A transformação digital tem o requisito fundamental da renovação dos
processos de negócio. Os processos antigos, do século passado, baseados em silos
e transações devem ser reinventados, e novos processos devem ser criados para
capitalizar os novos padrões de trabalho gerados pela transformação digital.
Tudo isso representa uma enorme mudança e, nesse sentido, os ERPs (Enterprise
Resource Planning), que podem ser melhor traduzidos por Sistemas Integrados de
Gestão, exercem um importante papel na transformação digital, como
facilitadores dessa mudança.
A empresa alemã SAP, segundo é informado no website da organização, “é
líder do mercado mundial de aplicações de software empresarial e ajuda empresas
de todos os tamanhos e setores do mercado a funcionar melhor – 77% das
transações mundiais são realizadas usando sistemas SAP. Nossas tecnologias de
machine learning, Internet das Coisas (IoT) e análise avançada de dados ajudam
a transformar os negócios de nossos clientes em empresas inteligentes”. Aqui,
o termo “aplicações de software empresarial” deve ser entendido como ERP. Sim,
o bom e velho ERP! Sim, a gigante SAP!
Na sua versão mais atual, o SAP S/4HANA é uma plataforma de tecnologia
de negócios integrada e projetada para administrar os negócios de uma
organização de ponta a ponta, que pode ser uma parte fundamental das
estratégias de transformação digital das empresas. A plataforma SAP S/4HANA é
uma solução para a transformação digital nas organizações devido a sua
capacidade de análise em tempo real, sua estrutura de TI simplificada, além da
maior velocidade e nova experiência do usuário. O que significa que esta
plataforma já utiliza tecnologias disruptivas como machine learning, IoT e
análise avançada de dados. Então, implantar o S/4HANA é mais do que apenas
atualizar um antigo ERP, uma vez que muito mais coisas deverão mudar na
empresa.
Como então lidar com tudo isso? Como ser bem sucedido em um projeto com
tantas mudanças? Para responder a essa pergunta a SAP criou uma estrutura de
trabalho (framework) chamada SAP Activate.
Basicamente, o SAP Activate é um framework usado para migração dos
sistemas legados SAP para o novo sistema SAP S/4HANA, que trabalha com uma
metodologia própria, com elementos específicos, desenvolvida para esta
finalidade.
O SAP S/4HANA é um pacote de software avançado de gerenciamento de
recursos empresariais [outra boa tradução para ERP] em tempo real para negócios
digitais. O termo “em tempo real para negócios digitais” deve ser compreendido
como o novo jeito de trabalhar com seus processos, nas suas operações internas,
na cadeia de suprimentos e no relacionamento com os clientes, que uma empresa
deve ter quando passa pela transformação digital.
O SAP S/4HANA é construído na plataforma avançada SAP HANA, e oferece
uma experiência de usuário personalizada de nível de consumidor. O que é vital
compreender aqui é que o SAP S/4HANA permite que as empresas de todas as linhas
de negócio realizem transações e analisem dados de negócios em tempo real.
Esta plataforma é considerada como sendo o núcleo digital da estratégia
da empresa SAP que permite que os clientes passem pela transformação digital,
incluindo ou estando integrado a várias tecnologias disruptivas como, por
exemplo, Inteligência Artificial, aprendizado de máquina, IoT e análise
avançada de dados. Nesse sentido, ele foi projetado para tornar o ERP mais
moderno, rápido e fácil de usar por meio de um modelo de dados simplificado,
arquitetura enxuta e uma nova experiência do usuário, podendo ser implementado
como um sistema local ou em cenários de nuvem pública, privada ou híbrida.
O S/4HANA possui módulos funcionais organizados
em linhas de negócio (Lines of Business ou LOBs), compostos por funções para
processos de negócios específicos e incluem finanças, vendas, pesquisa e
desenvolvimento, engenharia e logística, sendo que este último abrange os
processos de distribuição, manufatura, cadeia de suprimentos e gerenciamento de
ativos.
O S/4HANA é um sistema complexo que
traz muitas vantagens para seus usuários, sendo construído no banco de dados
HANA, com melhorias na velocidade de processamento, permitindo análises e
transações em tempo real, o que pode ser extremamente importante para
organizações que exigem, por exemplo, relatórios financeiros imediatos. Por
outro lado, verdade seja dita, tem a desvantagem de ser caro, e por isso é mais
adequado para organizações que possuem recursos para implantá-lo de forma
eficaz.
