Como
dissemos em artigos anteriores, a facilitação é um processo de, ao mesmo tempo,
aproveitar o conhecimento dos participantes enquanto se gerencia o
comportamento dos mesmos para realizar um conjunto de objetivos predefinidos.
Nunca devemos perder de vista que o gerente de projetos precisa extrair o
melhor de sua equipe. Para isso ele (ou ela) utiliza as reuniões e aproveita
todas as oportunidades de contato com a equipe do projeto. Ser um bom
facilitador, da forma como temos descrito nesses artigos, auxilia o gerente de
projetos na sua posição de exercer influencia para conseguir que a equipe
trabalhe muito bem e alcance os objetivos do projeto.
Um
bom modelo para compreender o processo de facilitação é apresentado por
Pfeiffer (2006).
Nesse
modelo o processo de produção dos indivíduos (grupo ou equipe do projeto) é
apoiado por meio de determinadas técnicas e ferramentas que são aplicadas pelo
facilitador com o propósito de transformar o potencial da equipe ou grupo de
trabalho em resultados efetivos que o projeto deseja e necessita.
A
facilitação será exercida através de técnicas específicas como as que
descreveremos a seguir.
-
Brainstorming: Ou tempestade de ideias, é uma das técnicas
mais usadas nas organizações para incentivar o debate e a criatividade. Há
muito material na Internet sobre esse assunto e se o leitor deseja obter uma
visão rápida e, ao mesmo tempo, muito útil sobre o funcionamento de um brainstorming clique aqui! No artigo do link sugerido o leitor
encontrará a seguinte abordagem: saiba o que é o brainstorming, abrace as
“bobagens”, tenha um tema definido, estabeleça um tempo máximo, conte com um
facilitador, trabalhe num grupo heterogêneo, esteja à vontade, registre tudo
rapidamente, pense duas vezes antes de fazer um encontro online e não discuta
todas as propostas levantadas (é necessário retirar os excessos antes de partir
para a análise).
-
Técnica Nominal de Grupo: Ou TNG, é um processo no qual os indivíduos expressam
sua opinião por meio de votação com o objetivo de chegar a uma solução para
determinado problema. A votação possibilita que a decisão seja tomada por
consenso da maioria. Ao votar os indivíduos expressam sua opinião de forma silenciosa
e independente. O que se espera é que o voto seja dado por cada um, sem a
influencia dos demais. Para mais detalhes sobre a TNG clique aqui.
-
Técnica Delphi: na qual um grupo de especialistas é
consultado para auxiliar na identificação de problemas, riscos ou outras
situações, suposições e premissas a eles associados, e cada um individualmente
apresenta suas estimativas e premissas para um facilitador, que analisa os
dados e emite um relatório de síntese. Na sequencia, os membros do grupo
discutem a analisam o relatório de síntese e individualmente apresentam
novamente suas estimativas e premissas, agora atualizadas e influenciadas pela
opinião dos demais participantes. Este processo continua até que os
participantes cheguem a um consenso. Os especialistas, ao final de cada rodada,
tem conhecimento das previsões dos demais especialistas, mas não nominalmente.
É crucial preservar o anonimato, pois este permite aos especialistas expressar
suas opiniões livremente, incentiva o debate em alto nível e ao mesmo tempo
evita acusações e julgamentos. Da mesma forma, também evita a revisão de previsões
de rodadas anteriores.
-
Focus Grup (Grupo Focal): uma técnica usada para extrair conhecimento de grupos de
stakeholders que se reúnem para avaliar conceitos e identificar problemas.
