segunda-feira, 27 de maio de 2013

Provavelmente, não vou contratar você!

Este post traz a tradução de um artigo publicado na edição americana do jornal The New York Times, de 10 de maio de 2013, com o seguinte título: “Sorry, College Grads, I Probably Won't Hire You” (Sinto muito, graduado, provavelmente não vou contratar você). O autor é o Sr. McDonald, presidente da empresa PubMatic, da área de comunicação e marketing interativo. A visão do Sr. McDonald é compartilhada por muitos empresários e serve de alerta para muitos estudantes e profissionais com curso superior.
“Caros graduados:
O próximo mês vai ser emocionante quando vocês atravessarem este grande marco na sua educação. Aproveitem a pompa e circunstância, os parabéns, e as festas. Mas, quando tudo isso acabar e vocês estiverem prontos para sair pelo mundo, vocês provavelmente gostariam de me conhecer e de outros como eu. Sou o seu próximo patrão potencial dos seus sonhos. Dirijo uma empresa bacana que cresce rapidamente na área digital, onde o trabalho é interessante e gratificante. Mas tenho que ser honesto e dar uma má notícia: provavelmente não vou contratá-los.
Isso não é porque eu não tenha vagas que não precisem ser preenchidas. Pelo contrário, estou constantemente à procura de novos colaboradores talentosos, e se alguém com as habilidades certas entrar no meu escritório, ele ou ela provavelmente não sairá de lá sem uma oferta de emprego muito atraente. O problema é que as habilidades certas são muito difíceis de encontrar. E eu sinto muito dizer isso, queridos graduados, mas provavelmente vocês não têm essas habilidades.

Em parte, isso não é culpa sua. Se você cresceu e frequentou uma escola nos Estados Unidos, foi educado em um sistema que tem oito vezes mais times de futebol do que classes avançadas sobre ciência da computação. As coisas são um pouco melhores nas universidades.
De acordo com um relatório recente, na próxima década as faculdades americanas formarão 40.000 graduados com diploma de bacharel em ciência da computação, apesar da economia dos Estados Unidos estar programada para criar 120 mil postos de trabalho que exigem essa formação. Vocês não precisam ser grandes matemáticos para fazer as contas: o número de postos de trabalho é três vezes superior ao número de pessoas qualificadas que teremos para preenchê-los.

É hora de começar a resolver esta crise. Os Estados (= os Governos Estaduais) devem fornecer recursos adicionais para treinar e contratar professores de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, bem como aumentar o acesso para alunos do ensino fundamental e do ensino médio à tecnologia - de hardware e software - mais recente.
As empresas, particularmente aquelas que como a minha dependem fortemente de tecnologia da informação, precisam se juntar a esse esforço, patrocinando programas que ajudem as escolas a treinar melhor seus estudantes para o trabalho em uma indústria exigente. Mas, há mais uma peça do quebra-cabeça que está faltando, e é a única sobre a qual vocês têm mais controle: vocês mesmo. Eu percebo que vocês já estão envolvidos com muitas coisas, e que as pressões para encontrar um emprego remunerado são imensas. Mas prestem atenção a uma coisa, porque seu futuro pode muito bem depender dela: Se você quiser sobreviver nesta economia, você deve aprender o código e falar a linguagem dos computadores. Isso não quer dizer que vocês precisem se tornar programadores geniais, do tipo que invade os computadores da NASA para se divertir. A codificação nesse altíssimo nível é uma habilidade muito particular e rara, que a maioria de nós, inclusive eu mesmo, não possue, assim como nós não possuímos a capacidade atlética para jogar no time de basquete do New York Knicks. O que nós não especialistas possuímos é a capacidade de saber o suficiente sobre como esses sistemas de informação funcionam, que nos permite discutir sobre eles com outras pessoas. Veja este exemplo: Suponha que você está sentado em uma reunião com os clientes, e alguém lhe pergunta quanto tempo irá demorar o desenvolvimento de determinado projeto digital. A menos que você compreenda os fundamentos do que os engenheiros e programadores fazem, a menos que você esteja bastante familiarizado com os princípios e as maquinações da codificação para saber como o back-end do negócio funciona, qualquer resposta que você dê será uma suposição e, portanto, provavelmente estará errada. Mesmo que o seu emprego dos sonhos seja na área de marketing ou vendas, ou outro departamento aparentemente não relacionado à programação, eu não irei contratá-lo, a menos que você possa entender a forma básica como a minha empresa funciona. E eu não estou sozinho.
Se você quer um emprego em mídia, tecnologia ou áreas afins, transforme o aprendizado da linguagem básica de computador no seu objetivo neste verão. Há uma abundância de serviços, alguns gratuitos e outros cursos a preços acessíveis, que irão ajudá-lo a trilhar por esse caminho. Aprenda o suficiente da gramática e da lógica das linguagens de computador para ser capaz de ver o quadro geral. Familiarize-se com as APIs. Se envolva um pouco com a linguagem de programação Python. Para a maioria dos empregadores, isto já seria mais do que suficiente. Uma vez que você tenha uma certa familiaridade com ao menos duas linguagens de programação, comece a enviar currículos.
Então, parabéns mais uma vez em sua realização e boa sorte para conseguir a sua educação para o mundo real”.

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