Para quem ainda não ouviu falar da SAP,
procure conhecer sua lista de clientes, composta pelas maiores organizações do
planeta. Isso mostra o tamanho da importância dessa empresa e sua liderança global
no mercado de sistemas integrados de gestão.
A Metodologia SAP
Activate
A metodologia SAP Activate fornece orientação para a implementação do
S/4HANA, tanto como um sistema local como em um cenário em nuvem. É uma metodologia
iterativa, colaborativa e focada na melhoria contínua. A SAP recomenda que as
equipes de projeto sigam essa metodologia, sejam esses projetos novas
implementações, atualizações ou migrações.
A metodologia foi desenvolvida para lidar com projetos locais
(infraestrutura instalada na ou de propriedade da própria empresa), em nuvem ou
híbridos. Além disso, o SAP Activate é uma metodologia que suporta diferentes
variantes de transição como novas implementações, conversões de sistema e transições
seletivas de dados. Uma nova implementação se aplica a empresas que não possuem
SAP em seu cenário ou que possuem algum sistema legado e desejam adotar o
S/4HANA. O cenário de conversão de
sistema se refere a empresas que possuem um ERP SAP antigo e desejam migrar seu
sistema legado para o novo S/4HANA. Já o cenário de transição seletiva de dados
é usado para empresas que possuem vários sistemas ERP de diferentes
fornecedores e desejam migrar alguns desses sistemas para o S/4HANA.
Os componentes principais do SAP Activate são chamados de
SAP Best Practives (Melhores Práticas SAP), Guided Configuration (Configuração
Guiada) e SAP Activate Methodology (Metodoloia SAP Activate). O componente SAP Best Practices é um conjunto
de processos e configurações padronizadas que fornecem uma linha de base para
iniciar a implementação. O conteúdo do
SAP Best Practices descreve o escopo do projeto que pode ser usado pela equipe
do projeto, além de fornecer um conjunto de aceleradores que podem ser
baixados, como uma lista de itens de escopo, uma visão geral de dados mestre e
visões gerais de configurações.
O componente Guided Configuration inclui ferramentas de software relacionadas
aos processos de atualização e alteração nas configurações padronizadas fornecidas
pelo SAP Best Practices que sejam necessárias fazer durante a implantação. Em
outras palavras, a equipe do projeto usa o componente de configuração guiada
para fazer as mudanças e ajustes que o projeto necessita.
Finalmente, o componente SAP Activate Methodology descreve e estabelece
os princípios, práticas, fluxos de trabalho, conteúdo, entregas e
responsabilidades que funcionam juntos como um processo completo para entregar
um projeto. O que implica que os elementos SAP Best Practices e Guided
Configuration são gerenciados sob este componente de metodologia.
A metodologia SAP Activate é composta por seis fases, chamadas Discover,
Prepare, Explore, Realize, Deploy e Run. Cada fase contém um conjunto
específico de atividades e entregas relacionadas responsáveis pelo progresso do
projeto.
Discover: Nesta fase a equipe do projeto deve preparar o business case e
o roteiro de implantação da jornada de transformação digital. Os membros da
equipe trabalham para entender o escopo da biblioteca de conteúdo do SAP Best
Practices e verificar se há itens potenciais que não estejam incluídos no
escopo padrão. A equipe do projeto também começa a procurar parceiros de
implementação para ajudar na jornada de implementação. Esses parceiros são
empresas de consultoria que possuem mão de obra experiente e especializada na
implementação do SAP S/4HANA.
Prepare: Nesta fase, a organização conclui seu plano do projeto em alto
nível e a criação da estratégia de gerenciamento de mudanças. A organização
define as metas do projeto e o escopo de alto nível. A organização então
define, prepara e capacita a equipe do projeto. Uma vez montada a equipe e
definidos os objetivos e o escopo do projeto, o projeto começa oficialmente.
Explore: Durante esta fase, a equipe do projeto valida os processos de
linha de base e a configuração, fornecidos como parte da biblioteca de conteúdo
SAP Best Practices. A equipe identifica quaisquer lacunas e alterações e define
valores de configuração para itens como listas suspensas e critérios de
seleção. A equipe também se prepara para o carregamento de dados e quaisquer
extensões de software. Nesta fase, o SAP Activate utiliza modelos de migração
padrão que estão disponíveis para download, gerando grande economia de tempo.
