A tabela com a linha de tempo que apresentamos nesse artigo pode ser chamada de tudo, menos de aleatória.
Com um pouco de atenção será fácil notar que, de um perspectiva mais abrangente, vamos tratar da Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC), dos eventos que marcaram seu surgimento e desenvolvimento, e como isso impactou o gerenciamento de projetos.
A TIC é muito relevante
por incluir recursos tecnológicos integrados entre si, que proporcionam por
meio das funções de hardware, software e telecomunicações,
a automação, comunicação e facilitação dos processos de negócios, da pesquisa
científica, do ensino e da aprendizagem. A TIC não é importante apenas por ter
criado seu segmento industrial, tão rico e diversificado. É mais importante
ainda por sua capacidade de influenciar todas as outras indústrias.
De uma forma ou de
outra, vamos ver que esses eventos importantes nem sempre foram criados como o
passo natural que viria como resultado do passo anterior. Pode até ter
acontecido, mas as coisas não são tão organizadas assim! São muitas coisas
aparentemente desconexas, mas que em algum ponto passam a interagir fortemente.
Coisas criadas com determinada intenção e propósito e que, com o passar dos
anos, se transformam, se ampliam e nos surpreendem. Seria exatamente isso que
dá toda graça a essa história que estamos prestes a contar.
É importante mencionar
que a maior parte das informações aqui contidas está no Wikipedia e seu acesso
é fácil e livre para todas as pessoas. As fontes de referência utilizadas aqui
são citadas ao longo do texto.
Vamos iniciar pelos idos
de 1900 com o gráfico
de Gantt. Esse gráfico é um diagrama desenhado com barras
horizontais, usado para apresentar o progresso das diferentes etapas de
um projeto.
Nele podem ser
visualizadas as tarefas do projeto, bem como o tempo utilizado para executá-las.
Esse gráfico foi criado pelo engenheiro Henry Gantt para ser uma ferramenta de
controle de produção. Sim, o gráfico de Gantt foi criado para apoiar o controle
da produção e só depois veio a ser adotado no controle dos projetos. O uso do
gráfico de Gantt para desenhar cronogramas de projeto é adotado até os dias de
hoje (Fonte: Wikipedia).
Passamos para a manufatura
enxuta, ou lean manufacturing, muito conhecida no Sistema
Toyota de Produção, desenvolvida por Taiichi Ohno durante o período de
reconstrução do Japão após a Segunda Guerra Mundial. É comum encontrar os
conceitos de Lean associados às abordagens ágeis de gerenciamento de projetos,
mesmo o Lean tendo sido desenvolvido no período do pós guerra. Novamente, temos
aqui algo criado para apoiar a produção e que posteriormente foi usado no
gerenciamento de projetos. O Lean é uma filosofia que focaliza o fazer mais com
menos, com a eliminação de desvios que mostram uma
alocação ineficiente de recursos. Esses desvios são definidos pelas palavras em
japonês, cujo som é muda, mura e muri. Você pode encontrar mais detalhes sobre
a abordagem Lean associado ao Ágil no seguinte link >
http://h12sse.blogspot.com/2020/11/a-filosofia-lean-no-gerenciamento-de.html
(Fonte:
Wikipedia).
Temos
também o Kanban que é
basicamente um sistema de controle do fluxo de produção e transporte usado para
apoiar o sistema de produção puxado que opera no conceito de just-in-time,
dentro do Sistema Toyota de Produção. O sistema é puxado porque cada ciclo do
processo puxa a produção da etapa anterior e isso trabalha para eliminar
estoques. No Kanban temos 3 grupos básicos: (1) To Do (que indica o que temos
para fazer e pode começar a ser trabalhado); (2) In Progress ou On Going (que
indica o que está em progresso e sendo trabalhado) e (3) Done (que mostra o que
foi feito e está pronto). Esses grupos
podem ser subdivididos para incluir mais detalhes e aderência ao tipo de projeto
que está sendo executado. No Kanban há um limite do trabalho em progresso - chamado
de “WIP limit” - que depende da capacidade da equipe para executar o fluxo de
trabalho. Para mais detalhes recomendo consultar o link do website kanbanize que está destacado no texto
desse artigo no blog. Anos depois, o uso do Kanban se popularizou com os
métodos ágeis, havendo indicações de sua aplicação dentro do Scrum. Sobre isso,
vale mencionar o termo Scrumban, cunhado para indicar o Kanban usado com o
Scrum. Para mais detalhes recomendo acessar o link do website agilealliance indicado no blog.
