Um artigo de
Tomas Kejzlar de maio de 2017 sobre o que ele chama de “a velha falácia da bala
de prata de novo”. Segue na linha do nem todo mundo pensa do mesmo jeito. Aproveitem!!!
“A abordagem
ágil é ótima se usada de maneira inteligente e apropriada, atendendo a uma
necessidade real do usuário ou do cliente. Infelizmente, algumas aplicações do
“Agile” são simplesmente estúpidas.
Por acaso eu
amo queijo Feta (um tradicional queijo grego). Eu adiciono a muitos alimentos
que eu como - de várias saladas a massas e até ensopados. Mas eu não vou
comprar um sorvete com sabor de queijo Feta porque sei que seria horrível.
Apenas um fanático por feta - ou uma pessoa muito estúpida - faria isso. Tudo
tem seu tempo e lugar.
Como o
“Ágil” está ganhando reconhecimento (e está sendo comercializado e vendido como
uma commodity como o molho picante), há cada vez mais idiotas tentando
aplicá-lo em qualquer lugar - às vezes da maneira mais estúpida e prejudicial. Por
quê?
Provavelmente
porque é legal, e muitas pessoas estão vendendo muito. Então, podemos esperar
ver essa disseminação mais ampla. Talvez nos digam na próxima conferência que
todos nós devemos ter reuniões diárias com os nossos filhos, ou ter uma
retrospectiva depois de passearmos com o cachorro, ou deveríamos planejar nosso
jogo de pôquer enquanto decidimos o sabor de nossas pizzas. Claro que isso é
ridículo. É a velha falácia da “bala de prata" de novo.
Aplicar
"Ágil" de uma forma que é diretamente oposta ao que a agilidade deve
significar, contrasta com o uso para entregar ótimos produtos que tornam o
mundo um lugar melhor para os usuários, para as empresas que fabricam esses
produtos e para as pessoas que os desenvolvem.
Um exemplo
recente: fui convidado para um encontro ágil com foco em "Agile in
HR" (Agile em Recursos Humanos).
Antes de ir para lá, dois pensamentos estavam em minha mente:
1. O Agile HR é um RH inexistente. Por que você precisaria de um departamento
de RH? Não seria melhor transferir todas as funções de "RH"
diretamente para as equipes e deixá-las cuidar de si mesmas? Elas poderiam
assumir a responsabilidade de contratar novos membros da equipe, decidir em que
treinamento investir e como dividir os bônus. Elas estariam fazendo isso em
Buurtzorg (uma empresa holandesa, reconhecida
por seu modelo de autogestão), afinal, e eles relatam que está funcionando
maravilhosamente.
2. Por que você ainda quer ter um RH “ágil”? O RH não deveria ser a função
que representa a estabilidade dentro da organização? Certamente você não quer
que o pessoal de RH faça iterações (em ciclos semanais) sobre coisas como
benefícios ou pagamento (“Nesta iteração,
nós mudamos duas palavras na seção 8 de seus contratos. Por favor, assine e
retorne para nós até o final da semana que vem, caso contrário seu salário para
este mês não será processado”). É um absurdo.
Surpreendentemente,
o encontro acabou por se concentrar em outra coisa: contratar. E
"Ágil" acabou por significar rápido e, por vezes, com falsas
promessas de como as coisas funcionam na empresa. Esta não é apenas uma má idéia
(primeiro: as pessoas logo descobrirão sobre as falsas promessas que você fez,
segundo: mesmo em uma situação difícil e competitiva como a que temos agora,
por que você não usaria todo o tempo disponível para que você e o candidato pudessem
entender um ao outro?), mas também parece levar à contratação de gurus, ninjas e
superstars. Você realmente não quer fazer isso a menos que seu
objetivo seja sabotar a empresa.
Outro
exemplo que encontrei recentemente foi uma agência de marketing “Ágil”. Eles
literalmente arrastavam seus clientes em "reuniões de revisão"
semanais, onde mostravam todas as combinações de fontes do Google para
fazê-los escolher uma – (essencialmente tentando terceirizar o trabalho que eles mesmos deveriam fazer), em
vez de entender as necessidades de seus clientes, apresentar propostas e
colaborar com seus clientes no aperfeiçoamento das mesmas. Mais uma vez, eles usaram
um conceito que funcionava somente para eles (obtendo feedback do cliente antes de
começar a produção em massa, validando suas ideias) de uma maneira errada e
idiota. Nós temos que parar isso antes que esse tipo de atitude dê um nome ruim
ao ágil.
Da próxima
vez que você quiser implementar o “Ágil” ou for confrontado com uma situação em
que ele foi implementado, faça a si mesmo estas perguntas:
• Qual é a real necessidade de usar a agilidade aqui? O que estamos tentando alcançar?
• Se isso falhar, quais seriam os possíveis impactos?
• Estamos usando agilidade para aprender rapidamente novas coisas e
melhorar nossos produtos ou processos? Ou estamos fingindo ser
"ágeis" porque parece legal?
Se você não
conseguir respostas satisfatórias para essas perguntas, não implemente o
"Ágil". Pense mais sobre as maneiras pelas quais a verdadeira
agilidade pode ajudar. Na situação de RH mencionada acima, as principais coisas
seriam permitir que as equipes de entrega se auto-organizassem e melhorassem
quaisquer processos relacionados a RH para tornar as equipes mais auto suficientes quanto possível.
Você tem algum exemplo de “Ágil” sendo usado sem um propósito
válido? Gostaríamos muito de ouvir você! Tenha cuidado onde você adiciona o queijo
Feta macio e desintegrado. Há um lugar e um propósito, e colocar o Feta em um milkshake
de morango faz tanto sentido quanto forçar o Agile no seu departamento de RH”.
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Ágil cético - o lugar onde nós
enfatizamos provas e evidências em vez de histórias e anedotas. Onde
enfatizamos o senso comum e a importância do contexto em vez do dogmatismo. Se
você estiver interessado, também se junte ao nosso canal em skepticalagile.slack.com!
Sobre Tomas Kejzlar: Coach
Ágil | Agente de Mudança | Consultor de Gestão Ágil e Lean | Palestrante |
Escritor | CSP, CSM, CSPO, PSPO, SPS, LeSS CP MSD. Czech Technical University
em Praga (República Checa).
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