Além disso, todos os requisitos do
cliente em termos de objetos WRICEF (Work-Reports-Integrations-Conversions-Enhancements-Forms)
adicionais - fluxos de trabalho, relatórios, integrações, conversões,
aprimoramentos e formulários, juntamente com os valores de configuração, são
anotados no documento Backlog, criado através de acordo mútuo entre o equipe de
implantação e cliente. Este Backlog consiste em todos os requisitos específicos
do cliente que precisam estar disponíveis no sistema para que os usuários
empresariais executem suas tarefas diárias. Os consultores da equipe de
implantação então priorizam de acordo com a viabilidade, dificuldade e
importância e planejam os Sprints para a fase Realize, onde o objetivo
principal é executar e concluir cada um dos itens do Backlog. Uma análise do
impacto da mudança é feita para entender como o novo sistema beneficiará o
negócio e as ações para permitir uma transição suave para o novo sistema são
decididas entre as partes interessadas do projeto. Os usuários-chave são
identificados e uma análise das necessidades de aprendizado do usuário final é
feita e um plano de aprendizado é preparado para os usuários-chave que ajudarão
a impulsionar o sucesso do sistema durante a duração do projeto.
Realize: Nesta fase, os consultores da equipe
de implantação começam a configurar o sistema de acordo com o documento Backlog.
Isso acontece em uma abordagem iterativa em que a equipe do projeto trabalha
com base em vários Sprints que foram planejados para executar o projeto,
dividindo os requisitos do Backlog em entregas menores que precisam ser
exibidas ao proprietário do processo de negócios e assinadas como concluídas
assim que correspondam aos critérios de conclusão acordados. Esta é a fase em
que os consultores estão em contato regular com o proprietário do processo de
negócios para mostrar a eles o sistema que está sendo construído por meio de
várias etapas. Nesta fase, vários níveis de teste são
executados para garantir que o sistema seja configurado de acordo com os
requisitos do cliente fornecidos pelos proprietários do processo de negócios. O
teste de migração de dados também é feito para garantir que os dados
preenchidos pelos usuários de negócios estejam no formato correto e prontos
para serem importados para o novo sistema. Uma vez satisfeitas todas as
entregas, é feito um plano de “Cutover” para mover as configurações, objetos
WRICEF e dados mestre e transacionais para o “Production System”, que será o
sistema utilizado pelo negócio em tempo real. Isso significa o fim da fase
Realize.
Deploy: A equipe do projeto conduz toda e
qualquer atividade final de gerenciamento de mudanças. A equipe conclui a
preparação para a transição e executa o plano de suporte pós-go-live. O projeto
então é colocado “no ar” (“The project goes live”).
Run: Esta é a fase pós-projeto e focaliza a
operação contínua, otimização, atualizações e gerenciamento de liberação e
manutenção do software implementado como ambiente produtivo. Esta não é
realmente uma fase genuína do projeto em si, mas existe para garantir que essas
atividades sejam incluídas como parte da implementação. O negócio está ativo com a nova
implementação e quaisquer problemas, erros ou entradas incorretas que possam
ter ocorrido durante os primeiros dias do S/4HANA entrando em operação são
rapidamente corrigidos através do suporte fornecido pela equipe.
Em linhas gerais, cada fase da metodologia SAP
Activate contém uma série de fluxos de trabalho que representam um conjunto de
tarefas, atividades e entregas relacionadas para uma parte específica do
projeto. É importante mencionar ainda que esta metodologia inclui gerenciamento
de projetos, capacitação da equipe do cliente, arquitetura e infraestrutura
técnica, design e configuração de aplicativos, integração, testes,
gerenciamento de dados e operações. Além disso, alguns fluxos de trabalho, como
migração e integração de dados, podem ser executados em várias fases porque as
atividades e as entregas se encaixam logicamente em diferentes fases do ciclo
de vida do projeto.
O metodologia SAP Activate é claramente uma abordagem híbrida, que
divide o projeto em etapas que devem ser planejadas e executadas cuidadosamente.
As etapas Discover e Prepare tem elementos mais tradicionais como, por exemplo,
o business case, a definição de objetivos e do escopo, o plano do projeto de
alto nível e a preparação da equipe. O Scrum aparece claramente nas fases
Realize e Deploy. Além disso, dentro do SAP Activate existem práticas de gerenciamento
de mudanças organizacionais (OCM – Organizational Change Management) que
auxiliam a promover um ambiente com
menos resistência dos funcionários às mudanças e que serão muitas com a
implantação do S/4HANA. Efetivamente, a adesão do usuário final (funcionários
da empresa) resulta em uma adoção mais rápida de novas soluções e processos, o
que também é vital para obter um ROI (“Retorn On Investment” – Retorno sobre o
Investimento) mais rápido. Mais isso será tema de um próximo artigo aqui no
blog. É isso aí, até a próxima!