(Fontes: https://kanbanize.com/pt/recursos-kanban/primeiros-passos/o-que-e-wip e https://www.agilealliance.org/what-is-scrumban/
)
Nos anos 1950
foram introduzidos o Program Evaluation and Review Technique ou PERT (Técnica
de Revisão e Avaliação de Programa) e o Critical Path Method ou CPM (Método
do Caminho Crítico). O PERT foi desenvolvido pela empresa Booz Allen e pela
Marinha dos EUA e teve sua origem no projeto Polaris, que contemplava a
construção de um submarino nuclear e de mísseis para a Marinha dos EUA. Nos
anos seguintes foi muito usado pela indústria aeroespacial. Para subdivisão de
unidades de trabalho dentro do PERT foi criada a ferramenta WBS (Work
Breakdown Structured) ou, como é traduzida para o português, EAP (Estrutura
Analítica de Projeto). Por sua vez, o CPM foi desenvolvido por Morgan R.
Walker da empresa DuPont e
por James E. Kelley Jr. da empresa Remington Rand.
Os métodos PERT/CPM são usados até os dias de hoje para a elaboração de
diagramas de rede e cronogramas de projeto (Fonte: Wikipedia).
Chegamos então ao SAGE, construído
pela IBM nos anos 1950, ficando operacional em 1961. O SAGE (Semi-Automatic
Ground Environment ou Ambiente Terrestre Semi-Automático) era um computador
usado pelo sistema de defesa aéreo dos Estados Unidos, projetado para detectar
bombardeiros soviéticos portadores de bombas atômicas e guiar mísseis para
interceptá-los e destruí-los. Era o tempo da Guerra Fria, com muito dinheiro
investido em grandes projetos no setor de defesa.
O peso total do SAGE era superior a
250 toneladas. Ele tinha 60.000 válvulas (aqueles tubos de vácuo), 1.750.000
diodos e 13.000 transistores. O SAGE ocupava uma área de cerca de 2.000 metros
quadrados e permaneceu em operação até 1983, portanto, por mais de 20 anos. Demandava o trabalho de mais de 800
programadores, tendo um custo total estimado em 12 bilhões de dólares (Fonte: https://history-computer.com/ModernComputer/Electronic/SAGE.html#:~:text=The%20U.S.%20military%20SAGE%20Computer,professors%20at%20MIT's%20Lincoln%20Lab
).
1964 foi o ano da fundação da
associação de nome INTERNET
(International Network) na Europa, formada por profissionais que estavam usando
o CPM em seus projetos. Essa associação INTERNET cresceu e mudou de nome –
devido a ter o mesmo nome da grande rede de computadores - até se chamar IPMA
(International Project Management Association ou Associação Internacional para
o Gerenciamento de Projetos) em 1996. O IPMA tem sede em Amsterdan, na Holanda
(Fonte: https://www.ipma.world/about-us/ipma-international/history-of-ipma/
).
O ano de 1969
foi promissor para o gerenciamento de projetos por ser o ano de fundação do PMI - Project Management Institute, e pela primeira
conexão da Internet.
A Internet surgiu
a partir de pesquisas militares no auge da Guerra Fria. A ideia era criar um
sistema descentralizado de informações e se, por exemplo, o Pentágono fosse
atacado, as informações ali armazenadas não seriam perdidas.
Os EUA tinham criado
a ARPA - sigla para Advanced Research Projects Agency (Agência de
Projetos e Pesquisas Avançadas). Por sua vez, a ARPA criou a ARPANET, que era
uma rede de sistemas, basicamente militares e de universidades, interconectados.
