segunda-feira, 4 de março de 2013

Um Gargalo em nossos Portos

Por conta dos grandes eventos que ocorrerão no país num futuro próximo, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, estava discutindo com meus alunos sobre projetos envolvendo melhorias na infraestrutura brasileira e as enormes dificuldades que o país enfrenta nessa área. Me lembro que o tema gerou um intenso debate. No dia 21 de fevereiro de 2013, portanto, há pouco tempo, a agência Reuters divulgou que estamos perdendo vendas de soja para os Estados Unidos em função do "congestionamento" nos nossos portos. Fico imaginando o tamanho do prejuízo que isso traz para o país e para todos nós, se pensarmos numa perspectiva mais ampla. Perda de dinheiro com os negócios diretos e indiretos, perda de confiança, perda de imagem, e tantas outras perdas. Longe de buscar soluções milagrosas e com os pés no chão, o que pode ser dito sobre o assunto? Para obter respostas, pedi ajuda a um especialista na área de logística que gentilmente decidiu compartilhar suas impressões sobre esse caso. Este especialista é o professor e consultor Maricê Léo Balducci, professor de cursos de graduação e pós-graduação do Centro Paula Souza – FATEC Americana, que atua nas áreas de Tráfego e Trânsito , Modais de Transportes e Seguros Internacionais , Geografia dos Transportes e Planejamento, bem como, Gestão Estratégica de Negócios. Os tópicos destacados pelo professor Maricê Léo Balducci são os seguintes: • Perfil das nossas exportações - As commodities agrícolas são sazonais e os embarques ficam concentrados em alguns meses do ano. As operações são afetadas pelas chuvas e os sistemas de transporte muito requisitados em pequeno espaço de tempo; • Os armazéns nas áreas portuárias foram dimensionados no século passado, eram proporcionais às embarcações e a velocidade das operações. Atualmente os navios são muito maiores, e por algumas vezes os estoques nas regiões portuárias são insuficientes para atender as embarcações; • A urbanização nas regiões portuárias não permite ampliações nos armazéns e os acessos terrestres disputam as atividades normais da cidade com as dos portos, contribuindo para que a velocidade de recuperação dos estoques disponíveis para os navios seja inferior à demanda. • Atualmente existe alta disponibilidade de embarcações no mundo devido a crise mundial e as encomendas de navios feitas antes de 2008, quando se acreditava que a demanda fosse estável e crescente. No entanto os fluxos dos nossos portos são unidirecionais, não existe carga de retorno para navios graneleiros e de containeres, somos importadores de containeres e exportamos muito pouco nesta modalidade e o inverso acontece com os graneleiros, o que faz com que sempre tenhamos que aproveitar os navios disponíveis ou requisitados para a nossa região. A análise do professor Maricê Léo Balducci identifica as nossas falhas, mas também aponta para um caminho claro e objetivo de melhorias. É necessário desenvolver projetos que modernizem nossos portos tornando-os mais ágeis, ampliando sua capacidade de armazenamento, que melhorem a urbanização nas regiões portuárias, tudo isso para que possamos aproveitar ao máximo os navios disponíveis ou requisitados para a nossa região. Essas seriam, em linhas gerais, as ações que o país precisa tomar no presente para que daqui a 10 anos os problemas acima citados não mais aconteçam.

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