Motivado por eventos importantes, com a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, grandes projetos e investimentos não menos grandiosos são ansiosamente esperados. E a questão da mão de obra, como fica? Será que teremos pessoal qualificado para trabalhar em todos esses projetos?
Na época em que foi anunciada a escolha da cidade do Rio de Janeiro para sediar as Olimpíadas de 2016, estimou-se um gasto de R$25,9 bilhões. Por seu turno, a previsão de gastos para a Copa de 2014 é de R$17 bilhões, conforme publicado no site Folha.com, incluindo transporte e infraestrutura nas cidades e nos 12 estádios que receberão jogos do Mundial. Grande parte desse megainvestimento será direcionado ao setor de construção civil, incluindo, apenas para exemplificar, prédios, estradas, construção de novos estádios e reforma de estádios antigos, como o Maracanã, este com um custo previsto de R$720 milhões. Esse imenso canteiro de obras deverá consumir um significativo volume de insumos, como, por exemplo, vigas de aço, vergalhões, pregos, tijolos,cimento, areia, brita, cal, madeira, tintas, vernizes, telhas, azulejos, pisos, fios, cabos, disjuntores, lâmpadas, interruptores, tomadas, canos, tubulações e conexões hidráulicas. Não se deve esquecer também a enorme quantidade de ferramentas e de máquinas que serão necessárias para implementar todos esses projetos. Muitas obras, uma enorme demanda por insumos, máquinas e ferramentas, tudo isso junto pode ser visto como uma grande onda, na qual a indústria da construção civil terá a oportunidade de surfar.
Por conta desses grandes eventos, é também esperado que o setor de turismo se prepare adequadamente. Conforme matéria publicada no site Estadao.com.br, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou um conjunto de medidas de incentivos ao investimento no setor de turismo, que equivalem a R$1,2 bilhão. O objetivo é modernizar e ampliar a rede hoteleira para capacitar o País com infraestrutura turística adequada para a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos.
Meio que de carona e emergindo das sombras da descrença, a idéia do Trem Bala parece ter sido retomada com vigor. Este projeto prevê a ligação dos estados de São Paulo ao Rio de Janeiro, com sete estações no trajeto, de acordo com o edital lançado pelo governo em 13 de julho de 2010. Para realização do projeto, previsto para começar a operar em 2016, o governo federal vai oferecer um financiamento de R$19 bilhões ao consórcio vencedor por meio do BNDES.
Vindo quase na mesma onda, o setor de telecomunicações também sinaliza com grandes investimentos. As teles fixas e móveis deverão investir R$80 bilhões até 2014, segundo dados da Telebrasil (Associação Brasileira de Telecomunicações). Obviamente, esse investimento não se deve unicamente a Copa e as Olimpíadas. Entretanto, esses grandes eventos certamente contribuíram para aumentar as previsões de demanda dos serviços das operadoras.
Somando todos esses números encontramos o significativo montante de R$143,1 bilhões. Mas, como veremos, isso não é tudo.
ESCASSEZ DE MÂO DE OBRA
Matéria publica na Revista do CREA RJ, de maio/junho 2010, dava conta que "depois de amargar mais de 20 anos de estagnação, em um cenário econômico marcado pela instabilidade e pela falta de investimentos em infraestrutura, o mercado de trabalho está vivendo, nos últimos ano, um verdadeiro boom. O problema é que empresas, sindicatos e universidades afirmam, em uníssono, que não há profissionais suficientes para atender à crescente demanda". Sobre o tema, o diretor-executivo do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio de Janeiro, Sr. Antônio Carlos Mendes, que foi entrevistado para a mencionada matéria, fez a seguinte afirmação: "Temos visto um crescimento constante nos últimos três anos. A crise econômica de 2008 causou um revés nesse processo, mas que foi logo recuperado. As perspectivas, principalmente para o Rio, com a realização da Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas, em 2016, são excelentes. O problema é que não dá para formar engenheiros em menos de cinco anos. Para adquirir experiência, são mais cinco. Então, ainda vamos conviver com este problema por mais algum tempo".
Dentro dessa mesma linha de pensamento, vale mencionar o artigo publicado no jornal Correio Braziliense, em 02/maio/2010, dando conta que os projetos de infraestrutura do país devem movimentar nos próximos anos mais de R$1 trilhão. A matéria afirmava que "as obras da segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) estão a todo vapor e profissionais especializados já fazem falta".
A questão da falta de mão de obra não é encontrada apenas na engenharia, e envereda por muitas outras áreas e setores de nossa dinâmica economia. O jornal Folha de São Paulo publicou, em 20 de agôsto de 2010, um artigo com o seguinte título: "Brasil poderá trazer piloto estrangeiro". O artigo mencionava o projeto 6716/2009, em tramitação no Congresso, que abre o mercado de trabalho para pilotos e comissários estrangeiros, para "evitar um apagão de mão de obra na Copa do Mundo". E mais, a falta de mão de obra qualificada atinge 2/3 dos empregadores no Brasil, segundo pesquisa da consultoria internacional de recursos humanos Manpower, publicada no site Estadao.com.br, em 21 de maio de 2010.
E assim, voltando então à pergunta do início desse artigo: - Será que teremos mão de obra qualificada para trabalhar em todos esses projetos? Se pensarmos em profissionais brasileiros, a resposta é não! A escassez de mão de obra qualificada no Brasil deverá gerar uma importação recorde de profissionais estrangeiros.
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