A primeira conexão ARPANET foi
estabelecida entre a Universidade da Califórnia em Los Angeles e o
Instituto de Pesquisa de Stanford no dia 29 de outubro de 1969.
A ARPANET, precursora da Internet,
evoluiu rapidamente e foi sendo ajustada e modernizada, com novas abordagens,
tecnologias e novos nomes, conseguindo alcançar em apenas quatro anos cerca de
50 milhões de pessoas. Hoje a Internet está globalmente consolidada. Um estudo
da UIT (União Internacional de Telecomunicações) da conta que em 2019 mais da metade
da população mundial, ou 4,1 bilhões de pessoas, usavam a Internet (Fonte:
Wikipedia).
Em 1970 foi publicado o artigo de Winston. W. Royce, com a primeira descrição
formal do método
Waterfall (que pode ser traduzido por queda
dágua ou cascata). O engraçado é que o autor não usou o termo Waterfall nesse
artigo. Royce apresentou este método como um exemplo de um modelo defeituoso e
não funcional que já era usado e que tinha vários problemas apontados no seu
artigo. Portanto, o artigo era uma crítica de práticas de desenvolvimento de
software comumente utilizadas naquela época.
A metodologia Waterfall é uma abordagem de gerenciamento de projeto
linear, em que os requisitos das partes interessadas e do cliente são reunidos
no início do projeto e, em seguida, um plano de projeto sequencial é criado
para acomodar esses requisitos. O método em cascata é assim chamado porque cada
fase do projeto desdobra-se na próxima, seguindo continuamente para baixo como
uma cascata. O Waterfall é, portanto,
baseado em um plano elaborado no início do projeto, que deve ser seguido e
controlado durante a execução. Todos as metodologias que vieram depois ou mesmo
as recomendações de melhores práticas que se encaixam nessa ideia, têm
inspiração na abordagem Waterfall. Por conta disso, o Waterfall acabou se
transformando em sinônimo de abordagem tradicional (Fonte: http://www-scf.usc.edu/~csci201/lectures/Lecture11/royce1970.pdf
).
1972 foi o ano da
fundação da APM - Association for
Project Management (Associação para o Gerenciamento de Projetos) no Reino Unido
(Fonte: APM. A History of the Association for Project Management 1972-2010.
Association for Project Management, 2010).
Em 1981 houve o
lançamento do computador pessoal IBM PC, com grandes impactos na vida das pessoas e nas empresas (Fonte: Wikipedia).
Em 1983 o PMI
publica o Ethics, Standards, and Accreditation Committee Final Report, um documento que é precursor do guia PMBOK.
Também foi o início da certificação PMP (Fonte: https://edward-designer.com/web/short-history-pmbok-guide-pmi/
).
Por sua vez, em
1984 surgiu a primeira versão da ferramenta de software MS Project (criada por Ron Bredehoeft, ex-IBM). O MS
Project da empresa Microsoft é o software de gerenciamento de projetos mais
usado no planeta. Também foi o início das vendas do computador Macintosh da empresa Apple (Fonte: Wikipedia).
Em 1986 é
publicado na Harvard Business Review (uma revista ligada a Universidade de
Harvard nos EUA), um artigo com a primeira abordagem do Scrum, usada no
desenvolvimeento de novos produtos. Esse
artigo, de Hirotaka Takeuchi e
Ikujiro Nonaka, não
tratava do método ágil Scrum que conhecemos hoje, mas já defendia princípios
como, por exemplo, “ênfase na velocidade e flexibilidade exige uma abordagem
diferente para gerenciar o desenvolvimento de novos produtos”, “dar grande
liberdade para a equipe realizar um projeto de importância estratégica para a
empresa”, “equipes de projeto auto-organizadas”, “uma equipe de projeto composta por membros
com diversas especializações funcionais, processos de pensamento e padrões de
comportamento realiza o desenvolvimento de novos produtos” e “fases de
desenvolvimento sobrepostas”. O artigo se chamou “The New New Product
Development Game”, ou O Novo Novo Jogo do Desenvolvimento de Produto (Fonte: https://hbr.org/1986/01/the-new-new-product-development-game
).
