Lean manufacturing
significa manufatura enxuta. Sim, então é uma coisa antiga, do século passado.
Como o Lean pode fazer parte das filosofias ágeis de gerenciamento de projetos?
É o que veremos nesse post.
A Manufatura Enxuta é uma filosofia criada no Japão do pós Segunda Guerra Mundial, na empresa Toyota, pelo engenheiro Taiichi Ohno e seus colaboradores. Esta filosofia surgiu da necessidade da Toyota de encontrar meios que lhe permitissem competir com as grandes montadoras de automóveis nos Estados Unidos da America.
No livro “The
Machine that Changed the World” (A Máquina que Mudou o Mundo), dos autores
Womack, Jones e Roos, publicado pela primeira vez em 1990, foi criado o termo
“Lean Production” para designar um modelo de produção baseado no objetivo
fundamental do Sistema Toyota de Produção, que é reduzir desvios e maximizar o
fluxo, ou seja, produzir mais e melhor com os recursos disponíveis.
No Sistema Toyota de Produção a filosofia Lean trabalha para eliminar
três fontes principais de desvios, que são resumidos nas palavras em japonês MUDA
(resíduo), MURA (irregularidade) e MURI (sobrecarga).
MUDA - significa
desperdício, inutilidade e futilidade, que seguem o caminho oposto a adição de
valor. Os tipos de desperdício são defeitos, superprodução, espera, talento não
utilizado, além de transporte, estoques, movimentação e processamento em excesso.
MURA – significa
irregularidade, não uniformidade e desnível. O objetivo da produção enxuta é
nivelar a carga de trabalho para que não haja desníveis ou acumulação de
resíduos.
MURI –
significa sobrecarga. Portanto, para atacar o MURI deve-se dimensionar o
processo de produção para distribuir de forma adequada a carga de trabalho e
não sobrecarregar nenhum funcionário, equipamento ou máquina.
Com o passar do tempo, as empresas descobriram que para praticar o
Lean deveriam tornar-se Lean. E então surgiu o termo “Lean Thinking”, uma
maneira de pensar e atuar em uma organização inteira e contém os princípios
fundamentais que devem orientar a aplicação de técnicas e ferramentas Lean.
Além desse, também foi cunhado o termo “Lean Office”, para buscar a aplicação
dessa filosofia nos processos administrativos da organização. Podemos ainda
mencionar a denominação “Lean Healthcare” que é a aplicação da filosofia Lean
na gestão em saúde.
A filosofia
Lean que nasceu na fábrica muito tempo depois começou a ser aplicada também na
gestão de projetos, especialmente nos projetos que adotam abordagens ágeis.
Um resumo do Lean
Uma filosofia de
gestão inspirada nas práticas e resultados do
Sistema Toyota de Produção, caracterizada por uma estrutura de processos em que
se busca minimizar riscos e desperdícios, maximizando o valor para o cliente. O
Lean está na base do Agile e pode ser perfeitamente aplicado em várias áreas de
negócios.
Um resumo do Ágil
Uma filosofia
iterativa com foco no tempo que possibilita
construir um produto de forma incremental, passo a passo, entregando-o em
pedaços menores. O foco principal do Ágil é tornar os processos mais flexíveis
e capazes de se adaptar às mudanças rapidamente. Dessa forma, a entrega de
resultados torna-se mais rápida e é comunicada de forma simples e direta.
Um resumo do Scrum
Um método de
desenvolvimento ágil, incremental e iterativo, que
contém um conjunto de práticas, papéis, eventos, artefatos e regras projetados
para orientar a equipe na execução do projeto. O Scrum é um dos métodos mais
usados no ambiente de TI (Tecnologia da Informação). Assim, por meio de equipes
enxutas, esse método pretende dar mais agilidade na execução dos processos de
TI evitando problemas como conflitos e falta de integração. Além disso, o Scrum
busca criar uma divisão sólida de funções (Product Owner, Scrum Master e Equipe
de Desenvolvimento).
Benefícios do Lean, do Ágil e do Scrum
As organizações que realmente adotarem o Lean e o Ágil estarão aptas
a desfrutar dos seguintes benefícios:
(1) Redução dos custos de
desenvolvimento e manutenção: reduzindo a incidência de erros, identificando
efetivamente os riscos e garantindo maior assertividade, é possível reduzir
significativamente o custo de um projeto ao longo da sua vida;
(2)
Antecipação do retorno do
investimento: o modelo proposto é baseado na entrega frequente de softwares
funcionais, prontos para serem utilizados na produção. Combinado com técnicas
confiáveis de priorização e planejamento é possível extrair valor do software
entregue nas primeiras iterações de desenvolvimento;
(3)
Maior produtividade em relação às
abordagens tradicionais: eliminação de desperdícios, redução da complexidade e
melhoria na qualidade do código, permite um aumento considerável na
produtividade da equipe de desenvolvimento;
(4)
Total controle, visibilidade e
gerenciabilidade do ciclo de desenvolvimento: o processo fornece informações
precisas sobre o andamento dos projetos a qualquer momento, potencializando a
gestão e possibilitando uma melhor tomada de decisões;
(5)
Maior assertividade e aderência:
as mudanças são sempre bem-vindas e o seu projeto está sempre adaptado às
necessidades do seu negócio;
(6)
Menos incerteza: ciclos curtos de
planejamento e entrega, estimativas mais assertivas e uma construção com
integridade em todos os estágios do processo de desenvolvimento tornam possível
aumentar a previsibilidade e diminuir a incerteza no desenvolvimento de
software;
(7)
Melhor qualidade do produto
final: os processos de gestão da qualidade que ocorrem desde as fases iniciais
do design do produto e durante todo o desenvolvimento garantem um produto final
com qualidade superior;
(8)
Melhoria contínua: além de ser um
processo resiliente que se adapta às necessidades dos diferentes tipos de
projetos, o processo proposto é baseado em um ciclo contínuo de melhoria, por
meio de retrospectivas e métodos de inspeção e adaptação aplicados ao longo de
todo o ciclo de vida do projeto.
Vale dizer que para adotar filosofias como o Lean e o Ágil será necessário que as organizações tenham muita determinação estratégica e disciplina. Bem, então é isso aí, até a próxima.
Referências:
James P. Womack, Daniel T. Jones, and Daniel Roos. The Machine That
Changed the World. First edition. Published by Scribner, 1990.
Matt Warcholinski. Lean, Agile and Scrum: A Simple Guide [2020]. Disponível em <https://brainhub.eu/blog/differences-lean-agile-scrum/>
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