sábado, 21 de março de 2015

Bom humor é bom, apesar de tudo!

Será que é difícil ser uma pessoa bem humorada no mundo corporativo? Para ser sincero, acredito que sim, isso é muito difícil! Afinal de contas, na grande maioria das empresas, o ambiente de trabalho não costuma ser parecido com uma praia no verão, ensolarada e tranquila, um lugar perfeito para uma cerveja gelada, sem cobranças ou preocupações. Ao contrário, quem está no ambiente de trabalho costuma conviver com muita pressão e estresse. E não é só isso! É comum ver discursos cheios de verdades seletivas, que é o que acontece quando se conta uma estória com apenas a parte da verdade que interessa a empresa. Sim, isso significa pisar em ovos, em um caminho cheio de armadilhas capazes de provocar grandes tropeços aos menos avisados. Será preciso ser muito perspicaz para traduzir uma comunicação muitas vezes confusa, outras vezes vazia ou evasiva, cuidadosamente preparada para informar o mínimo necessário, e feita por vozes mais preocupadas com o eco das massas do que com o conteúdo da mensagem em si.

Me deixa explicar isso melhor. De tempos em tempos o problema da energia elétrica surge na mídia como o assunto do momento, com artigos e reportagens mostrando como todos nós, cidadãos preocupados com o bem estar comum, devemos dar a nossa contribuição pessoal para economizar energia e usar essa riqueza de forma consciente. Há alguns anos, na empresa em que eu trabalhava, houve uma campanha de comunicação para economia de energia elétrica muito bem elaborada. Era tão bem feita que fazia cada funcionário se orgulhar de trabalhar em uma organização que demonstrava preocupação com o bem comum. Mas essa comunicação entrou em rota de colisão, na mente desses mesmos funcionários, quando – na mesma época em que rolava essa campanha - toda uma área da empresa foi dissolvida e todos os funcionários dessa área foram demitidos sumariamente, sem que houvesse nenhuma preocupação com o que ia acontecer com eles. Não houve nenhum aviso ou comunicado oficial nas caixas de e-mail ou nos quadros de aviso. Simplesmente, nada. Com a ação de eliminar postos de trabalho a empresa comunicou que era dura e faria o que fosse necessário, quando entendesse que isso era o melhor a fazer do ponto de vista da empresa. Sem piedade, sem preocupação com o bem estar dos outros, só com o seu próprio. Não sejamos inocentes, a maior parte dessas campanhas não passa de puro marketing. A empresa diz: - “Eu sou uma organização que me preocupo com o meio ambiente”. Sim, mas o que ela deseja é a simpatia de seus clientes e o aumento nas vendas por conta disso. É por isso que eu sempre torço o nariz quando vejo empresas fazendo campanhas de abrangência social, sobre coisas que não tem impacto direto e imediato sobre elas. Isso faz parte da comunicação confusa, que mostra uma face quando o assunto está muito distante do chão de fábrica e das mesas do escritório, e outra quando o buraco é mais embaixo e próximo de suas operações. A questão central aqui é que nenhuma empresa pode ser dar ao luxo de ser boazinha e esquecer que precisa obter lucro. Os gestores, em certas ocasiões, terão que tomar medidas duras, não porque são pessoas ruins, mas porque será necessário. De uma forma ou de outra, isso é estressante, com toda a certeza.
Alguém me disse uma vez que se, em um determinado assunto, você pensa de forma diferente do jeito de pensar da empresa, deve guardar a sua opinião diferente para você mesmo. Se você expressar essa opinião terá que justificá-la muito bem. Caso contrário, tem grande chance de levar a fama do sujeito que não está alinhado com a cultura da empresa. O que é péssimo para suas pretensões de crescimento profissional. Puxa vida, mas isso foi só um mal entendido, alguém poderia pensar. Que gente apressada em rotular as pessoas, diria outro leitor. Sim, nas empresas existem fofocas, a famosa “radio peão”, os puxa saco do chefe, os colegas sangue suga, que se aproveitam do trabalho alheio, os oportunistas, os arrogantes e por aí vai! Por tudo isso é difícil manter o bom humor no mundo corporativo. A maioria de nós, pessoas normais com sangue latino correndo nas veias, com qualidades e defeitos, não consegue ficar imune a correria desenfreada das empresas, com conflitos e constantes cobranças por resultados. E aí, o bom humor já era!
É bom que se diga, se bem me lembro nesses mais de 35 anos de experiência profissional, que já convivi com colegas que, mesmo com todos os problemas citados anteriormente, conseguiam manter o bom humor. Com toda a certeza, um grupo de pessoas especiais. Tinham, dentro de si, algo muito importante e desejado: a habilidade de manter a calma e o bom humor nas situações difíceis e nas crises. Um deles me disse uma vez, com certa ironia, que “o pior que pode acontecer comigo aqui na empresa, se tudo der errado, é ser despedido. Mas isso não é pior que a morte”. Sim, esse meu colega usou uma boa dose de humor negro, que poderia ser considerada até de mau gosto, mas que tinha a qualidade de mostrar a real magnitude dos problemas que estávamos enfrentando, com situações que não admitiam erro e, se mal conduzidas, poderiam produzir grandes danos para a empresa. Ele procurava se manter calmo e demonstrava muita confiança. Era bom estar com ele nos momentos difíceis. Afinal, é na tempestade que o capitão do navio demonstra sua capacidade. Nessas horas complicadas ninguém gosta de gente que fica o tempo todo se lamentando e que só mostra a sua incapacidade de agir. Ficar choramingando e de mau humor não resolve nenhum problema.
Descrevi, no início desse post, aspectos negativos que podem ser encontrados em muitas empresas. Mas nem todas as empresas são iguais, e nesse ponto também sou testemunha. Digo isso porque também tive a oportunidade de trabalhar em empresas que, embora não fossem perfeitas, porque empresas perfeitas não existem, sabiam comemorar o alcance de suas metas, com gestores que apoiavam suas equipes ao invés de apenas cobrar, tinham abertura para novas ideias, incentivavam seus colaboradores a buscar o seu melhor e sabiam que cara feia não significa, necessariamente, seriedade no trabalho.

Outro dia li um texto de um desses gurus de recursos humanos – que agora não tenho vontade de dizer o nome - afirmando que "não é bom para os negócios de uma empresa ter empregados mal humorados". Bem, acho que as empresas precisam fazer a sua parte se realmente desejarem que isso aconteça. E, mais uma vez lembrando tudo que foi aqui mencionado, não é uma parte pequena. O bom humor melhora o clima organizacional, une a equipe, reduz o estresse e aumenta a produtividade. Moral da história: - O bom humor é bom, apesar de tudo.

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