Em 1987 foi concebido
por Dov Dori, professor do Technion – Israel Institute of Technology (Instituto
de Tecnologia de Israel), a metodologia Objective Process para o desenvolvimento de sistemas (Fonte: Wikipedia).
Já em 1989 foi
apresentado o PRINCE (PRoject IN
Controlled Environment, que significa projetos em ambiente controlado),
desenvolvido no Reino Unido (Fonte: Wikipedia).
Nos anos seguintes
veremos o surgimento de diferentes métodos para desenvolvimento de software, com
a busca por formas mais eficientes de trabalhar e por melhorias no
desenvolvimento de software.
1993 foi o ano do
lançamento do Scrum (método ágil de
gerenciamento de projetos de software) através de um artigo de Jeff Sutherland,
John Scumniotales e Jeff McKenna. Esse é o método ágil mais usado pelas
organizações (Fonte: Wikipedia).
Em 1995 foram
lançados o DSDM (Dynamic Systems Development Method - Método de Desenvolvimento de Sistemas
Dinâmicos) e o FDD (Feature Driven Development - Desenvolvimento
Orientado a Recursos), ambos métodos para desenvolvimento de software (Fonte:
Wikipedia).
Finalmente, a primeira
versão do Guia PMBOK é lançada
em 1996. Também é lançado o método PRINCE2 de gerenciamento de projetos, atualizando o PRINCE de 1989. Além disso,
é lançado o XP (Extreme
Programming), também para desenvolvimento de software (Fonte: Wikipedia).
Em 1998 é lançado
o RUP (Rational Unified
Process da IBM) direcionado as equipes de desenvolvimento de software (Fonte: Wikipedia
e Rational Unified Process: Best Practices for Software Development Teams.
Rational Software White Paper TP026B, Rev 11/01).
Em 1999
houve a implementação do 3G
(terceira geração da telefonia móvel) no Japão, e depois em outros
países. No Brasil o 3G foi lançado em 2004. A tecnologia 3G foi fundamental
para a internet móvel, por aprimorar a transmissão de dados e voz, oferecendo
velocidades maiores de conexão, além de outros recursos, como vídeochamadas,
transmissão de sinal de televisão, entre outros serviços. Com a tecnologia
4G (quarta geração da telefonia móvel) houve a massificação do uso da Internet
móvel, com a adoção dos smartphones e do uso generalizado de aplicativos como,
por exemplo, o whatsapp (para comunicação instantânea e compartilhamento de midia)
e o Zoom (para vídeo conferência online). Com o 5G espera-se que as velocidades
de transmissão sejam ainda maiores e a latência (tempo entre a ação de comando
e a efetiva resposta) seja muito pequena, o que irá permitir aplicações como,
por exemplo, a Internet das Coisas (ou IoT de Internet of Things) e os veículos
autônomos.
(Fonte: https://www.tecmundo.com.br/celular/226-o-que-e-3g-.htm).
Por sua vez, 2001 foi o ano do Manifesto Ágil, que
consiste em uma declaração de valores e princípios essenciais para o
desenvolvimento de software. Foi escrito por profissionais que eram praticantes
de métodos de desenvolvimemto de software como o XP, o DSDM, o Scrum e o
FDD, em uma reunião nos EUA. Todos esses métodos foram classificados depois do
“Manifesto” como ágeis. As abordagens e métodos usados pelos participantes
dessa reunião eram diferentes, mas tinham em comum os mesmos fundamentos. Vale
destacar alguns dos princípios declarados no Manifesto Ágil:
·
Garantir a satisfação do cliente entregando rapidamente e
continuamente softwares funcionais;
·
Mudanças de escopo no projeto são bem-vindas para garantir
a vantagem competitiva do cliente;
·
As melhores arquiteturas, requisitos e projetos emergem de
equipes auto-organizadas;
·
Em intervalos regulares, a equipe reflete sobre como tornar-se
mais eficaz, então sintoniza e ajusta seu comportamento de modo apropriado;
·
Cooperação diária entre pessoas que entendem do negócio e os
desenvolvedores;
·
Projetos surgem através de indivíduos motivados, entre os
quais existe relação de confiança;
·
A maneira mais eficiente e efetiva de transmitir
informações é conversar cara a cara;
·
O design do software deve prezar pela excelência técnica;
·
Softwares funcionais são a principal medida de progresso
do projeto.
