quarta-feira, 25 de março de 2015

Sobre o “2015 Pulse of Profession”

O “2015 Pulse of Profession” é um estudo do PMI (Project Management Institute), de abrangência global, que investigou como as organizações trabalham com projetos e os resultados que estão conseguindo obter com os mesmos. Nesse ano de 2015, o relatório recebeu o seguinte sub-título: “Capturing de Value of Project Management” ou, em português, “Capturando o Valor do Gerenciamento de Projetos”. De fato, nesse documento de 28 páginas, há muita coisa interessante sobre o gerenciamento de projetos, que vale a pena ser lido com toda a atenção. Aqui nesse post vamos destacar alguns pontos que chamaram a minha atenção.
Figura 1: "Para trabalhar em projetos é preciso saber para onde estamos indo!"
 
Logo na introdução aparece a seguinte afirmação: "De fato, de acordo com o nosso estudo “2015 Pulse of Profession”, os projetos de organizações de alto desempenho alcançam seus objetivos com sucesso, duas e meia vezes mais frequentemente do que aquelas com baixo desempenho. Além disso, as organizações de alto desempenho desperdiçam treze vezes menos dinheiro do que as organizações de baixo desempenho".

Por outro lado, depois de tanto tempo e esforço para a divulgação de práticas e métodos sobre o gerenciamento de projetos, do treinamento de pessoal e do aumento de profissionais certificados na área (PMP, CAPM, outros), o índice de sucesso dos projetos nas organizações manteve-se o mesmo desde 2012 (figura 2). Seria esse um ponto de estagnação? O que fazer para melhorar esse indicador? Acredito que isso ainda será discutido muitas e muitas vezes. O relatório aponta as causas do problema, mas ainda não ficou claro para mim o que deve ser feito para evoluir nesse ponto tão importante.

 Figura 2: Percentual de Projetos que Alcançam seus Objetivos (Fonte: PMI, 2015)

Com relação a chamada “cultura” do gerenciamento de projetos o relatório defende que as empresas façam mudanças que as levem a incorporar o gerenciamento de projetos como forma de aumentar o valor de seus negócios. Isso inclui:

·         Compreensão plena e total do valor do gerenciamento de projetos;

·         “Sponsors” de projetos e programas, em nível executivo, ativamente engajados;

·         Alinhamento dos projetos e programas com as estratégias da organização;

·         Alto nível de maturidade em gerenciamento de portfólio, programas e projetos.

O relatório destacou que a gestão do talento nas organizações é um ponto chave para o sucesso. Especificamente sobre esse tema há um alerta no relatório do PMI: Em média, para todas as empresas pesquisadas, as deficiências com a gestão de talentos dificultam significativamente os esforços de implementação de estratégias em uma organização. Em outras palavras, a gestão de talentos é muito importante, porque sem as pessoas certas em projetos e programas há uma chance muito pequena, ou quase nula, de sucesso.

Com relação ao gerenciamento de riscos os resultados do estudo também são bastante intrigantes. Para as empresas que sempre usam as práticas de gestão de riscos nos projetos foram encontrados os seguintes resultados:

·         73% conseguem alcançar os objetivos dos negócios nos projetos;

·         61% terminam os projetos no prazo;

·         64% conseguem terminar os projetos dentro do orçamento previsto.

Por outro lado, para as empresas que não usam as práticas de gestão de riscos nos projetos foram encontrados os seguintes resultados:

·         60% conseguem alcançar os objetivos dos negócios nos projetos;

·         46% terminam os projetos no prazo;

·         51% conseguem terminar os projetos dentro do orçamento previsto.
 
Esses resultados me fizeram perguntar porque 60% de empresas que não usam as práticas de gestão de riscos ainda conseguem alcançar os objetivos dos negócios nos projetos. Se me perguntassem sobre isso, eu arriscaria dizer que esse número seria bem menor. Algo como 10% ou, no máximo 15%. Mas, nada próximo dos 60% que o relatório apresentou e foram obtidos através de uma pesquisa. O mesmo vale para as 46% de empresas que não usam as práticas de gestão de riscos e mesmo assim conseguem terminar os projetos no prazo. Eu diria, se me perguntassem, que esse número também seria bem menor. O mesmo vale para as 51% de empresas - que não usam as práticas de gestão de riscos - e que conseguem terminar seus projetos dentro do orçamento previsto. Eu não esperava por isso, mas, contra fatos não há argumentos. Embora isso não tenha conseguido mudar minha opinião sobre a importância da gestão dos riscos nos projetos, certamente algo muito importante, me fez pensar sobre o que essas empresas fazem para conseguir concluir seus projetos com sucesso, mesmo sem mover um músculo, sem se dar ao trabalho de fazer alguma coisa, por mais simples que seja, para tratar dos riscos dos seus projetos. Talvez elas gerenciem muito bem outros aspectos, como o escopo, os custos e os prazos, acompanhem de perto o trabalho dos recursos alocados no projeto e outras ações nesse sentido. De qualquer modo, o que essas empresas fazem - aquelas que não usam as práticas de gestão de riscos nos projetos - não ficou muito claro para mim. 
O relatório, em suas conclusões, nos envia algumas importantes mensagens; a saber: O ambiente de negócios, dinâmico e em constante mudança, continua a enfatizar a necessidade por excelência em gerenciamento de projetos, programas e portfólio. Destaca também que a cultura do gerenciamento de projetos, enquanto suporta competências estratégicas, cria vantagem competitiva. Além disso, reforça que a habilidade de uma organização construir e sustentar sua capacidade de crescimento depende de um número de fatores críticos, que inclui ter “sponsors” de projeto em nível executivo, capazes de estabelecer um PMO efetivo e bem alinhado com os objetivos estratégicos da organização, para aplicar práticas padronizadas e consistentes de gerenciamento de projetos. E finalmente, ressalta que as organizações devem reconhecer o valor das pessoas versáteis, com profundo senso estratégico, que defendem o desenvolvimento de conhecimento e a transferência desse conhecimento na organização, como elementos essenciais para a melhoria de desempenho e reforço da competitividade.
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Fonte: PMI (Project Management Institute). "2015 Pulse of Profession". Newtown Square: PMI, 2015.

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