Ocorrem em um lugar previamente selecionado e são orientadas por um
facilitador. Seu objetivo central é identificar sentimentos, percepções,
atitudes e ideias dos participantes a respeito de determinado assunto. Os
usuários desta técnica a utilizam por crer que a energia gerada pelo grupo cria
uma maior diversidade e profundidade de respostas, ou seja, um esforço
combinado de pessoas que produz mais informações do que simplesmente o
somatório das respostas individuais. Para o facilitador é um desafio
administrar a situação de tal forma que certas pessoas não monopolizem a
discussão, não se sintam intimidadas pelo extrovertimento de outros nem se
mantenham em condição defensiva, conduzindo a reunião para que esta ultrapasse
o nível superficial. O facilitador deve ter consciência de suas habilidades em
dinâmica de grupo e de sua neutralidade em relação aos pontos de vista
apresentados, possibilitando, assim, uma discussão não-tendenciosa. Os grupos
selecionados podem ser homogêneos ou heterogêneos, dependendo daquilo que se
deseja obter. Na maioria das vezes é preferível ter pessoas de um grupo
homogêneo na discussão. Entretanto, se o objetivo é provocar polêmica, um grupo
heterogêneo certamente traz mais resultados.
-
Negociação: É o processo de buscar aceitação de ideias, propósitos ou
interesses visando ao melhor resultado possível, de tal modo que as partes
envolvidas terminem a negociação consciente de que foram ouvidas, tiveram
oportunidade de apresentar toda a sua argumentação e que o produto final seja
maior que a soma das contribuições individuais. Para mais detalhes sobre as técnicas de negociação clique aqui.
-
Resolução de conflitos: Os conflitos podem ocorrer em situações onde não exista
acordo entre partes envolvidas e existam pontos de vista e opiniões diferentes.
Podem surgir por incompatibilidade de vários tipos como, por exemplo, de
opiniões, métodos e objetivos, além de incompatibilidade de valores, ideias,
sentimentos e emoções. A resolução de conflitos inclui formular bem os
problemas ou situações que geraram o conflito, de assegurar que isso foi bem
compreendido pelas partes envolvidas, que um lado possa ouvir o outro lado, que
um lado compreende os motivos e razões do outro lado, que ocorra a busca de
soluções e que a negociação entre as partes envolvidas aconteça para que o
conflito seja resolvido.
-
Resolução de problemas: é uma técnica conhecida como “Problem Solving” que
considera uma sistemática que inclui definir o problema, determinar as causas,
gerar ideias para solução, selecionar a melhor solução e agir para aplicar a
solução. Dentro da resolução de problemas recomenda-se aplicar a técnica
SCAMPER (Substituir, Combinar, Adaptar, Modificar, Propor novos usos, Eliminar
e Rearrumar). Para mais detalhes sobre o SCAMPER clique aqui.
-
Visualização: Usa o fato que a visão é o sentido que domina a percepção do
nosso ambiente, sendo cinco vezes mais relevante do que a audição. Isto explica
por que informações visualizadas costumam ter mais impacto do que informações
apenas faladas (“Uma imagem vale mais que mil palavras”). A visualização deve
ser empregada pelo facilitador durante as reuniões com a equipe do projeto,
sendo útil na apresentação de opiniões, avaliações de recomendações,
discussões, registro de problemas ou tratamento dos problemas em grupo.
A
escolha da técnica a ser usada depende da situação e sobre isso recomendo ler o
artigo “Sobre as Técnicas de Facilitação – Parte 2”.
O
que está sendo considerado aqui é a facilitação como um processo de conduzir
uma equipe na execução de um projeto de uma forma que incentive todos os
membros a participarem. Esta abordagem parte do pressuposto que cada pessoa
possui algo único e valioso para compartilhar. Bem, é isso aí. Até a próxima.
Referencias:
PFEIFFER,
P. Facilitação de Projetos: Conceitos e técnicas para alcançar equipes. Rio de
Janeiro: Brasport, 2006.
GASPARINI,
C. Como fazer uma sessão de brainstorming funcionar. Disponível em http://exame.abril.com.br/carreira/como-fazer-uma-sessao-de-brainstorming-funcionar/. Acesso em 02 ago. 2017.
BRITO, E. P. A. Técnicas de Negociação.
Revista Científica do ITPAC. Volume 4. Número 1. Janeiro/2011. Disponível em
http://www.itpac.br/arquivos/Revista/41/3.pdf. Acesso em 02 ago. 2017.
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