segunda-feira, 9 de novembro de 2020

A Filosofia Lean no Gerenciamento de Projetos Ágeis

Lean manufacturing significa manufatura enxuta. Sim, então é uma coisa antiga, do século passado. Como o Lean pode fazer parte das filosofias ágeis de gerenciamento de projetos? É o que veremos nesse post.


A Manufatura Enxuta é uma filosofia criada no Japão do pós Segunda Guerra Mundial, na empresa Toyota, pelo engenheiro Taiichi Ohno e seus colaboradores. Esta filosofia surgiu da necessidade da Toyota de encontrar meios que lhe permitissem competir com as grandes montadoras de automóveis nos Estados Unidos da America.

No livro “The Machine that Changed the World” (A Máquina que Mudou o Mundo), dos autores Womack, Jones e Roos, publicado pela primeira vez em 1990, foi criado o termo “Lean Production” para designar um modelo de produção baseado no objetivo fundamental do Sistema Toyota de Produção, que é reduzir desvios e maximizar o fluxo, ou seja, produzir mais e melhor com os recursos disponíveis.

No Sistema Toyota de Produção a filosofia Lean trabalha para eliminar três fontes principais de desvios, que são resumidos nas palavras em japonês MUDA (resíduo), MURA (irregularidade) e MURI (sobrecarga).

MUDA - significa desperdício, inutilidade e futilidade, que seguem o caminho oposto a adição de valor. Os tipos de desperdício são defeitos, superprodução, espera, talento não utilizado, além de transporte, estoques, movimentação e processamento em excesso.

MURA – significa irregularidade, não uniformidade e desnível. O objetivo da produção enxuta é nivelar a carga de trabalho para que não haja desníveis ou acumulação de resíduos.

MURI – significa sobrecarga. Portanto, para atacar o MURI deve-se dimensionar o processo de produção para distribuir de forma adequada a carga de trabalho e não sobrecarregar nenhum funcionário, equipamento ou máquina.

Com o passar do tempo, as empresas descobriram que para praticar o Lean deveriam tornar-se Lean. E então surgiu o termo “Lean Thinking”, uma maneira de pensar e atuar em uma organização inteira e contém os princípios fundamentais que devem orientar a aplicação de técnicas e ferramentas Lean. Além desse, também foi cunhado o termo “Lean Office”, para buscar a aplicação dessa filosofia nos processos administrativos da organização. Podemos ainda mencionar a denominação “Lean Healthcare” que é a aplicação da filosofia Lean na gestão em saúde.

A filosofia Lean que nasceu na fábrica muito tempo depois começou a ser aplicada também na gestão de projetos, especialmente nos projetos que adotam abordagens ágeis.

Um resumo do Lean

Uma filosofia de gestão inspirada nas práticas e resultados do Sistema Toyota de Produção, caracterizada por uma estrutura de processos em que se busca minimizar riscos e desperdícios, maximizando o valor para o cliente. O Lean está na base do Agile e pode ser perfeitamente aplicado em várias áreas de negócios.

Um resumo do Ágil

Uma filosofia iterativa com foco no tempo que possibilita construir um produto de forma incremental, passo a passo, entregando-o em pedaços menores. O foco principal do Ágil é tornar os processos mais flexíveis e capazes de se adaptar às mudanças rapidamente. Dessa forma, a entrega de resultados torna-se mais rápida e é comunicada de forma simples e direta.

Um resumo do Scrum

Um método de desenvolvimento ágil, incremental e iterativo, que contém um conjunto de práticas, papéis, eventos, artefatos e regras projetados para orientar a equipe na execução do projeto. O Scrum é um dos métodos mais usados no ambiente de TI (Tecnologia da Informação). Assim, por meio de equipes enxutas, esse método pretende dar mais agilidade na execução dos processos de TI evitando problemas como conflitos e falta de integração. Além disso, o Scrum busca criar uma divisão sólida de funções (Product Owner, Scrum Master e Equipe de Desenvolvimento).

Benefícios do Lean, do Ágil e do Scrum

As organizações que realmente adotarem o Lean e o Ágil estarão aptas a desfrutar dos seguintes benefícios:

 

(1)   Redução dos custos de desenvolvimento e manutenção: reduzindo a incidência de erros, identificando efetivamente os riscos e garantindo maior assertividade, é possível reduzir significativamente o custo de um projeto ao longo da sua vida;

(2)     Antecipação do retorno do investimento: o modelo proposto é baseado na entrega frequente de softwares funcionais, prontos para serem utilizados na produção. Combinado com técnicas confiáveis ​​de priorização e planejamento é possível extrair valor do software entregue nas primeiras iterações de desenvolvimento;

(3)     Maior produtividade em relação às abordagens tradicionais: eliminação de desperdícios, redução da complexidade e melhoria na qualidade do código, permite um aumento considerável na produtividade da equipe de desenvolvimento;

(4)     Total controle, visibilidade e gerenciabilidade do ciclo de desenvolvimento: o processo fornece informações precisas sobre o andamento dos projetos a qualquer momento, potencializando a gestão e possibilitando uma melhor tomada de decisões;

(5)     Maior assertividade e aderência: as mudanças são sempre bem-vindas e o seu projeto está sempre adaptado às necessidades do seu negócio;

(6)     Menos incerteza: ciclos curtos de planejamento e entrega, estimativas mais assertivas e uma construção com integridade em todos os estágios do processo de desenvolvimento tornam possível aumentar a previsibilidade e diminuir a incerteza no desenvolvimento de software;

(7)     Melhor qualidade do produto final: os processos de gestão da qualidade que ocorrem desde as fases iniciais do design do produto e durante todo o desenvolvimento garantem um produto final com qualidade superior;

(8)     Melhoria contínua: além de ser um processo resiliente que se adapta às necessidades dos diferentes tipos de projetos, o processo proposto é baseado em um ciclo contínuo de melhoria, por meio de retrospectivas e métodos de inspeção e adaptação aplicados ao longo de todo o ciclo de vida do projeto.

Vale dizer que para adotar filosofias como o Lean e o Ágil será necessário que as organizações tenham muita determinação estratégica e disciplina. Bem, então é isso aí, até a próxima.

Referências:

James P. Womack, Daniel T. Jones, and Daniel Roos. The Machine That Changed the World. First edition. Published by Scribner, 1990.

Matt Warcholinski. Lean, Agile and Scrum: A Simple Guide [2020]. Disponível em <https://brainhub.eu/blog/differences-lean-agile-scrum/> 

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