(Fonte: https://agilemanifesto.org/iso/ptbr/manifesto.html).
Saltando para o ano de 2007, temos o SAFe (Scaled
Agile Framework, ou Estrutura Ágil em Escala), uma estrutura de trabalho
projetada por Dean Leffingwell para expandir o desenvolvimento ágil a nível
corporativo, portanto para facilitar a adoção de práticas ágeis em larga escala. Essa
estrutura ou quadro de sustentação (o tal framework), embasada na filosofia
Lean, permite que, por exemplo, o Scrum e o XP sejam aplicados a grandes
organizações.
A última versão do SAFe, o SAFe 5.0
(válida até a data de postagem desse artigo), é construída em torno de 7
competências centrais da empresa Lean que são críticas para alcançar e
sustentar uma vantagem competitiva em uma era cada vez mais digital. São elas: (1)
Liderança Lean-Agile, (2) Equipe e Agilidade Técnica, (3) Entrega Ágil de Produto, (4) Entrega de
Solução Empresarial, (5) Gestão Enxuta de Portfólio, (6) Agilidade
Organizacional e (7) Cultura de Aprendizagem Contínua. Para mais detalhes
consulte o website do SAFe indicado no blog (Fonte: https://www.scaledagileframework.com/
).
Chegamos ao ano de 2009 com o DAD
(Disciplined Agile Delivery – de Entrega Ágil Disciplinada), desenvolvido por
Scott Ambler na IBM/Rational), uma abordagem híbrida que adota práticas e
estratégias de diversos métodos. A abordagem híbrida segue o argumento que diz
que a riqueza de práticas, técnicas e estratégias é uma das grandes vantagens
do desenvolvimento de software ágil e enxuto. Assim sendo, é possível escolher,
por exemplo, entre o Scrum, o XP, o Kanban, o SAFe, o DevOps, o Lean Software
Development, além de métodos tradicionais de desenvolvimento de software.
De acordo com o website
<objective.com.br> o DAD é uma referência útil, mas as organizações devem
ter, em primeiro lugar, uma compreensão firme dos princípios Lean e Ágeis que
compõem as estruturas do DAD para que as equipes tenham melhores maneiras de
resolver os problemas de seus clientes, entregando cada vez mais valor.
Em 2012 a estrutura de trabalho do
DAD passou para o domínio da organização Disciplined Agile Consortium
(Consórcio Ágil Disciplinado). Em 2019 o DAD foi comprado pela PMI (Project
Managment Institute). A versão do Disciplined Agile 5.x. foi liberada pelo PMI em
maio/2020 no livro chamado “Choose Your WoW” (um Disciplined Agile Delivery
Handbook for Optimizing Your Way of Working - WoW), que é um manual do DAD para
otimizar sua maneira de trabalhar cujos autores são Scott W. Ambler e Mark
Lines.
Além do DAD, em 2009 surgiu o DevOps (termo que surge da contração das palavras “Development” e “Operations”), apresentado na palestra de John Allspaw e Paul Hammond. O DevOps é uma cultura na engenharia de software que aproxima os desenvolvedores de software (a parte do Dev) e os operadores do software / administradores de sistema (a parte do Ops), com característica principal de melhorar a comunicação dos dois papéis dentro de um projeto e defender a automação e monitoramento em todas as fases da construção de software (desde a integração, teste, liberação para implantação, ao gerenciamento de infraestrutura), auxiliam empresas no gerenciamento de lançamento de novas versões, padronizando ambientes em ciclos de desenvolvimento menores, frequência de implantação aumentada, liberações mais seguras, em alinhamento próximo com os objetivos de negócio.
(Fonte: <https://www.objective.com.br/disciplined-agile-delivery/>,
< https://www.voitto.com.br/blog/artigo/disciplined-agile>,
<https://www.pmi.org/disciplined-agile/introduction-to-disciplined-agile>
e <https://azure.microsoft.com/pt-br/overview/what-is-devops/>).
