terça-feira, 10 de abril de 2018

O Medo do Diferente


Para tratar o tema do medo do diferente, vamos iniciar com um texto de Thiago Burckhart, publicado em Carta Capital em setembro de 2015. “Porque o ser humano não convive bem com as diferenças? O que ser diferente representa no nosso imaginário? 

Vivemos em um país e um mundo marcado pela diversidade, pelo pluralismo de etnias, povos, identidades, subjetividades e representações. O diverso é algo que compõe a condição humana e está intrinsecamente ligado à ideia de humanidade, que só existe e só é possível na diversidade. A diversidade pode ser entendida a partir de diferentes formas, sendo mais comumente relacionada às noções de variedade, pluralidade e diferença. O diverso, portanto, é o diferente na medida em que ele também é igual a mim, enquanto eu sou o diferente do outro.
A diversidade é um dado, uma constatação da humanidade. O problema central e fundamental da diversidade gira em torno da forma pelo qual lidamos com essa diversidade, ou seja, com o diferente, com o outro. A cultura brasileira, apesar de ter construído historicamente mitos sobre o modo como lidamos com a diferença, é marcada por um sentimento de intolerância em relação ao outro. Não é incomum escutarmos notícias de agressões e mortes que acontecem com as pessoas mais vulneráveis dessa sociedade, o que desconstrói qualquer concepção mitológica sobre o modo como nos relacionamos com a diferença”.
Vamos agora juntar o texto de Adriana Del Ré, publicado no blog família plural (do Estadão) em junho de 2016.

.  Mais um entre tantos outros . . . 
“Gay e negro, o cinegrafista brasileiro Fernando Henrique, de 33 anos, que mora em Paris, foi um dos membros da equipe da Band agredidos, ao lado da correspondente Sonia Blota, na última quinta-feira, 16 (2016). Ele, porque é negro, e ela, porque é mulher. Ele levou um tapa no rosto, e ela, um chute na perna. Ouviram ainda “Fora daqui, negros!”. “Estávamos na Gare du Nord, estação de trem ao norte de Paris. Fazíamos uma reportagem para a TV Bandeirantes sobre o jogo da Alemanha com a Polônia, rivais históricos. Na frente da estação, entrevistamos torcedores dos dois times e passamos por um grupo de torcedores alemães e escutamos algo do tipo: ‘saiam daqui’. Nesse momento, entrevistávamos um homem e então começamos a caminhar no sentido contrário quando o grupo veio em nossa direção. Eles eram por volta de 50 pessoas, três deles começaram a nos hostilizar. Um deles tinha um pedaço de pau”, relata Fernando, em entrevista ao blog. Depois de serem agredidos, eles conseguiram escapar e fizeram boletim de ocorrência na polícia, que, segundo o brasileiro, tratou o caso “como sendo mais um acontecido entre tantos outros”.

.  Medo gerando preconceito . . . 
Refletindo sobre esse fenômeno, a Professora Sueli  Yngaunis já afirmava em agosto de 2012 que o medo das diferenças se assemelha ao medo do desconhecido, das coisas que não posso controlar. Isso gera ansiedade e desconforto. Para me livrar dessa sensação ruim eu reajo mentalmente, tentando expulsar isso de dentro de mim. Isso me leva a não tolerar diferenças que me fazem sentir esse desconforto emocional. As vezes posso manifestar essa intolerância de forma violenta, com palavras ofensivas ou mesmo com agressões físicas. 


“ ... os homens possuem medo daquilo que não conhecem, ficam sem ação diante do desconhecido, e a rejeição se constitui em recurso de defesa mais utilizado pelas pessoas. Um amadurecimento sobre o tema, fruto dos estudos realizados, revela que a discriminação é a incapacidade de estabelecer uma conexão com o diferente, o portador de deficiência é para o homem uma incógnita.  Aceitar o diferente significa incorporar a diversidade humana como um fato inerente à própria realidade. No entanto, o diferente se transforma em ”desvio” quando fere normas e valores predominantes na sociedade”.


Não, não vou explicar mais nada. Para quem vive em nosso planeta há muitas evidências. Diferenças de toda a espécie, políticas, religiosas, de gênero, de sexo e até mesmo físicas, são motivo suficiente para nos trazer medo. Aqui você leitor deve fazer uma reflexão e ver o que acontece a sua volta e perceber as sutilezas do comportamento humano. Algo do tipo: ninguém diz claramente, mas eu posso sentir no ar. Alguns de nós, infelizmente, sentem na própria pele.
Bem, é isso aí. Até a próxima. 
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