pulicada em 2022
(ver link abaixo), um em cada cinco trabalhadores diz que provavelmente mudará de
emprego nos próximos doze meses na busca de novas oportunidades. A pesquisa da
PwC foi realizada com 52.195 pessoas em 44 países e territórios, incluindo o
Brasil. Cerca de um terço (35%) disseram que planejam pedir aumento de salário.
A
pesquisa aponta – sem sombra de dúvida - que o aumento no salário é o principal
motivador para mudar de emprego (71%). Mesmo assim o relatório da pesquisa dá
importância a aspectos acessórios como, por exemplo, “ter uma posição
gratificante”, “poder ser você mesmo no trabalho” e “poder escolher onde
trabalhar”. Eu até entendo que para
alguém que já ganha um bom salário tais aspectos mereçam destaque e tenham sua
importância relativa. Mas, para o trabalhador médio brasileiro, que não ganha
em dólar ou euro, e precisa se apertar para sobreviver com seu baixo salário, o
dinheiro vem em primeiro lugar.
Segundo
a escritora e jornalista Shalene Gupta, co-autora do livro "The Power of
Trust: How Companies Build It, Lose It, Regain It" (O Poder da Confiança:
Como as Empresas a Constroem, Perdem e Recuperam), a maioria das pessoas
tem medo de pedir aumento de salário. Esse é um tema tratado em um clima de
constrangimento para os empregados.
Segundo
uma pesquisa realizada com 1000 empregados nos EUA, 80% dos entrevistados dizem
sentir que merecem aumento, mas apenas 60% planejam pedir e 58% dizem que têm
medo de fazê-lo. O medo é o maior fator para não pedir: 32% dizem que hesitam
em pedir um aumento porque não sabem como abordar a conversa e 28% porque têm
medo de ouvir um não, enquanto 22% dizem que estão preocupados com a segurança
no emprego.
Os
salários no Brasil são muito baixos como mostra o levantamento do Instituto
Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas.
Em
2023 o salário mínimo teve dois reajustes e, em maio, passou a valer R$ 1.320. O salário mínimo no Brasil é o segundo pior
da America do Sul, ficando à frente apenas da Venezuela.
É
isso aí, até a próxima!
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https://fastcompanybrasil.com/news/salario-e-motivador-mas-profissionais-buscam-proposito-no-trabalho-segundo-pwc/
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