Em resposta às incertezas apresentadas pela pandemia do
Covid-19, muitas organizações pediram que seus funcionários trabalhassem
remotamente, no esquema do popular “home office”. Então, tudo aconteceu muito
rápido e quem teve condições de trabalhar remotamente fez isso.
No Brasil, muitos já tinham experimentado trabalhar em
“home office”, na sua maioria por alguns dias no mês, mas não de forma ininterrupta como agora.
Essa nova situação, criada pela primeira vez, deixa muitos funcionários - e
seus gerentes - trabalhando fora do escritório e separados um do outro.
Esse post traz um resumo do artigo das pesquisadoras
Barbara Z. Larson , Susan R. Vroman e
Erin E. Makarius, publicado na Harvard Business Review, cujo título é o
seguinte: “A Guide to Managing Your (Newly) Remote Workers” (Um Guia para
Gerenciar seus (Recentes) Trabalhadores Remotos). Vejamos então
alguns pontos de destaque do mencionado artigo:
Os desafios
comuns do trabalho remoto incluem: falta de supervisão presencial, falta de
acesso ä informação, isolamento social e distrações em casa.
Falta de supervisão presencial – Muitos funcionários necessitam se comunicar e receber
suporte de seus gerentes. Em alguns casos, os funcionários sentem que os
gerentes remotos estão fora do contato com eles e com suas necessidades e,
portanto, não dão apoio nem são úteis na realização do trabalho.
Falta de acesso à informação – Os trabalhadores remotos costumam ser surpreendidos
pelo tempo e esforço adicionais necessários para localizar e/ou obter
informações dos colegas de trabalho. Mesmo o ato de obter respostas para
perguntas que parecem simples, pode significar um grande obstáculo para alguém
que trabalha de casa.
Isolamento social – A solidão é uma das queixas mais comuns sobre trabalho
remoto, com funcionários perdendo a interação social informal de um ambiente de
escritório. Além disso, o isolamento pode fazer com que um colaborador se sinta
menos "pertencente" à organização e até resultar na intenção de
deixar a empresa.
Distrações em casa - No caso de uma transição repentina para o trabalho
virtual, como a que está ocorrendo agora com a pandemia do Covid-19, há uma
chance muito maior dos funcionários serem obrigados a utilizar espaços de trabalho abaixo do
ideal e (no caso de fechamentos de escolas e creches) enfrentar responsabilidades
inesperadas relacionadas ao fato de serem pais que precisam cuidar dos filhos. Mesmo em circunstâncias normais, as demandas familiares e
domésticas podem afetar o trabalho remoto. Por conta disso, os gerentes devem
esperar que essas distrações sejam maiores durante essa transição não planejada
do trabalho em casa.
Por mais que o
trabalho remoto possa ser repleto de desafios, também existem coisas
relativamente rápidas e baratas que os gerentes podem fazer para facilitar a
transição.
As ações que podem ser executadas incluem:
Estabelecer verificações estruturadas
diárias: Isso pode assumir a forma de
uma série de chamadas individuais. A
característica importante é que as chamadas são regulares e previsíveis e são
um fórum no qual os funcionários sabem que podem consultar o gerente e que suas
preocupações e perguntas serão ouvidas.
Fornecer várias opções diferentes de
tecnologia de comunicação: Somente o
email é insuficiente. Os trabalhadores remotos se beneficiam de ter a sua disposição uma
tecnologia “mais rica”, como videoconferência, que fornece aos participantes
muitas das impressões/dicas visuais que eles teriam se estivessem cara a cara.
Estabelecer "regras de
engajamento": O trabalho
remoto se torna mais eficiente e satisfatório quando os gerentes estabelecem
expectativas para a frequência, os meios e o horário ideal de comunicação para
suas equipes. Por exemplo, "usamos videoconferência para reuniões diárias
de verficação, mas usamos mensagens instantâneas quando algo é urgente".
Além disso, sempre que possível, informar aos funcionários sobre a melhor
maneira e o horário para contato durante a jornada de trabalho (por exemplo,
“Eu costumo estar mais disponível no final do dia para conversas por telefone
ou vídeo, mas se houver uma emergência mais cedo, envie-me uma mensagem de texto”).
Finalmente, deve-se ficar atento a comunicação entre os membros da equipe (na
medida apropriada), para garantir que eles estejam compartilhando informações
conforme necessário.
Oferecer oportunidades para interação
social remota: Uma das decisões
mais essenciais que um gerente pode tomar é estruturar maneiras que permitam a
interação dos funcionários socialmente (ou seja, ter conversas informais sobre
tópicos não relacionados ao trabalho) enquanto trabalham remotamente. Isso é
verdade para todos os trabalhadores remotos, mas principalmente para os
trabalhadores que foram abruptamente transferidos para fora do escritório. Tendo
isso em mente, recebem especial atenção os chamados eventos virtuais. Por
exemplo, as “virtual pizza parties” (festas
virtuais de pizza - nas quais uma pizza é entregue a cada membro da equipe no
momento de uma videoconferência) e as “virtual office parties” (festas virtuais de escritório - nas quais um
presente / uma lembrancinha / um mimo / um pedaço de bolo ou de torta / ou outro
item da festa, conhecidos como “care packages”, podem ser enviados com
antecedência para serem abertos e desfrutados simultaneamente, durante a festa),
são oportunidades típicas de interação social remota. Os gerentes com
experiência em trabalhar com colaboradores remotos (e os próprios
colaboradores) relatam que eventos virtuais ajudam a reduzir o sentimento de
isolamento, promovendo um sentimento de pertencimento.
Oferecer
incentivo e apoio emocional: Essa parte é
muito difícil. Especialmente no contexto
de uma mudança abrupta para o trabalho remoto, é importante que os gerentes
reconheçam o estresse, ouçam as ansiedades e preocupações dos funcionários e
tenham empatia por suas lutas. Um funcionário recém incorporado ao trabalho remoto
pode estar claramente lutando com problemas e dificuldades, mas por alguma
razão não está comunicando esse estresse ou ansiedade. Cabe ao gerente
perguntar! Mesmo uma pergunta geral - como, por exemplo, "como esta
situação de trabalho remoto está funcionando para você até agora?" - pode ser
útil para a obtenção de informações importantes que o gerente talvez não obtivesse
caso não perguntasse. Depois de fazer a pergunta, o gerente não deve deixar de
ouvir atentamente a resposta e então repeti-la brevemente para o funcionário,
para garantir ao funcionário que o (a) gerente entendeu tudo corretamente. O
gerente deve deixar que o estresse e as preocupações do funcionário (e não o
estresse e as preocupações do gerente) estejam no foco desta conversa.
Pesquisas sobre inteligência emocional e contágio
emocional nos dizem que os funcionários buscam dicas de como reagir a mudanças
repentinas ou situações de crise. Se um gerente comunicar estresse e desamparo,
isso irá "respingar" (essa comunicação do gerente é
rapidamente disseminada por propaganda boca a boca ou por marketing viral) nos
funcionários. Os líderes eficazes adotam uma abordagem dupla, reconhecendo o
estresse e a ansiedade que os funcionários podem estar sentindo em
circunstâncias difíceis, mas também fornecendo afirmação de sua confiança em
suas equipes, usando frases como "nós entendemos" ou "isto é
difícil, mas sei que podemos lidar com isso "ou" vamos procurar
maneiras de usar nossos pontos fortes durante esse período ". Com esse
suporte, é mais provável que os funcionários assumam o desafio com um senso de
propósito e foco.
Acesse o artigo >> A Guide to Managing Your (Newly) Remote Workers
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