De onde vem o tal
medo de Matemática? Com base no estudo de vários autores, esse temor vem de
muito longe, talvez ele exista desde o início, quando o ensino da Matemática começou,
da forma como o conhecemos hoje e, apenas para dizer o mínimo, esse medo tem
afetado uma quantidade enorme de estudantes em todas as fases do processo
educacional.
O medo de Matemática
é algo tão real que acabou recebendo um nome especialmente dedicado a esse
fenômeno: matofobia. Segundo PAPERT (1988), a Matofobia “impede muitas pessoas
de aprenderem qualquer coisa que reconheçam como matemática, embora elas não
tenham dificuldade com o conhecimento matemático quando não o percebem como
tal”.
FELICETTI e GIRAFFA (2011)
afirmam que “os estudantes têm a necessidade de praticar Matemática, e não
apenas ficarem na rotina da aprendizagem de regras, procedimentos e
memorizações”. E acrescentam: “O sucesso ou insucesso na disciplina de
Matemática está ligado não só naquilo que é ensinado, mas, principalmente, em
como é ensinado de modo a consolidar os conteúdos matemáticos a cada nível de
aprendizagem, uma vez que esta disciplina se torna mais complexa a cada nível
de ensino”.
A visão do
conhecimento da Matemática como um muro de tijolos funciona muito bem. Nessa
visão, cada tijolo representa um conceito. Os conceitos mais simples, como os
números e as quatro operações, formam a base do muro. Pouco a pouco outros
conceitos, ou tijolos, vão sendo acrescentados e o muro começa a crescer. Se
falta um tijolo, o muro tem uma fraqueza ou, em alguns casos, se faltam muitos
tijolos (ou conceitos), o muro fica impedido de aumentar. Por outro lado, com
os conceitos solidamente fixados, o conhecimento da Matemática tende a se
multiplicar e a se consolidar no estudante. Como resolver o problema da falta
de um ou mais tijolos, em outras palavras, dos conceitos? Voltando atrás e
buscando o conhecimento que está faltando para retomar a construção do muro de
forma sólida. Mas por que ter todo esse trabalho? Porque a Matemática é muito
importante, sendo a linguagem das ciências exatas, dos negócios e do dinheiro.
No campo do
gerenciamento de projetos a matemática se apresenta como uma importante
ferramenta, e há inúmeros exemplos desse fato. Será necessário, por exemplo, trabalhar
com o raciocínio matemático quando temos que preparar o orçamento de um projeto
e depois, com o projeto em andamento, quando é necessário monitorar e controlar
os custos do mesmo. A técnica do EV, ou “Earned Value” (valor agregado), usa
cálculos matemáticos, cujos resultados precisam ser interpretados para indicar
se o projeto está dentro ou fora dos custos planejados. É possível saber também,
através dos cálculos do EV, se o projeto está atrasado, adiantado ou dentro do
prazo previsto. Bem, vamos deixar a parte que trata dos cálculos do EV e sua
interpretação para o próximo post. Por agora, gostaria de desafiá-los a
resolver o problema apresentado na figura abaixo, que levou ao erro a 99,9% dos
que tentaram solucioná-lo. Será que você conseguirá acertar?
Encare a questão como se a mesma fizesse parte
de um processo seletivo para uma vaga que muito lhe interessa em uma boa
empresa. Se você leu a questão, não entendeu, se sente perdido, e gostaria de
enviar uma pergunta do tipo: “o que é pra fazer”, não faça isso. Os indivíduos que
estão perdidos costumam se dar mal nos processos seletivos. Quem pergunta “o
que é pra fazer” o tempo todo, só consegue trabalhar em cargos operacionais,
que pagam menos do que os cargos gerenciais. Você precisa pensar a respeito, usar
a sua massa cinzenta, raciocinar para compreender o que precisa ser feito para
solucionar o problema e vencer o desafio. Mãos a obra e boa sorte!
Referências
bibliográficas:
FELICETTI, V. L. e GIRAFFA, L. M. M. “Intervenientes na
aprendizagem matemática”. XIII CIAEM-IACME, Recife, Brasil, 2011.
PAPERT, S. “Logo: Computadores e Educação”. São Paulo:
Brasiliense, 1988.