De acordo com
matéria do jornal The New York Times de 28 de dezembro de 2017 e publicado no
site www.cnbc.com, apesar dos enormes avanços da tecnologia o que se conclui é
que somos apenas humanos.
A matéria ressalta que em 2017 o
badalado Vale do Silício, na California-EUA, pareceu muito com um bonde sem
freio de escândalos e pecado. Os problemas incluíram relatos sobre assédio
sexual e mau comportamento de executivos do Uber e sobre o Facebook por não manter a sua plataforma a salvo de propagandistas
russos e extremistas globais. Isso sem falar no Twitter e no YouTube que
passaram a maior parte do ano lutando para se purificar de neonazistas,
exploradores infantis e outros seres indesejáveis. Mas, como destaca a matéria
citada, nem tudo foi ruim. Como muitas das maiores empresas do Vale do Silício
estavam causando estragos, inúmeras pessoas e organizações usaram a tecnologia
para avançar em causas importantes e resolver problemas em larga escala. A
matéria destaca que é possível fazer o bem usando a tecnologia e apresenta
alguns esforços
tecnológicos que produziram benefícios sociais reais em 2017.
Ajudando os cegos a ver
Aira
– uma
start-up em San Diego, fornece "interpretadores visuais" através de
um serviço de assinatura sob demanda. Os usuários usam óculos equipados com
câmeras que compartilham o que vêem através de uma conexão sem fio incorporada
com uma pessoa que descreve os arredores ou orienta-os a executar tarefas complicadas
em tempo real.
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Fonte: Aira |
eSight - uma empresa em Toronto, está
construindo tecnologia para pessoas que têm deficiência
visual, mas não perderam completamente a visão. Este ano a empresa lançou o
eSight 3, a última versão do seu fone de ouvido/óculos de assistência visual, que usa
câmeras digitais e algoritmos de processamento de imagem, semelhantes aos
encontrados em alguns sistemas de realidade virtual, para capturar e aprimorar
o que o usuário vê. A imagem aprimorada é exibida em duas telas perto dos olhos
do usuário, melhorando sua capacidade de ver detalhes pequenos ou distantes.
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Fonte: eSight |
Mantendo a água saindo da torneira
As programadoras Tiffani Ashley Bell e Kristy
Tillman descobriram que milhares de residentes de baixa renda da cidade de Detroit
estavam com seus abastecimentos de água cortados por falta de pagamento. Por
isso, decidiram criar o Detroit Water Project, uma plataforma online que casava
doadores voluntários com domicílios de Detroit com contas de água não
pagas. A organização sem fins lucrativos, agora conhecida como Human Utility, se
expandiu para Baltimore. Em 2017, os doadores da organização pagaram mais de US
$ 120.000 em contas de água para cerca de 300 famílias. É uma maneira simples,
mas eficaz, de garantir que as pessoas tenham acesso a uma necessidade humana
básica.
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Fonte: The Human Utility |
Usando a criptografia para o bem
É difícil argumentar que o boom do bitcoin do
final de 2017, que dominou a conversa tecnológica e criou riquezas para um grupo
reduzido, foi benéfico para a sociedade em geral. Mas dois projetos se
destacaram por tentar transformar a mania da criptografia em uma força
positiva.
Bail Bloc – um projeto criado pelo The New
Inquiry, uma revista on-line, é um aplicativo que usa o poder de processamento
de reposição do seu computador para produzir uma “cryptocurrency” chamada
monero, que é semelhante ao bitcoin. O monero gerado pelo software é então
convertido em dólares e doado para o Bronx Freedom Fund, uma organização que
ajuda a pagar taxas de fiança para os nova-iorquinos de baixa renda que foram
acusados de delitos menores, para que possam sair da prisão enquanto esperam julgamento.
No seu primeiro mês, o aplicativo criou e doou mais de US$3.000 em monero.
Pineapple Fund - criou uma forma mais misteriosa
de filantropia usando a criptografia. A organização foi iniciada em dezembro
por um doador anônimo, com o apelido de "Pine" e que afirma estar entre os 250
maiores detentores de bitcoins do mundo. O fundo pretende distribuir $86
milhões de bitcoin e já deu US$ 20 milhões da moeda para 13 organizações,
incluindo doações de milhões de dólares para o Projeto Água, que fornece água
limpa para as pessoas na África subsaariana e para a Electronic Frontier Foundation,
um organismo de controle de direitos digitais. (Essas doações podem ser verificadas
graças ao sistema de livros digitais da Bitcoin, que registra cada
transação em um banco de dados público.) Esse tal de "Pine", seja lá quem seja ele ou ela, parece ter
encontrado uma maneira de converter Bitcoin em algo realmente útil.
Usando IA para ser mais justo durante as contratações
Pymetrics - uma empresa start-up de Nova York,
usa algoritmos de Inteligência Artificial para neutralizar o viés em vez de
perpetuá-lo. Isso faz com que o software ajude as empresas a avaliar os
candidatos de emprego, substituindo métodos defeituosos adotados nas práticas
de recrutamento por uma série de jogos baseados em neurociência que se destinam
a ser não discriminatórios. Os resultados desses jogos são analisados com
algoritmos que comparam as habilidades de um candidato com as de funcionários
existentes. Os resultados do algoritmo são então analisados e ajustados para se
certificar de que eles não estão dando uma vantagem aos candidatos de qualquer
gênero, raça ou formação educacional. É uma maneira de tornar o processo de contratação
mais justo e colocar candidatos de origens não tradicionais em melhores
condições. Grandes corporações, como a Unilever e a Accenture, já estão usando
a Pymetrics para diversificar seus pools de talentos.
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Fonte: Pymetrics |
Ajudando imigrantes a navegar no labirinto legal
A política dura e polêmica da
administração Trump em 2017 tornou a vida mais difícil para muitos imigrantes e
suas famílias. Felizmente, um punhado de start-ups está tentando ajudar.
Visabot - uma empresa de São
Francisco, criou uma ferramenta automatizada para orientar os imigrantes
através do processo de solicitação de extensões e transferências de vistos,
arquivamento de "green cards" e outras tarefas comuns de imigração. A
ferramenta, um chatbot que funciona no Facebook Messenger, ajuda os imigrantes
a coletar os documentos que precisam e sugere melhorias em suas aplicações. A
empresa diz que 100 mil pessoas usaram seus serviços, e recentemente lançou
versões chinesas, hindus e espanholas.
A matéria
termina com um apelo: “Let's have more of these in 2018, and fewer behemoths
behaving badly”, que seria algo como “vamos ter mais disso (bons exemplos) em 2018, e menos
gigantes se comportando mal”. Bem, é
isso ai! Até a próxima.
Fonte: ROOSE, K. The New York Times, 2017. Disponível em