Nenhum
analista de mercado trabalha com cenários estáveis, previsíveis e controláveis.
Surgem novas tecnologias, novos produtos que substituem os antigos, novos
processos, novas ideias e, enfim, novas formas de fazer as coisas. Um mercado
que ano passado era agressivo e grande comprador pode tornar-se, esse ano, mais
tímido, comprando bem menos. Isso não é nenhuma novidade. Por conta disso, as
organizações precisam se manter em movimento, fazendo os ajustes necessários e
as mudanças fundamentais para sua sobrevivência. Sim, essa é, basicamente, a
realidade em que vivemos nos dias de hoje. A questão é que mudar não é assim tão
fácil e requer das organizações flexibilidade e agilidade. Portanto, o
sucesso de uma organização depende de como ela reage a essa necessidade. Se
existe lentidão, a mudança não é feita no tempo certo, e os resultados não são
alcançados.
O
filósofo grego Heráclitus (535ac – 475ac) observou que “não se pode pisar duas
vezes o mesmo rio, já que as águas continuam constantemente rolando”. Portanto,
há quase 2400 anos já se percebia que o universo se encontra em contínua transformação.
Mas, e daí? A questão é que embora o conceito da mudança seja aceito pela
maioria das pessoas, fazer a mudança traz medo e insegurança. Em outras
palavras, podemos afirmar que analisar a mudança dos outros é fácil, mas
encarar e fazer a nossa própria mudança é outra conversa. Resumindo, podemos
dizer que a maior parte das pessoas resiste à mudança mesmo tendo a compreensão
de que ela acontece quer aceitemos ou não!
Um
outro filósofo grego, o mestre Platão (428ac-348ac), nos deixou o seu mito da caverna
que, resumidamente, coloca a seguinte situação:
Imagine que um grupo de pessoas
vive no fundo de uma caverna. Eles e elas estão acorrentados e não podem olhar
para o lado de fora. A única coisa que veem é uma enorme parede de dentro da
caverna. Atrás deles há um muro alto, e por cima desse muro passam criaturas
humanoides erguendo nas mãos diferentes figuras. Como há uma grande fogueira
iluminando a caverna, tudo que as pessoas acorrentadas podem ver são as sombras
dessas figuras refletidas na parede que está a sua frente. Eles estão lá desde
que nasceram e acreditam piamente que aquelas sombras são tudo que existe.
Agora, imagine que um dos
acorrentados consiga se libertar. Logo ele vai perceber de onde vêm aquelas
sombras. Ele consegue escalar o muro, passar pelos humanóides e sair da
caverna. Então ele descobre toda a beleza que jamais conseguira enxergar
direito. Ele que só tinha visto sombras, pela primeira vez consegue distinguir
cores e formas definidas. Ele pode ver os verdadeiros animais, plantas e tudo
mais. Ele poderia simplesmente dar-se por satisfeito, experimentando o gosto da
liberdade e aproveitando sua nova vida. Mas ele se compadece de todos os outros
que ficaram para trás e decide regressar à caverna. Assim que retorna, tenta
convencer os demais que as sombras na parede não passam de projeções malfeitas
das coisas reais. Mas ninguém lhe dá o mínimo crédito. Eles apontam para a
parede da caverna e dizem que o que estão vendo é o que existe, e ponto final.
Por fim, golpeiam-no na cabeça e o matam.
Como
no mito da caverna de Platão, a resistência à mudança aparece sob a forma de
rejeição e hostilidade. Se materializa através de comportamentos defensivos – e
até mesmo agressivos - que se colocam em
oposição à mudança que se deseja implementar. O medo de enfrentar a realidade
do lado de fora da caverna e de mudar foi tão grande que as pessoas acabaram
destruindo quem estava propondo a mudança. O mito da caverna de Platão
exemplifica o caminho percorrido pelo homem para alcançar o conhecimento tendo,
muitas vezes, que enfrentar grandes dificuldades e até mesmo a descrença de
seus próprios semelhantes.
Inúmeros
estudos mostram que as organizações precisam aprender a enfrentar esse fenômeno
de resistência à mudança se quiserem ser bem sucedidas em seus programas de
mudança. Caminhando nessa direção, vários trabalhos têm sido desenvolvidos no
sentido de recomendar técnicas sobre como superar essa resistência. Bem, mas
isso é assunto para outro post!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Inclua seu comentário: