sábado, 24 de novembro de 2012

A Geração Y e os Chefes Controladores: Quem ganha essa disputa?

Muito tem se falado sobre a geração Y e na dificuldade das empresas em atrair e manter os jovens talentos dessa geração, tão ansiosos por desenvolvimento profissional e rápida ascensão na carreira. Dizem os especialistas em Recursos Humanos que uma das características dos jovens dessa geração é não ver o salário como o item mais importante em uma vaga e preferir ambientes mais flexíveis do ponto de vista hierárquico. Eles e elas desejam muito subir no organograma das empresas e, se não conseguem isso logo, não se fazem de rogados e saem em campo na busca de trabalho em outros lugares. Esses jovens Y – “arrogantes e volúveis”, diriam os representantes da geração passada, que desejam estar em posições de comando e decisão muito rapidamente - preferem gestores que deem constante feedback, sejam abertos, consigam transmitir os objetivos da empresa e, ao mesmo tempo, propiciem um ambiente profissional satisfatório. Sim, mas e eu com isso? Diria um tradicional gerente controlador. Embora saibamos que existam muitos outros perfis de liderança, um chefe controlador não é um personagem raro nas empresas, muito pelo contrário. Afinal, as empresas adoram controlar tudo que fazem, e nada melhor do que um chefe controlador para exercer a função de controlar. Existem rotinas, processos, metas, objetivos, indicadores de desempenho e muitas outras práticas pré-estabelecidas, escritas ou não, que a empresa que paga o salário espera que sejam seguidas por seus empregados. Os chefes – eles e elas, em ambos os gêneros, para não deixar nenhuma dúvida - precisam controlar o trabalho, tanto do ponto de vista do uso eficiente dos recursos, quanto dos resultados alcançados. Eles e elas são, em última análise, os responsáveis por fazer acontecer, enfim, pelos resultados. Um chefe controlador é, na sua essência, uma pessoa controladora. Portanto, alguém difícil de lidar para um jovem da geração Y. Um indivíduo que estabece limites, define o que deve ser feito, como deve ser feito e cobra que tudo seja feito como ele ou ela definiram, é alguém que tira a liberdade de ação de outros. Os chefes controladores costumam tentar impor suas vontades aos seus subordinados e esse comportamento, se exagerado, pode sufocar a equipe e deixar a todos com uma sensação de peso nas costas. O colaborador – e aqui me refiro a todos e não somente aos jovens Y - acorda pela manhã com aquela pergunta incômoda na garganta: - Será que eu tenho mesmo que ir trabalhar? Durante o dia, naquele ambiente pesado, o tempo demora a passar e tudo parece mais difícil do que realmente é! As pessoas controladoras acreditam que as coisas funcionam bem graças ao empenho que têm em se concentrar o tempo todo nelas. Sabem que gastam enorme energia nesse esforço, mas acham que seu sacrifício é responsável pela boa ordem a sua volta. Outros, vão mais além e acreditam que diante de qualquer suspeita de que algo escapou do controle, as pessoas controladoras entrariam imediatamente em pânico. Mas, de minha parte, não irei tão longe assim. Como água e vinho, chefes controladores não combinam com jovens profissionais da geração Y. Mas, quem estaria ganhando essa disputa? Certamente, não são as empresas que precisam atrair e reter os jovens talentosos, considerando que há uma demanda crescente por mão de obra qualificada e escassez desses recursos. Também não acredito que os jovens Y estejam em vantagem nessa disputa. Esses jovens desejam empresas com tradição na gestão de recursos humanos e que invistam no desenvolvimento de seus colaboradores. Em resumo, os jovens Y sonham com as melhores empresas.
Realmente, trabalhar numa empresa de primeira linha é um sonho para a maioria dos jovens. Segundo o portal do Empreendedor as pequenas e médias empresas são responsáveis por 60% dos empregos no Brasil. Portanto, não há empregos bons para todos. Outro dado, do ano de 2012, que é alarmante, vem do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), e dá conta que 33,4% dos jovens entre 18 e 24 anos estavam desempregados no primeiro trimestre de 2012. Esses jovens esperam em média mais de quinze meses para conseguir uma vaga de trabalho, segundo projeção da Fundação Perseu Abramo. Segundo Carlos Buzetto, doutor em administração e professor da Fundação Getúlio Vargas, hoje já há um entendimento praticamente comum que existe essa geração e quais suas principais peculiaridades. Mas para ele o que parece não ser consensual é a forma de lidar com ela. “Uns insistem que o jovem dessa geração deve se adequar integralmente ao modo de ser da empresa, enquanto outros consideram que o modelo de gestão é que deve sofrer alguma alteração”, explica. Sim, mas e eu com isso? Diria um tradicional gerente controlador. Fonte: Este post foi elaborado à partir do artigo de Carina Bentlin – Jovem e o mercado de trabalho. Revista Destaque Empresarial, ano XIII, no. 37, 2012

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