Em 2012 foi apresentada a abordagem dos
Squads, usada na empresa
Spotify à partir do ano anterior, no texto “Scaling Agile @ Spotify with
Tribes, Squads, Chapters & Guilds” (que poderia ser traduzido para Ágil em
Escala @ Spotify com tribos, esquadrões, capítulos e guildas), dos autores
Henrik Kniberg e Anders Ivarsson. Segundo esse texto, um squad é semelhante a
uma equipe Scrum, e é projetado para parecer uma mini-startup. Eles se sentam
juntos e tem todas as habilidades e ferramentas necessárias para projetar,
desenvolver, testar e liberar para produção. Eles são uma equipe
auto-organizada e decidem sua própria maneira de trabalhar - alguns usam
sprints (do Scrum), alguns usam Kanban, alguns usam uma combinação dessas
abordagens. Essa ideia tem sido adotada em muitas empresas pelo mundo e também
aqui no Brasil.
(Fonte:
<http://h12sse.blogspot.com/2020/09/squads-para-implementar-agilidade.html>).
Em 2016 foi apresentada a abordagem
híbrida de gerenciamento de projetos chamada de Agile-Waterfall Hybrid (Ágil-em Cascata Híbrido) para
desenvolvimento de software, no artigo de Chintan Bhavsar. Segundo esse artigo,
o modelo híbrido é o futuro do processo de desenvolvimento de software e grande
parte das empresas já se encontra na fase inicial de análise e adaptação da
metodologia. Segundo seu autor, implementar o gerenciamento de projetos híbrido
permite que as equipes de software trabalhem com uma abordagem ágil de
gerenciamento de projetos, enquanto as equipes de desenvolvimento de hardware e
gerentes de produto podem continuar usando uma abordagem tradicional de
gerenciamento de projetos. Deve haver a integração contínua entre os processos
de desenvolvimento de software em cascata e ágil de cada fase.
(Fonte: <https://digitalcommons.harrisburgu.edu/pmgt_dandt/10/>).
Chegando em 2017 temos o Manifesto do Gerenciamento de
Projetos Híbrido de David R. Robins, publicado no
website binfire.com. Segundo o autor, o Hybrid (Híbrido) não é uma metodologia
nova, mas sim uma fusão de duas metodologias antigas, que tem sido praticado
por gerentes de projeto experientes por muitos anos, com nomes diferentes.
Recentemente, o nome “Hybrid Project Management” (Gerenciamento de Projetos
Híbrido) ganhou aceitação.
(Fonte:
<https://www.binfire.com/hybrid-project-management-manifesto/>
e <https://www.cio.com/article/3222872/hybrid-a-new-project-management-approach.html>).
Vale mencionar o lançamento do PMOtto no ano de
2018, uma ferramenta de software que usa machine learning/inteligência
artificial e funciona como um assistente pessoal digital de gerenciamento
de projetos, sendo capaz tratar uma enorme massa de dados e informações para
aprimorar a tarefa de fazer previsões. O PMOtto pode ser instalado em
smartphones, tablets ou desktops. O usuário pode conversar com o PMOtto, que
ouve, entende e traduz as perguntas em ações concretas na sua ferramenta PPM
(Project Online), que armazenará dados e processos da organização do usuário. O
PMOtto nos faz pensar na vasta gama de possibilidades que a IA abre no campo do
gerenciamento de projetos.
(Fonte: <http://h12sse.blogspot.com/2018/05/pmottoai-um-assistente-pessoal-digital.html>).
E em 2020 destacamos a explosão do teletrabalho com a
pandemia do Covid-19 e do uso de softwares voltados ao trabalho colaborativo e
ao gerenciamento de projetos. Nesse ponto, vale mencionar ferramentas de
software como o Slack, o Asana, o Weekly10, o Monday e o Wrike.
(Fonte: <https://monday.com/lang/pt/product/>,
<https://www.wrike.com/pt-br/>
e <http://h12sse.blogspot.com/2020/07/ferramentas-de-software-de.html:).
O trabalho remoto é
possível e realizável nos nossos dias devido a vários componentes
habilitadores, como os softwares dedicados ao trabalho colaborativo e ao gerenciamento
de projetos, dispositivos como os smartphones e os notebooks, e as tecnologias
de acesso à Internet em banda larga.
Então, revendo o que
discutimos até aqui, quando se fala em gereciamento de projetos, a base é o
Waterfall (lá de antes de 1970), que ficou sendo conhecido como sinônimo de
método tradicional. Depois surgiram os métodos ágeis e, combinando o
conhecimento que estava disponível, vieram também os métodos híbridos. É claro
que vale a máxima de que tudo que aconteceu antes nos preparou para esse
momento.
Faz sentido acreditar
que ter um bom sistema de trabalho ajuda muito a fazer bem esse trabalho. É o
que todos buscaram e ainda buscam quando abraçam uma abordagem ou uma
metodologia de gestão para seus projetos.
Olhando ao nosso redor -
no nosso tempo de agora - é posssível ver muito mais do que apenas uma explosão
do trabalho remoto. Podemos ver empresas passando por projetos de transformação
digital. Isso já começou há algum tempo.
Segundo relatório da
consultoria McKinsey (de 2018-2019), o sucesso da transformação digital de uma
empresa será determinante para sua permanência no mercado brasileiro atualmente
e no futuro. Esse mesmo relatório, que incluiu 124 empresas de grande e
médio porte em diversos setores, estabelece uma pontuação (de 0 à 100)
referente ao grau de maturidade digital das empresas no Brasil (o quanto as
empresas avançaram do ponto de vista de se tornarem digitais através das
dimensões estratégia, capacidades, organização e cultura), mostrando que as
empresas com maior pontuação são: Serviços Financeiros (46), Varejo (45) e
Telecomunicações e Tecnologia (43). Por sua vez, as empresas com menor
pontuação são: Bens de Consumo (37), Transporte e Infraestrutura (35),
Indústria de Base (33) e Indústia Avançada (30).
As empresas que
alcançarem determinado número de pontos – número esse alinhado e próximo a
pontuação de líderes globais - se tornarão as líderes em seus setores e
definirão o “novo normal”. Segundo o mencionado relatório essa pontuação é 66.
A transformação digital
nas organizações usa tecnologias como Inteligência Artificial, Internet das
Coisas, Big Data / Data Analytics, Robôs Autônomos e Realidade Aumentada.
Muitas dessas tecnologias ainda nem foram experimentadas pela maioria das
pessoas, especialmente no Brasil. Há grande expectativa quanto ao lançamento
das redes 5G por ser um habilitador e acelerador do uso dessas novíssimas
tecnologias.
É importante entender
que a transformação digital é muito mais do que apenas um conjunto de mudanças
nas tecnologias. A transformação digital tem como base o uso integrado de
tecnologias digitais para transformar a maneira como a organização trabalha e
agrega valor para seus clientes, tendo grande amplitude, uma vez que alcança e
influencia a estratégia, infraestrutura, a dinâmica produtiva e operacional nas
organizações.
Deve-se levar em conta
ainda que a transformação digital é pautada por mudanças culturais, afetando as
pessoas e os processos, com a adoção e o desenvolvimento de novas competências.
Portanto, a decisão
sobre “como fazer um projeto” será muito importante para o sucesso das
organizações, dentro dessa onda de transformação digital que está acontecendo.
Os analógicos levarão desvantagem e deverão desaparecer em um mundo cada vez
mais digital.
E ai surgem as perguntas: Será que vamos trabalhar com o SAFe, o DAD (será que veremos o DAD dentro da próxima versão do guia PMBOK a ser lançado no início de 2021), com os Squads, o Scrum ou devemos permanecer com algum método tradicional já experimentado por tantas vezes. Em suma, o que é melhor? Vamos buscar a agilidade pura, ser híbridos ou nos manter tradicionais? O que temos são opções para escolher! Cada empresa decidirá o que é melhor para si. Quem sabe amanhã não surge algo novo? As pessoas não param, todos nós, vamos continuar procurando.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Inclua seu comentário: